✵𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐕𝐈

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"𝐁𝐚𝐝 𝐛𝐨𝐲, 𝐁𝐚𝐝 𝐠𝐢𝐫𝐥"
𝐽𝑜𝑛𝑎𝑡ℎ𝑎𝑛 𝐵𝑦𝑒𝑟𝑠, 𝐶𝑎𝑙𝑖𝑓𝑜́𝑟𝑛𝑖𝑎; 1987

𝐔𝐌 𝐇𝐎𝐌𝐄𝐌 𝐀𝐋𝐓𝐎 𝐀𝐃𝐄𝐍𝐓𝐑𝐀 a sala.

— Conseguimos um mandato. – Ele diz.

Franzo o cenho, mandato para o que?

— Ótimo, inicie a busca. – Policial Black diz, sua voz forte e autoritária só me dá ainda mais vontade de socar a cara dele.

Eu o encaro, vendo-o andar até a porta calmamente.
Ele se vira para mim, olha em meus olhos, profundamente, e diz:

— Vamos procurar em todo canto, podemos até mesmo destruir sua casa, pedra por pedra; se eu encontrar alguma arma, você e sua noiva... – Ele sorri amargamente – ...vão apodrecer em uma cela, nunca sequer vão ver o nascer do sol outra vez.

Eu o olho friamente, de cima a baixo.
Não matei meu irmão.
Nancy também não, não tem como ela ter feito algo assim.
Charles Reg. Black está tão desesperado para solucionar esse caso quanto eu. Ele está louco, tão louco a ponto de cometer o maior erro de sua vida, investigar as famílias, Byers e Wheeler.

"Quem não deve, não teme", eu sei, o problema é que também sei justamente o que irão encontrar nas coisas de Nancy: armas, muitas armas.
Estamos ferrados!

— 𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜𝐞̂ 𝐧𝐚̃𝐨 𝐨 𝐦𝐚𝐭𝐚? – A voz inumana soa fraca, como um sussurro em meu ouvido; eu me viro, mas não há nada, novamente, não há nada – 𝐀𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥, 𝐞́ 𝐢𝐬𝐬𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐨𝐬 𝐁𝐲𝐞𝐫𝐬 𝐟𝐚𝐳𝐞𝐦 𝐝𝐞 𝐦𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫, 𝐧𝐚̃𝐨 𝐞́?

Franzo o cenho, isso só pode ser uma piada, do que uma voz que só eu escuto pode saber? Com certeza não mais do que eu.

— O que? – Eu indago.

— 𝐕𝐨𝐜𝐞̂ 𝐬𝐚𝐛𝐞, 𝐦𝐚𝐭𝐚𝐫 𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐭𝐫𝐮𝐢𝐫 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐨𝐜𝐚𝐦, 𝐢𝐬𝐬𝐨 𝐞́ 𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐚 𝐢𝐧𝐟𝐞𝐥𝐢𝐳 𝐟𝐚𝐦𝐢́𝐥𝐢𝐚 𝐁𝐲𝐞𝐫𝐬 𝐬𝐚𝐛𝐞 𝐟𝐚𝐳𝐞𝐫 𝐝𝐞 𝐦𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫. – A voz soa em um tom de deboche e completa desaprovação.

Olho para o homem atravéz da janela de vidro escuro, a cor é forte, mas ainda consigo ver por detrás dela.
O homem parece indefeso, mas eu não sou um assassino. Eu não sou a droga do vilão, eu sou o mocinho; eu não mato, eu protejo.

— 𝐕𝐨𝐜𝐞̂ 𝐧𝐚̃𝐨 𝐩𝐫𝐞𝐜𝐢𝐬𝐚 𝐦𝐚𝐭𝐚𝐫, 𝐉𝐨𝐧𝐚𝐭𝐡𝐚𝐧. – Ela diz, tenho a forte sensação de que é ela, por mais que não tenha certeza – 𝐀 𝐜𝐚𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚... 𝐛𝐚𝐭𝐚 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐜𝐚𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐧𝐨 𝐯𝐢𝐝𝐫𝐨, 𝐭𝐚𝐥𝐯𝐞𝐳 𝐢𝐬𝐬𝐨 𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨 𝐝𝐞 𝐩𝐞𝐧𝐬𝐚𝐫 𝐞/𝐨𝐮 𝐚𝐠𝐢𝐫.

Me viro para a janela, o homem ri, aparentemente alto.
Ele deve estar se divertindo ao me ver falar sozinho como um louco.
Me levanto, as mãos ainda algemadas, o desgraçado do policial Black saiu e me deixou algemado. Seguro firmemente a cadeira e corro em direção a janela.
Bato com a cadeira duas vezes e nada.
Bato mais três vezes, dessa vez, com mais forte e com mais agressividade, o vidro racha.

𝐁𝐑𝐔𝐓𝐀𝐋,  𝒘𝒊𝒍𝒍 𝒃𝒚𝒆𝒓𝒔 ✔︎Onde histórias criam vida. Descubra agora