✵𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐈

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"𝐎 𝐞𝐱𝐩𝐞𝐫𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐧𝐮́𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐳𝐞𝐫𝐨"
𝑊𝑖𝑙𝑙 𝐵𝑦𝑒𝑟𝑠, 𝐶𝑎𝑙𝑖𝑓𝑜́𝑟𝑛𝑖𝑎; 1987

𝐄𝐔 𝐒𝐈𝐍𝐓𝐎 𝐒𝐀𝐔𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐃𝐄 𝐐𝐔𝐀𝐍𝐃𝐎 minha vida se resumia a jogar D&D com Dustin, Lucas e Mike no porão dos Wheeler, tudo era tão mais simples.
Se a sra Wheeler tivesse nos deixado jogar mais um pouco... só mais uns minutos, as coisas seriam diferentes?
Penso nisso todos os dias: antes de dormir, quando acordo, no carro a caminho do inferno que chamam de escola ou, até mesmo, durante minhas consultas com a doutora Allen, penso nisso o tempo todo e todo o tempo.

— Como está se sentindo? – Os cabelos escuros da doutora Allen entram em contraste com os seus olhos claros; ela pergunta de forma calma.

Eu levanto meu olhar, uma droga, é assim que eu me sinto.

— Acho que tive uma melhora, mas ainda preciso melhorar bem mais. – Eu digo com sinceridade, uma sensação dolorida me apossando.

Ela anota algo em seu bloco de notas, o som da caneta, por algum motivo, acalmando meu coração acelerado, apenas para fazê-lo disparar mais uma vez segundos depois.

— Como tem sido suas refeições? - Ela pergunta, olhando no fundo de meus olhos – Tem se alimentado melhor?

Eu penso por um tempo, tenho sido acompanhado o tempo todo, isso me deixa aliviado, mas também, nervoso, tenho medo de fazer alguma coisa errada e decepcionar a todos.

De manhã, é em família, assim como a noite; mais ou menos no almoço, Jane e Francis sentam comigo no refeitório.

— Tem sido... divertidas, é, divertidas. – Eu digo, olhando para o chão – Sabe, eu tenho comido melhor, pratos inteiros bem cheios.

Eu não menciono a parte em que, após comer, espero um momento sozinho para que vomite tudo o que ingeri durante o dia, tentando me sentir melhor.
Eu nunca controlei nada durante todos os meus 15 anos de vida, e agora, eu sei que posso controlar pelo menos uma coisa: a comida.

— Isso é bom, Will. – Ela sorri de forma acolhedora, por Deus, como é difícil mentir para ela, quase tanto quanto mentir para minha mãe – Podemos falar sobre... ele?

Levanto o olhar, meu olhos marejam.
Nunca aprofundamos isso em nenhuma de nossas sessões anteriores, o caso 014, como eu gosto de chamar, é um caso fechado, um caso, literalmente, ou quase, morto.
Mas hoje é diferente, é um novo dia, e eu estou decidido a falar sobre ele, sabendo que, depois disso, haverão consequências que eu não sei se sou capaz de lidar.

— Acho que estou pronto para isso. – Eu digo abrindo um sorriso dolorido – Falar ajuda, não é?

— Definitivamente. – Ela sorriu.

O silêncio domina a pequena sala completamente tomada pelos tons de branco, minha mente dolorida pelas memórias recentes.
Eu posso falar sobre aquilo com ela? Ela me acharia maluco?

— Vamos fazer o seguinte, – Ela murmura numa tentativa de me ajudar a desenvolver o assunto – eu quero que que me responda uma pergunta, quem era Caleb Lablanc, para você?

Olho para o chão, meu rosto levemente corado.
Para mim, Caleb é como o sol que nasce no fim de uma tempestade; a brisa fresca que nos refresca em um dia quente de verão; ele é como um all star vermelho surrado, confortável e belo aos olhos de quem sabe admirar; ele é um daqueles doces cheios de "açúcar", aqueles que parecem doces, mas, na verdade, são azedos.

𝐁𝐑𝐔𝐓𝐀𝐋,  𝒘𝒊𝒍𝒍 𝒃𝒚𝒆𝒓𝒔 ✔︎Onde histórias criam vida. Descubra agora