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Assim que desliguei, fui fiscalizar se não havia nada no banco de trás do carro e pude ver um homem, todo de preto, parado e me encarando. Ele estava de capuz e todo de preto, não consegui visualizar seu rosto porque o vidro do meu carro era um pouco escuro.

Engoli em seco e olhei para frente, assustada. Tentei me acalmar e verifiquei pelo retrovisor, ele havia sumido. Fechei as janelas e tranquei o carro, com desespero.

Thomas, o frentista do estacionamento, estava sentado na porta. Eu podia grita-lo mas havia parado em uma vaga longe e ele não me escutaria dali.

Será que tinha visto algo mesmo? Era coisa da minha cabeça?

Mexi meu corpo no banco e pisquei duas vezes, meu coração estava acelerado demais com o susto que tomei e eu comecei a procura-lo ao redor.

— Calma, Gabriela. Pensa!

Sussurrei a mim.

Aquela ligação de Paloma havia me deixado neurótica, acabei alucinando (?)

O homem literalmente havia sumido, nada, em lugar nenhum. Outro carro chegou e estacionou ao meu lado. Era uma mulher, ela saiu, fechou o carro e foi andando. Nada aconteceu com ela.

Era coisa da minha cabeça!

Tirei as chaves e peguei minha bolsa, saindo do carro também. As luzes do estacionamento continuavam a piscar e ficaram mais fracas, fazendo com que o local ficasse escuro. Eu estava toda arrepiada e com um embrulho no estômago.

Consegui, de longe, avistar o porteiro da editora, ele acenou para mim e eu me aliviei ao ver um rosto conhecido. Fechei o carro e apertei o passo.

O estacionamento era ao lado da editora, não era no nosso prédio. Era um estacionamento público, que custava cinco reais e todos os nossos funcionários que tinham veículos, guardavam ali, por ser mais seguro do que deixar na rua.

Todos conheciam o dono e era de confiança mas, em todo esse tempo, eu nunca tinha visto ali tão vazio e macabro. Assim que cheguei perto da porta, tirei o dinheiro que havia separado para pagar.

— Olá, Thomas, bom dia.

Falei, estendendo o dinheiro.

— Bom dia, dona Gabriela. Já vai pagar? Não tem problema se der no final.

— Eu já havia separado. Thomas, o que houve com as luzes do estacionamento? Estão piscando.

— O prédio teve uma queda de luz hoje cedo, estamos usando a segunda fase. Parece que foi na rua toda.

— Sério? Mas teve motivo?

— Fiquei sabendo por alto que um caminhão de porte grande passou levantando todos os fios do último poste, deu ruim pra geral.

Ele explicou, gesticulando e me deu o troco.

— Entendi... Puxa, que azar. Não me avisaram nada.

— A senhora tem que verificar lá com o vigia do seu prédio, com certeza tá sem luz lá também.

— É verdade, vou olhar isso agora. Obrigada, Thomas, tenha um bom trabalho.

— A senhora também, dona Gabriela!

La puta llOnde histórias criam vida. Descubra agora