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Assim que desliguei, a curiosidade tomou conta de mim. Enfiei três chocolates na boca de uma vez só.

Eu era boa de enfiar as coisas na boca mesmo, desde o passado! Aleluia, irmãos!

Fui até a caixa e peguei-a. Tirei o laço e a tampa. Em seguida, consegui visualizar uma coleira roxa e um pingente enorme, com um ponto de interrogação desenhado.

— Não! Você não fez isso comigo, Gustavo.

Sussurrei, sozinha e desacreditada.

Ao lado da coleira, tinha outro bilhete.

"Querida mamãe, papai e eu sentimos que adoção precisa vir do coração e ele não poderia fazer isso sem você. Então, venha me escolher, junto ao papai, as 16h, no Pet's da Av. Lemusi, caso, claro, sinta que seu coração está pronto para um filho de quatro patas, isso é, enquanto meu irmão ou irmã, vem sendo preparado."

Me sentei na cadeira, totalmente emocionada. Gustavo havia me derretido, acertado em cheio meu lado emotiva. Eu não podia esperar, precisava agarra-lo.

Recolhi minha bolsa, minhas chaves, celular e saí em disparado da sala.

— Izabel, segura as pontas pra mim hoje com a Paloma e suspende a reunião das quatro horas. Marca pra amanhã, por favor.

Pedi, apertando o botão do elevador.

— Amanhã, que horas? Você tá lotada amanhã.

Ela perguntou, encucada. O elevador chegou e eu entrei nele.

— Não sei, mas amanhã, tudo amanhã, fui!

Respondi, animada, enquanto a porta se fechava.

[....]

Dirigi tão rápido até a agência que parecia que eu estava concorrendo a uma vaga na Fórmula 1. Um frio na barriga tomou conta de mim. Eu sempre fui apaixonada por animais e Gustavo sabia bem disso. Inclusive, a uns dois meses atrás tinha sido o motivo de uma de nossas brigas, eu queria adotar um cachorro e ele se recusava a criar um, por morarmos em apartamento.

Mas oras! Tudo na vida tem um jeito!

Eu queria muito saber o que ô motivou a repentinamente ceder aos meus pedidos. Não achava que tinha sido apenas um ato de desculpas. Ele não era de ceder tanto assim e disso eu sabia bem.

Estacionei o carro na garagem da agência de Gustavo e saí. Em seguida, me desloquei até ela. Quando cheguei no andar da sala de Gustavo, levei um susto, uma confusão tomava conta do lugar. Haviam seguranças, funcionários e modelos por toda parte em volta da porta da sala.

Espremi os olhos para tentar enxergar o que estava acontecendo e fui me aproximando, devagar. Consegui reconhecer, um pouco mais atrás da confusão, Luna, a secretária de Gustavo. Cutuquei seu ombro e ela me encarou, espantada.

— Que susto, dona Gabriela. Digo... Olá, tudo bem com a senhora?

— Oi, Luna. O que tá acontecendo? Cadê o Gustavo?

— Uma loucura! Um homem invadiu a agência dizendo ser irmão do seu Gustavo. Ninguém conseguiu para-lo. Seu Gustavo e ele se trombaram, mas parece que não se dão bem, começou uma briga, os seguranças vieram, todos vieram. Agora tá uma loucura! Aí, meu Deus!

Luna metralhou as palavras, como quem contava uma fofoca de bairro. Acho que ela estava tão nervosa que não se deu conta de como falava.

Arqueei as sobrancelhas, sem entender nada.

— Irmão, Gustavo não tem irm..

— Vai embora daqui agora, Lucas! Some! Vaza!

Escutei a voz de Gustavo escoar por toda a sala. Acho que todos haviam escutado. Revivi, por uns instantes, o tom autoritário dele.

Já chega! Eu preciso fazer algo.

Cortei a multidão e quando vi Gustavo, ele desviou seu olhar para mim. O homem, que estava de costas, se virou, eu arregalei meus olhos e meu coração disparou, indo na boca.

Eu estava de frente com o cara que quase me atropelou hoje cedo com a moto. Não podia ser.

— Você?

Falamos juntos.

La puta llOnde histórias criam vida. Descubra agora