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[....] Cinco dias depois.

Tudo tinha voltado ao seu devido lugar. Minha vida e a de Gustavo juntos tinha voltado dez vezes melhor depois de toda a tempestade.

A última notícia que havíamos tido das assombrações eram de que eles haviam voltado ao país deles. Confesso que me senti aliviada ao saber que haviam aceitado a proposta.

Nesses quatro dias, focamos em nosso casamento. Haviam tantas coisas para resolvermos e parecia que, agora estávamos concordando com a maioria das coisas. Ou não...

— Amor, pelo amor de Deus, tom pastel é ideal!

Gritei, mostrando a paleta das flores para ele, enquanto tomávamos nosso café, antes do trabalho.

— Você já colocou tom pastel em tudo. Vai ficar neutro demais, cadê a vida? É um velório?

Ele debochou, passando manteiga na torrada. Encarei-o, franzindo o cenho.

— É um carnaval? Uhul, bloco da Gabriela e do Gustavo, venha você também com seu glitter fluorescente!

Debochei de volta, me levantando e colocando minha xícara de café suja, na pia.

— Não seria má ideia, ao invés de pó de arroz, glitter. Que ideia genial!

Me virei raivosa assim que ele terminou de falar e pude ver um sorriso entre-os-dentes. Gustavo me olhou de rabo de olho, ele estava tentando me irritar, como sempre.

— Não me estressa essa hora da manhã não, Gustavo. Acho que você não quer ver a sua mulher surtando e cancelando o casamento, quer?

Falei, caminhando até ele, com a mãos sobre a cintura. Agarrei seu rosto, para que ele me olhasse e selei nossas bocas, pegando minha bolsa na cadeira em seguida.

— Você já faz isso o tempo todo.

Gustavo murmurou tão baixo, o tom certo para que eu ouvisse mas que eu não entendesse. Eu já tinha caminhado quase até a porta. Parei e me virei, encarando-o.

— O que você disse, Gustavo?

Ele mordiscou a torrada, rindo.

— Eu disse: você tenha um lindo dia, gostosa.

Contorci o nariz, tentando não rir e lancei um dedo do meio para ele. Gustavo largou a torrada assim que toquei na porta e veio correndo. Ele segurou, para que eu não abrisse e segurou meu queixo.

— Eu casaria contigo até pelado. Te amo.

Sussurrou, me dando um selinho.

— Eu sei, mas você vai de terno em tom pastel porque pelado, é só pra mim.

Rebati, dando um tapinha em seu pau.

— Aí! Abusiva!

Ele caçoou, abrindo a porta para que eu passasse. Saí, rindo e joguei alguns beijos no ar.

— Te pego uma hora, pra almoçar?

Ele perguntou, escorado na porta, enquanto eu esperava o elevador.

— Não sei como as coisas vão estar lá mas eu te ligo, amor.

— Tá bom, eu te amo.

— Eu te amo.

Falei, acenando, enquanto a porta do elevador se fechava.

[....]

Cheguei na empresa por volta das sete e meia. O estacionamento estava semi-vazio e eu estranhei que o carro de Paloma ainda não estava lá, ou seja, ela ainda não havia chego.

Recolhi minhas coisas no banco do carro e algumas luzes do estacionamento piscaram. Olhei pelo retrovisor, uma sensação estranha desde que eu havia saído de casa, estava incomodando meu coração.

Peguei meu celular e Gustavo havia me mandando via mensagem uma paleta de cores fortes.

Gargalhei sozinha e respondi-o:
Nem pensar ☝🏼

Em seguida, liguei para Paloma. Alguns toques depois, ela me atendeu.

• Chamada •

Paloma:
— Bom dia, amiga. Eu ia te ligar agora.

Gabriela:
— Bom dia, amiga. Aconteceu algo? Cheguei na editora agora.

Paloma:
— Amiga, tu acredita que algum desocupado rasgou meus dois pneus da frente? Nem furou não, rasgou! To aqui concertando muito puta da vida.

Gabriela:
— Que isso! Como assim?

Paloma:
— É amiga, do nada. Puxei a câmera do meu vizinho e simplesmente um cara chegou e rasgou com uma faca, quase agora de manhã. Quando sair daqui, vou na delegacia. To puta da vida, meus pneus novinhos.

Gabriela:
— Que maluco! Vai sim, vou adiantando as coisas aqui, se precisar de algo, me liga. Se cuida aí.

Paloma:
— Tá bom. Se cuida também. Beijo.

La puta llOnde histórias criam vida. Descubra agora