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Saí de uma reunião meio-dia e quarenta, eu estava azul de fome. A editora já estava cheia e funcionando normalmente. Respirei aliviada por isso, o que não faltava era trabalho para o dia.

Rosana, uma das meninas do marketing, veio em minha direção enquanto eu caminhava de volta a minha sala.

— Patroa, meu amor, eu só estava esperando você sair, preciso da sua assinatura, para ontem, no projeto Fruenza!

Ela pediu, me estendendo os papéis.

— Vou assinar agora e já te envio, meu amor.

— Obrigadinha. Inclusive, a senhora tem visita, não vou atrapalhar seu almoço mas por favor, assina antes que sua visita te sequestre e te leve para longe do trabalho.

Brincou, cutucando meu ombro.

Dei risada, fingindo surpresa. Eu sabia exatamente de quando as pessoas estavam falando de Gustavo, era até engraçado ver o tom delas mudando ao mencionar ele. Corri para minha sala e assim que abri minha sala, uma mão, enorme e grossa, envolveu meus olhos, tampando ali.

— Senhora apressadinha que saiu da reunião antes que eu terminasse minha surpresa.

Gustavo sussurrou no meu ouvido e agarrou meu corpo, me guindo devagar para frente.

— Hm... Adoro suas surpresas. Que cheiro bom é esse? Se você trouxe comida, eu vou me casar com você agora. Vamos sair daqui, direto para uma igreja.

— Opa! Eu estou pronto para ir então.

Sussurrou ele, destampando meus olhos.

Uma mesa linda estava a minha frente. Tinham rosas vermelhas em dois jarros, mesa posta, na cor branca, com talheres pratas e brilhantes. Havia tanta comida ali, que daria para toda empresa almoçar.

Eu amava tanto as surpresas desse homem e tudo que ele fazia para me ver feliz.

— Aiiii! Gostoso!

Gritei, me virando para Gustavo e agarrando o colarinho de sua blusa, em seguida, puxei-o se encontro a mim e beijei sua boca. Entrelacei nossas línguas e empurrei-o até a porta. Ele riu, agarrando minha bunda e levantou meu corpo. Gustavo parou o beijo e me encarou.

— Se você não parar você vai ser almoçada primeiro.

Murmurou, ofegante. Gargalhei, jogando a cabeça para trás.

— Me almoça, então!

Brinquei, ô encarando.

— Gabriela...

Continuei rindo da careta que ele fez e pulei de seu colo.

— Amor, eu to com muita fome, se não eu juro que ia amar.

Selei nosso lábios e caminhei até a mesa, beliscando o salmão com o garfo.

— Meu Deus, que delícia!

Contorci meu corpo, revirando os olhos.

Gustavo arqueou a sobrancelha e deu risada, caminhando até a mesa também. Ele sentou na cadeira e foi servindo seu prato.

— Tava com fome mesmo, ein, loira?!

— Amor, você não sabe o quanto. Eu coloquei todo meu café para fora hoje mais cedo.

Expliquei, me servindo. Gustavo parou na mesma hora de servir o arroz e me encarou.

— Oi? Passou mal?

— Sim, longa história. Um cara estranho meio que parou atrás do meu carro no estacionamento, a editora estava sem luz, aí levei muitos sustos quando cheguei aqui, sensação estranha de estar sendo seguida, não sei explicar direito, também achei depois que foi coisa da minha cabeça mas nisso tudo, acho que minha pressão baixou com tantos acontecimentos.

Expliquei, com pressa e de boca cheia. Eu não estava me importando muito em ter educação, a comida estava deliciosa e eu parecia que estava presa, sem comida, a dez dias.

— Um cara parou atrás do seu carro e te seguiu? Você passou mal? Por que você não me ligou, Gabriela?

O tom de Gustavo havia mudado completamente e ele havia pousado o prato na mesa. Fui reparar, só aí, que ele me olhava atentamente e o semblante de preocupação havia se instaurado ali.

— Tá tudo bem, amor. Foram só imprevistos.

— Não, amor! Não foram imprevistos, foram coisas graves que aconteceram. Sua saúde é grave, você em perigo é grave, porra!

Pestanejou, irritado e se levantou.

Engoli a comida em silêncio e suspirei. Gustavo passou a mão pela cabeça, indo até a janela e parou de me encarar, pensativo. Eu sabia que ele tinha vários traumas e sabia também que aquela reação era por conta disso.

Me levantei e fui até ele, agarrando seu corpo por trás e pousando minha cabeça em suas costas.

— Desculpa... mas tá tudo bem, mesmo.

Gustavo alisou meu braço e respirou fundo.

— Desculpa por ter me alterado, amor. Só preciso cuidar de você, não posso falhar com isso mas, me desculpa, me excedi.

— Você cuida e muito bem, por isso que eu te amo muito.

Sussurrei, ele virou o corpo e me agarrou, beijando meu pescoço.

— Eu te amo mais.

— Não querendo estragar nosso momento, amor mas agora eu posso devorar essa mesa inteira? Que fome!

Caçoei, fazendo bico. Gustavo me encarou, gargalhando e assentiu com a cabeça.

La puta llOnde histórias criam vida. Descubra agora