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Passei a noite em claro, com pensamentos a flor da pele. Minha ansiedade gritava e quando o dia amanheceu, adormeci no sofá.

Acordei toda torta, com dores no corpo e com a televisão gritando alguma notícia ruim do dia. Era o jornal das sete.

Sentei-me no sofá e passei as mãos nos rosto. A ausência de Gustavo me deu um leve aperto no coração e meus pensamentos voaram para nossa briga. De fato, durante todo esse tempo que estávamos juntos e todas as brigas que tivemos, ontem havia sido a pior.

Me arrastei até a cozinha e tratei de colocar um café bem forte para fazer. Enquanto esperava, peguei meu celular e tentei me lembrar do nome do irmão de Gustavo. Eu precisava saber dessa história o mais rápido possível.

Lucas!

Fui até o aplicativo de buscas e abri. Escrevi o nome e fiquei pensativa. Era muito vago, apenas Lucas. O café apitou e eu fui até ele, desligando. Despejei um pouco em uma xícara e voltei a me sentar, pensando.

Uma notificação de Paloma chegou a minha barra de mensagem.

Palominha.
Bom dia, amiga. Hoje tem a apresentação da páscoa do Miguel na escola, confirmei seu nome. Esperamos você. Já deixei tudo pronto pra chegarmos mais tarde na editora. Beijuxxx!
7:25

Assim que acabei de ler, me veio a ideia de tentar os sobre-nomes de Gustavo. Tentei todos os três e por final, não achei nada. Fiquei mais encucada ainda e dei uma golada no café.

— Porra!

Esbravejei, após queimar minha língua com a quentura. Havia esquecido de assoprar.

Decidi deixar aquilo de lado, por hora. Coloquei a xícara sobre a mesinha e me levantei, indo até o banheiro. Precisava de um bom banho.

[....]

Cheguei na escolinha de Miguel atrasada. A apresentação dele já estava rolando. Avistei Paloma, sentada na poltrona e ela acenou, me chamando. O auditório estava cheio de pais emocionados com seus filhos e dava gosto de ver as crianças cantarolando as musiquinhas.

Fui driblando as pessoas até chegar em Paloma e me sentei ao seu lado.

— Você demorou tanto, achei que não vinha. Cadê o Gustavo?

— Foi o trânsito, amiga.

Menti e ignorei a segunda pergunta, eu não queria estragar o momento dela e do Miguel com meus problemas.

— Ala! Olha como tá lindo o meu príncipe.

Ela apontou, orgulhosa e emocionada. Apertei meus olhos e enxerguei Miguel, vestido de coelhinho no palco, acabei me emocionando também. Ele me encarou e eu mandei alguns beijinhos para ele, enquanto ele me mandava um joinha.

— Nosso príncipe!

Sussurrei e ela assentiu com a cabeça, cruzando nossos braços.

— Nosso!

Peguei meu celular e comecei a gravar Miguel, cantando as musiquinhas junto e fazendo ele passar vergonha com meus gritos de dinda orgulhosa.

Alguns minutos se passaram da apresentação e eu levei um susto ao ver Gustavo entrar pela porta do auditório. Meu sorriso se fechou e eu engoli em seco. Paloma, que estava ao meu lado, acenou para ele.

— Ali... Gustavo chegou.

Ela avisou, enquanto ele caminhava em nossa direção.

— Chamou ele?

— Claro, ele também é dindo. Achei até que vocês vinham juntos, não entendi quando chegou sozinha. Tá acontecendo alguma coisa?

Paloma perguntou. Ela me analisou de cima à abaixo, gotas de suor se formaram na minha testa, eu conhecia aquele olhar de quem havia acabado de sacar que algo estava errado.

— Tá calor nesse auditório.

Desviei-me do assunto, fazendo movimentos com meu vestido e me abanando.

— Oi, Paloma. Desculpa o atraso, hoje foi... ãn, um pouco difícil de manhã.

Ele cumprimentou ela, com beijos no rosto e se explicou.

Não me encarou nenhum minuto e ignorou minha presença totalmente. Torci o nariz. O clima ficou super-estranho e todos nós voltamos a olhar a apresentação.

La puta llOnde histórias criam vida. Descubra agora