Quando tudo acabou na editora, fui direto para casa. Organizei as coisas para receber Miguel, sabia que me faria bem. Paloma ô deixou na minha casa, como o combinado, às nove.
Ficamos brincando na sala, enquanto o macarrão que eu havia colocado para cozinhar, borbulhava na panela da cozinha.
— Didi, você sabia que eu sou o Hulk versão grandão? Que eu posso cuidar de você?
Miguel veio até mim correndo, apontando para o boneco em sua mão.
— Sério? Meu Deus! Não sabia dessa.
— Sério, eu sou. Meu didio disse hoje, ele me buscou na escola. Ele disse que eu sou forte como o Hulk, pra eu cuidar de você de todo mal quando ele não estiver por perto. Mas ele sempre vai tá, né?
Me emocionei assim que Miguel terminou de falar. Respirei fundo pra não deixar transparecer e assenti devagar. Tinha certeza que havia sido em vão, nessa hora, a vermelhidão com certeza havia tomado conta do meu rosto.
— Sim, amor. Ele sempre vai estar.
— Mas aí, quando ele viajar, eu vou estar. Forte como o Hulk, vou te proteger, não precisa ter medo, Didi, sou grandão!
— Vou ficar despreocupada agora. Obrigada, meu herói.
Falei, abraçando Miguel e fazendo cócegas em sua barriga enquanto ele gargalhava. Aquilo havia me emocionado demais e eu precisava esconder dele.
[....]
Depois de algumas brincadeiras, Miguel pediu para assistir um filme. Ficamos deitados, enrolados no cobertor, enquanto os super-heróis faziam suas acrobacias fantásticas para salvar o mundo. Miguel vibrava em cada cena. Bem que poderia ser dessa forma na vida real.
Me levantei para ir até a cozinha temperar o macarrão e o meu interfone tocou. Fui até o fogão e desliguei-o, em seguida, corri até o interfone.
— Pronto?
— É a pizza.
Uma voz forçadamente grossa escoou do outro lado, dando algumas risadas.
— Eu não pedi pizza, acho que tocou errado.
— Pizza!!!! Eu quero!
Miguel gritou, levantando do sofá e pulando nele. Encarei-o de rabo de olho.
— Deixa eu subir. Sou eu..
Gustavo! Era ele, agora sim, havia falado com a sua voz normal. Me arrepiei por inteira e engoli em seco, ficando sem voz. Não tive nenhuma reação a não ser apertar para abrir e colocar o interfone no lugar.
Fiquei alguns segundos paradas, encarando a parede, enquanto Miguel cantarolava algumas músicas e gritava por pizza. Fui despertada pelo toque da porta e meu estômago embrulhou. A sensação de "primeira vez de adolescentes" que esse homem me causava não era normal.
Caminhei até a porta e abri. Gustavo estava com duas caixas de pizzas na mão e uma garrafa do meu refrigerante preferido. Ele sorriu, encarando meus olhos.
— Não quis invadir seu espaço, por isso não usei as chaves, mas, posso participar dessa noite do pijama? Trouxe pizza!
Ele explicou, brincando e balançando a caixa. Sorri de volta.
— Didioooooo!!!! Pizza!!!!
Miguel veio correndo e agarrou as pernas de Gustavo.
— Claro que pode. Deve...
Sussurrei, baixinho. Ajudando-o com as caixas, enquanto entrávamos.
— Vencemos, amigão!
Ele sussurrou para Miguel, dando um toque de mão entre eles. Encarei-os, sorrindo.
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La puta ll
RomanceO segundo suspiro entre nós dois parecia o último. O que era real? O que era nós dois?