Capítulo 45

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"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar."

William Shakespeare

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Um grande tiro na testa foi o que eu senti ao ouvir aquela notícia. Continuei com os olhos fixos na fotografia, totalmente empalidecida. O mundo pareceu parar por alguns instantes para nós dois enquanto ficamos fissurado naquilo. Edward finalmente piscou os olhos e respirou profundamente e depois se virou de frente para mim.

Com os olhos confusos e ao mesmo tempo triste ele me encarou. Era impossível tentar decifrar o que passava na cabeça dele ao me ver tão abismada, que nem consegui mover um dedo da mão. E mais difícil era para entender o que eu estava pensando naquele momento.

Era tudo inacreditável. E o mais perplexo era eu ter especulado outras possíveis suposições sobre o que houve entre eles e qual relação eles tinham, incluindo o Cristian. Tive vontade de rir do quão patética eu fui ao imaginar coisas sem sentido.

Edward continuou me olhando. Permaneci com os olhos arregalados sem saber o que fazer.

— C-Co-Como? — gaguejei a primeira palavra que veio em mente em meio a tudo, e com bastante dificuldade consegui terminar de pronunciar a minha pergunta. — Como isso é possível? — Me apoiei na mesa para não cair, enquanto perdia a força do meu corpo para continuar de pé.

— Não faz sentido… — passei a mão pelo cabelo e respirei fundo. Edward se levantou e me segurou para não cair e me ajudou a sentar na poltrona.

Ele passou a mão pelo cabelo também, o que ele sempre fazia quando estava incomodado, nervoso, ansioso e em situações como aquela, algo totalmente inacreditável de vivenciar. Ele olhou para o teto por alguns segundos e enterrou a mão no sobretudo branco que usava.

— Eu sabia que você se assustaria dessa forma. — Sua voz soou mais baixa que o normal. Ele pareceu mais frustrado do que nervoso.

— Não… não… eu… não me assustei. — Forcei um sorriso. Mas tudo o que consegui fazer foi empurrar os cantos da minha boca e franzir a sobrancelha involuntariamente.

— Mas… como? E Por quê? Por que não me disse isso antes? — Tentei falar de forma calma, mas foi em vão, minha voz continuava trêmula e eu senti que meu corpo também tomava o mesmo ritmo.

— Vamos conversar na sala. Preciso pegar uma água primeiro. — Ele guardou a foto dentro do caderno novamente e estendeu a mão para me ajudar a levantar.

Concordei com um gesto de cabeça e caminhei ao lado dele segurando em seu braço para conseguir me manter em pé. Ele me conduziu vagarosamente até a saída e seguimos até a escada em silêncio. Ambos prestando atenção no chão enquanto caminhava por ele.

Descemos as escadas e ele me ajudou a sentar no sofá, depois foi até a cozinha sem demorar muito e trouxe uma jarra d’água e dois copos. Ele me ofereceu um copo com água e bebeu todo o líquido do copo dele. Depois se sentou um pouco mais tranquilo e encheu outra vez seu copo com água. Engoli minha água na expectativa que iria me acalmar e parar de tremer.

— Espera… — balancei a cabeça e deixei o copo sobre a mesinha de centro. — Não era para você estar na cama? Já melhorou a cabeça? — perguntei aflita, levando a nossa antiga conversa para outro lado.

O garoto do lenço azulOnde histórias criam vida. Descubra agora