Capítulo 40

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"Os sensíveis sofrem mais, mas amam mais e sonham mais."

Augusto Cury

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Eu não sei exatamente em qual momento eu chamei o Edward de amor da minha vida, mas eu tinha absoluta certeza que eu não conseguia fazer outra coisa que não fosse chorar enquanto o abraçava debruçada sobre ele no chão. Eu estava com tanto medo e tanto pavor que não sabia mais o que pensar mais sobre a dor no meu pé, e tampouco no que me aconteceria se por um acaso eu encostasse em alguns dos cacos de vidros no chão.

Eu só sabia chorar desesperadamente e falar para o Edward –mesmo sabendo que ele não iria me escutar desacordado – aguentar mais um pouco e resistir.

Não fazia ideia sobre o que fazer em uma situação como aquela e nem o que o levou aquilo. Não sabia como os porta-retratos se partiram no chão e tampouco o que levou Edward a estilhaçar alguns troféus. Não tinha nenhuma noção sobre salvar alguém naquele estado, e nem prestar os primeiros socorros.
Procurei pelo meu celular, mas não estava com ele, provavelmente o deixei na sala. Com aquele gesso no pé seria difícil conseguir voltar e busca-lo. Comecei chorar ainda mais procurando alguma outra alternativa. Vasculhei cuidadosamente os bolsos da calça do Edward e peguei o celular dele, que por sorte, ainda ligava a tela. Havia alguns rachados, mas nada que impedisse uma ligação. Encostei o polegar dele no celular para desbloquear. Procurei pelo nome do Cris na lista de contatos e liguei imediatamente, pedindo para que eles voltassem e chamassem a ambulância para mim, já que eu não sabia o número.

E com todo o meu desespero no telefone, a minha amiga e seu namorado apareceram antes mesmo que minhas lágrimas secassem, e me encontraram naquele quarto chorando no peito do Edward que continuava caído.  

Cristian correu apavorado até onde estávamos e dois enfermeiros mais minha amiga o seguiam. Kate paralisou em minha frente tentando me consolar com algumas palavras de que tudo ficaria bem e eu precisava me acalmar. Um dos enfermeiros me ajudou a levantar e minha amiga me deu o suporte necessário para que eu conseguisse me equilibrar de pé.

— Salva ele, por favor...— essa era a única frase que eu conseguia falar para os enfermeiros ali enquanto estava em prantos.

Tudo o que eu conseguia pensar e pedir para qualquer um deles era que pudessem salvar o Ed.
Observei os enfermeiros e o Cris colocarem o Edward em uma maca de hospital enquanto tentava respirar fundo para não acabar em uma maca também. E tudo o que consegui fazer antes de ir para o hospital foi pedir a Kate que colocasse ração e água para o Beethoven, torcendo para que o dono dele ficasse bem.

~~*~~

Mesmo com todo o apoio psicológico e físico do médico que fazia uma última ultrassom do pé, eu não conseguia aliviar a vontade de chorar.

— Senhorita... — O médico tocou de leve no meu ombro e me ofereceu mais alguns lenços. — Você precisa se acalmar.

— Pede os outros médicos para salvar ele, por favor, doutor. — Pedi mais vez das quinhentas vezes desde que estava ali.

— Ele vai ficar bem. Não se preocupe... — O médico respondeu a mesma coisa.  — Se preocupa agora com a sua saúde.

Eu estava no último quarto do corredor do primeiro andar, pronta para tirar aquele gesso que tanto me atrapalhou por dias. O médico disse que eu não corria o risco de perder meu pé e que a lesão tinha sido cicatrizada, mas eu necessitava ter mais cuidado e andar por mais um dia acompanhada por alguém.

O garoto do lenço azulOnde histórias criam vida. Descubra agora