"Às vezes a vida esconde presentes nos lugares mais sombrios."
— Anne with an E
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Abri a porta da minha casa e entrei. A sala de estar estava com as luzes apagadas. A grande janela que dava vista para o jardim estava fechada. Deixei minha chave sobre a mesinha de centro – onde ficavam alguns porta-retratos com foto da família e alguns objetos de decoração que deixava a sala ainda mais elegante, além dos quadros expostos na parede bege —, e abri a janela.
Nenhuma luz da parte de cima da casa estava acesa. Acendi a luz do corredor e caminhei até a cozinha, onde possivelmente minha mãe estaria, visto que era o único cômodo com as luzes acesa.
— Pensei que a senhora iria demorar para chegar. — Entrei na cozinha e me sentei na cadeira próxima a mesa.
Minha mãe estava atrás da ilha preparando um suco.
— Quis voltar cedo, comprei pizza para jantarmos. Coloca a mesa por favor. — Ela pegou a caixa de pizza que estava sobre o armário e levou até a mesa de vidro que estava posicionada no meio da cozinha.
Me levantei e fui até o armário de parede, onde estava os copos e pratos. Peguei os talheres por fim e coloquei sobre a mesa. Dona Lavínia pegou a jarra de suco que acabara de fazer e colocou sobre a mesa também. O único som que se ouvia era os ruídos dos talheres contra o prato, ao cortar as fatias de pizza.
— É… mãe? — a chamei fazendo com que ela prestasse atenção em mim. — Eu preciso falar com a senhora.
Minha mãe continuou olhando para mim e parou de cortar seu pedaço de pizza no prato. As pulseiras do seu pulso fizeram barulho quando ela recuou os braços.
— O que houve? — Ela me analisou por alguns instantes.
Eu parei por um momento, pensando no que falar e como falar.
— Eu vou me mudar.
Minha mãe se endireitou na cadeira. Sua postura ficou rígida e seus olhos negros me encararam.
— Como assim? — Ela pegou o copo de suco à sua direita.
— Eu vou para a Inglaterra.
Lavínia se engasgou com o suco e tossiu quatro vezes seguidas, iria me levantar para ajudá-la, mas não precisou. Minha mãe parou por um pouco e sua expressão ficou ainda mais rígida.
— Que besteiras são essas, Luara? Você só pode estar brincando comigo!
— É sério, mãe… — Respirei profundamente. — Eu preciso agarrar as oportunidades. E quem sabe que não vou conseguir algo melhor, um emprego melhor… entrar em uma faculdade.
— Não.
— Vai ser uma forma de tentar sair das dívidas.
— Você não vai sair daqui. — Sua voz era firma e decidida. Minha mãe voltou a comer sua pizza.
— Eu já decidi.
— Você não decide nada, e como você vai fazer isso? Como vai conseguir dinheiro para isso?
— Eu consegui juntar durante o tempo que estava trabalhando.
— Aaaah! E tudo isso pelas minhas costas.
— Não é bem assim… eu não tinha certeza se realmente iria fazer isso.
—Você não vai fazer isso.
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O garoto do lenço azul
RomanceCansada da sua vida monótona, convivendo com a sua mãe em Nova Orleans. Luara Thompson, decide mudar o rumo da sua vida, com uma decisão importante no dia do seu aniversário. Decidida a correr em busca dos seus sonhos, ela encontrará obstáculos e de...