Capítulo 03

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„Existem coisas melhores adiante do que qualquer outra que deixamos para trás."

C S Lewis

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Fazia somente 30 minutos que eu estava sentada na poltrona do avião. Somente naquele pouco de tempo eu consegui escrever um roteiro de filme de terror em minha mente com tudo aquilo que estava acontecendo. A cada dois minutos eu verificava meu celular para ver se tinha alguma mensagem ou e-mail, principalmente da minha mãe. Mas não havia nada – além das mensagens do Matthew perguntando se eu já havia embarcado.

Forcei minha mente a relaxar e parecer o mais calma possível. Olhei minha playlist de música no celular e procurei pelos meus fones em algum lugar da minha bolsa de mão.

Se alguém me observasse nessa situação diria até que eu estava calma demais para uma pessoa que iria viajar sozinha pela primeira vez. Uma falsa tranquilidade enfeitava meu rosto.

O toque da música que passava pelos meus fones fizeram me acalmar mais. O desespero de dentro foi passando e eu consegui relaxar mais um pouco. Aliás, não tinha muito o que fazer.

Eu estava tão feliz e preocupada ao mesmo tempo que não percebi direito quando eu embarquei. Não percebi principalmente que havia uma garotinha ao meu lado me olhando fixamente com seus olhos cinzas. Desviei meu olhar de imediato pensando no que ela poderia estar imaginando sobre mim.

Pelo menos ela não pronunciou nada desde quando entrei no avião. Bem, foi o que eu pensei até ela perguntar meu nome e não parar mais de falar.

A minha programação de viajar escutando música e fugir dos pensamentos perturbadores enquanto dormia, foram interrompidos pela garotinha tagarela ao meu lado.

—Me desculpe se estou falando demais, é que eu sempre fico nervosa quando viajo de avião, e o único modo disso passar é conversando com alguém — a garotinha falou eufórica.

— Ah, tudo bem. — Foi a melhor resposta que eu dei para ela assim que ela começou falou.

— Você é tão bonita. – Ela sorriu para mim me deixando com um pouco de vergonha, já que não era comum eu escutar elogios, ainda mais de pessoas que mal conhecia, mesmo sendo crianças.

— Obrigada. — Sorri para ela. — Você também é muito linda, uma verdadeira princesa.

— Sério? Você não pensa que minhas sardas são feias? É que, algumas amigas falam isso pra mim, a mamãe sempre disse que são lindas e que são iguais as delas e o papai sempre diz que são lindas também.

— Claro que acho lindas, beleza ruiva é exuberante, ainda mais para uma garotinha como você.

Ela sorriu para mim e abriu a boca para falar, mas eu a impedi.

—Por falar nos seus pais, você não deveria estar sentada ao lado deles?

— Ah, bem… é uma longa história, mas eu estou sozinha, na verdade não estou sozinha porque estou ao seu lado.

— Oh meu Deus! – Levei mão a boca. – Você se perdeu dos seus pais?! Temos que avisar alguém…

—Não, não. — A menina fez sinal com que eu falasse mais baixo. — Isso tudo você só vai entender depois, mas eu estou na sua companhia e sendo bem cuidada.

Eu não sabia se devesse acreditar.

—Tá bom.

—Oh! Deus! Eu esqueci de falar meu nome. Me chamo Anneliese.

O garoto do lenço azulOnde histórias criam vida. Descubra agora