Capítulo 17

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"A oportunidade nunca é perdida. Alguém sempre vai aproveitar as que você perdeu."

— William Shakespeare




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Passei a mão pelo cabelo tentando controlar a respiração. Eu havia sonhado. Na verdade, estava bem próximo de ser um pesadelo. Eu estava muito confusa e não lembrava exatamente do sonho – o que me deixou ainda mais perdida.

Era como se houvesse lembranças e ao mesmo tempo muita confusão. No sonho eu sabia que a minha mãe estava e a minha avó também. Eu via a fazenda dela. Seria algum aviso? Ou fruto dos pensamentos? O que eu realmente não sabia era o que estava acontecendo!

Aquilo me deixou apreensiva. Não tinha certeza se era algo bom. Eu realmente estava perdida, principalmente por não me lembrar tão bem do sonho, e nem o objetivo dele.

Minha cabeça estava um turbilhão de pensamentos e o que me restou foi beber um chá. Meus famigerados chás. Meu final de semana não tinha começado bem. Eu ainda teria que pensar na roupa que usaria para ir ao concerto. Fiquei pensando diversas vezes se eu tinha feito uma boa escolha em ter aceitado ir. No final as mudanças estavam me assustando.

Meu sábado passou de forma enfadonho. Não quis sair de dentro da minha bat caverna. As vezes me sentia solitária demais ali, mas estava virando rotina. As vezes tinha impressão que tinha fantasiado muito a minha vida de adulta.

Aproveitei minha tarde livre para lavar minhas roupas e arrumar o pequeno armário do porão onde eu colocava meus pertences. Liguei para algumas redes de fast food pelas redondezas e em poucas horas eu já estava deitada no minúsculo sofá comendo e assistindo seriados pelo celular.

Minha amiga tagarela, animada e super curiosa foi me ver no domingo. Ela tinha ido em uma lojinha próxima a minha rua, para procurar por fones novos e aproveitou para me ver. Ela tambem deixou um recado da sua mae, dizendo que Marcela (a mãe de Kate), queria que a visitasse também. E que as portas da casa dela estaria sempre abertas para mim. Fiquei me questionando se o modo em que Kate era tao recepcioniosta devia pelo modo que a sua mãe também era.

O domingo foi menos monótono que o sábado. Resolvi fazer o que Kate havia me aconselhado. Liguei para Kim. A moça estilista me atendeu depois de dois toques do celular.

— Luara! — ela exclamou assim que atendeu.

— Olá, Kim! Você está ocupada?

— Agora não, aconteceu algo? — Notei o tom de preocupação em sua voz.

— Quase… eu preciso da sua ajuda par…

— Oh! Você já está sabendo! Meu Deus! Me desculpa por não ter falado antes, eu estou exatamente aqui em Oxford para resolver isso.

— Sabendo? Sabendo o quê?

— Sobre a casa da minha avó… oh! Você não sabia… eu e minha boca grande!

— O que está acontecendo? A sua avó faleceu?

—Não, não, mas parece que minha mãe está fazendo alguns negócios com os imóveis da minha avó, é muito complicado, nem eu entendi direito, ainda não fui na casa dela para conversar sobre isso… Cheguei ontem de viagem.

—Ooooooh! — foi tudo que consegui dizer em meio a tanta informação.

— Mas não se preocupe, não deve ser nada demais, vamos sempre pensar positivo! E sobre o que você quer me falar… já que não era sobre a minha avó e a minha mãe, sobre o que é?

— É sobre roupa, eu preciso da sua ajuda com uma roupa.

—Aaaaaah!! Aham! Roupa! Meu idioma favorito. Qual ajuda você quer? Estando ao meu alcance eu posso ajudar com muito prazer.

—É que no próximo domingo eu vou a um concerto… mas eu não tenho roupa para esses lugares, sabe? E pensei em te ligar, já que você poderia me ajudar mesmo que fosse com apenas uma dica.

—Ahh! Está falando com a pessoa certa. Você vai precisar de um vestido para esse proximo domingo?

—Sim...

—Pra sua sorte eu pretendo ficar mais 4 dias aqui, porque tenho um desfile para organizar na quarta em uma das faculdades em que ja trabalhei. Fui convidada pelo diretor de moda, enfim, isso não vem ao caso, eu posso conseguir, sim, o seu vestido e entrega-lo para você na terça ou na quarta. Depende da minha agenda.

Kim me pediu mais algumas informações sobre meu estilo de cores e minhas medidas, não sabia nada com exatidão, mas ofereci a ela todas as informações que me ajudasse.

Naquela tarde eu fiquei ainda mais apreensiva. Foi o final de semana mais preocupante que eu tive. Mas também foi muito aliviador e gratificante saber que eu tinha conseguido um vestido para ir ao concerto no domingo com o meu chefe. Eu consegui sorrir e ficar feliz ao pensar que poderia acontecer coisas boas, como ver uma orquestra tocar.

Adientei meus passos  ao passar por alguns clientes com uma franela limpa nas mãos para secar uma das mesas perto da entrada que uma criança tinha acabado de derramar cappucino.

—E como foi sua conversa com a Kim? Ela aceitou te ajudar? — Kate me perguntou assim que fiquei próxima a ela, secando os últimos pratos para acabar meu expediente.


—Sim… ela vai me emprestar um vestido!

—Aaaaah! Branquela! Que ótimo! — Kate exclamou terminando de lavar as últimas louças na pia. —Mas, e como ela irá te entregar o vestido? — Kate mudou sua expressão e ficou um pouco mais pensativa, mas não perdeu a expressão de felicidade.

—Ela está aqui em Oxford, disse que vai me entregar amanhã ou quarta-feira.

—Ooh! Vai dar tudo certo. — Kate sorriu.

—Tem um problema… — Pendurei o pano que estava secando os pratos no porta pano de pratos. — Parece que está acontecendo alguma coisa com a avó da Kim e parece que elas estão negociando a casa dela…

—Negociando a casa da Kimberly? O que isso tem a ver com você Luara? — Kate arqueou a sobrancelha e se debruçou sobre o balcão de vidro.

—Não é a casa da Kimberly, e bem, eu acho que ela nem tem casa aqui, é a casa em cima do porão onde eu moro!


—Hmmmmm, então você está preocupada por pensar que deve ter alguma coisa com o porão também?

—Quase isso, Kate… — Me sentei na cadeira próximo ao balcão. — Tudo está me preocupando ultimamente.

—Ah! Para de pensar no pior, vai ver é alguma reforma, ou mudança, não sei… mas pense em se divertir no seu final de semana!

Eu estava mesmo ficando muito preocupada por pouca coisa. Decidi que iria aproveitar realmente meu fnal de semana.

O garoto do lenço azulOnde histórias criam vida. Descubra agora