Capítulo 46

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„Quando eu me apaixonar, será para sempre.“

Jane Austen





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Já não me surpreendia o fato de que Edward era muito cauteloso no que fazia e sempre dava um jeito de fazer tudo o que podia e o que estava ao seu alcance.   E, a forma como ele lidou com tudo, deixando até as passagens garantidas, me deixava cada vez mais surpresa e segura.

Eu tive poucas horas de sono, mas foi o suficiente para repor as energias que me faziam levantar da cama e me manter de pé. Saí do quarto assim que estava arrumada e com minha mala preparada para a viagem. O frio era o único empecilho de pensar em sair de casa para uma longa viagem. Mas saber que Edward iria comigo me deixava estranhamente confortável e segura.

Dentro de duas blusas de lã e um sobretudo enorme amarelo (que tinha comprado assim que o vi na vitrine da loja), e vestida em uma calça de moletom branca, desci as escadas com certa dificuldade em arrastar a mala, já que minhas mãos estavam empacotadas em luvas de tricô branca. Nos pés eu calçava um all star amarelo na intenção do meu sobretudo não se sentir sozinho perto de tanto branco que eu vestia. E a única peça que se destacou por não ser branco e nem amarelo, foi meu gorro que era preto.

Edward surgiu da cozinha esfregando as mãos descobertas e parou assim que me avistou sentada no sofá.

— Uau! — ele sorriu todo elegante. Depois enrolou um pouco mais o cachecol no pescoço.

Retribuí o sorriso dele de leve.

— Eu acho incapaz encontrar alguém que ame tanto o amarelo e que fique tão bem no mesmo. — Afirmou e se aproximou de mim.

— Eu também acho que é incapaz encontrar um homem que fica tão elegante e charmoso em qualquer coisa que veste. — Sorri. — Mas, claro, você não está vestido em qualquer coisa.

Analisei seu andar sereno enquanto se aproximava e a elegância e sutileza do que vestia. De fato tudo caia bem no corpo do Edward e nunca perdia o seu  glamour próprio. Ele vestia uma calça de moletom preta e por debaixo do sobretudo azul Royal eu conseguia ver a manga preta do casaco de lã. E por cima da gola do sobretudo, ele usava um cachecol de tricô preto. E nos pés, também calçava um all star azul escuro.

Ele tocou no meu cabelo e colocou uma mecha dos fios loiros atrás da orelha e me fitou. Senti um queimor pelo corpo com o seu toque, mas consegui controlar as batidas do meu coração e minha respiração, sem causar nenhum dano a minha saúde.

— Amarelo combina bem com você. Principalmente com o seu cabelo loiro e é o contraste perfeito para os seus olhos verdes. — ele disse carinhosamente ainda fitando os meus olhos. Sorri como resposta e tentei desviar do seu olhar.

— Ahn... É... Está tudo pronto? — perguntei me afastando dois passos e indo checar se havia travado o zíper da mala.

— Sim. Daqui a pouco o táxi chega para nos levar até o aeroporto, o Cristian não vai poder me fazer esse favor a essa hora.

Concordei com um gesto de cabeça.

— Seria explorar muito dele se você o fizesse acordar às 2h da manhã para poder nos levar ao aeroporto. E quanto ao Beethoven? Quem vai cuidar dele?

Edward sorriu de forma engraçada, como se duvidasse da minha pergunta.

— O Cris. Ele é quem quebra esses galhos para mim... Mas, ele também gosta do Beethoven, então não é um grande problema.

O garoto do lenço azulOnde histórias criam vida. Descubra agora