Capítulo 34

51 8 2
                                    

Não tema a difamação exterior. Tema seus próprios pensamentos, pois somente eles podem penetrar em sua essência e destruí-la.

Augusto Cury

***

Elizabeth. A pronúncia desse nome me causava insegurança, tanto pela lembrança da noite do concerto e ao saber que ela também conhecia Edward e provavelmente seria tão íntima dele como era de Philipe. Mas, por contradição e alegria, meu coração se confortou ao ver a expressão dura e desagradável do Edward quando recebeu a grande notícia da noite. 

Contradição; porque eu pensava na possibilidade do Edward agir como meu chefe agiu ao recepcioná-la com entusiasmo na noite do concerto. E, alegria, ao ver como realmente poderia ser a relação da senhorita Elizabeth com o Edward – nada agradável.

Edward não quis comer e subiu para a sua biblioteca onde ficou horas e horas trancado lá. O que me impediu de pensar tanto e me ocupou em meio a solidão naquela enorme sala foi a ligação da minha amiga. Grande Kate! Conseguiu levar os acontecimentos que contara a ela com o maior dos humores e me explicou também que quem havia falo onde eu estava para nosso chefe tinha sido ela. Mas ela não esperava que ele viesse me encontrar desesperadamente como se eu realmente estivesse em apuros.


Relatei também o meu encontro com o amigo do Edward, mas de forma alguma lhe contei o que tinha  acontecido comigo e Edward depois da saída do Cristhian. Na verdade, nem eu sabia compreender aquilo. E de certa forma estava tão apreensiva e confusa que só iria piorar a situação se contasse e ela começasse seus jogos de intuição, insinuando algo entre eu e o dono da casa.


Porém, mesmo que eu não tivesse falado nada, ela fez seus lembretes e por sorte minha amiga não levou a conversa longe demais, dizendo que estava cansada e precisava dormir.


Mesmo que eu não quisesse levar a sério a minha aproximação do Edward, foi inútil não se preocupar e ficar curiosa sobre o que estava se passando e principalmente pelo humor dele que foi afetado tão bruscamente. Mas eu devia gratidão a ele. Pelos bons modos que eu ainda conservava comigo eu tinha que ser grata a ele e reconhecer que talvez ele fosse tão normal quanto eu, e que eu estava me intrometendo muito em sua vida com minhas curiosidades. Com isso eu consegui me segurar e me entreter mudando os canais da TV, sem incomodar o Edward.

Porém, isso não durou tanto, e decidi curiosamente e de forma, muito preocupada, saber como ele realmente estava. Peguei minha muleta e fui até a escada. Ele havia me falado que se eu quisesse ir para meu quarto bastasse ligar para ele e ele iria vim me ajudar a subir a escada. Mas eu não queria abusar de sua gentileza.

Quando terminei de subir o terceiro degrau, Edward apareceu no topo e veio ao meu encontro totalmente apreensivo e mais rápido que carro de F1, me tomou em seus braços, deixando a muleta para trás e subindo a escada me carregando em seu colo.


— Você é muito teimosa — disse tão sério como estava antes e me colocou no chão, voltando para pegar a muleta caída. Pelo visto o humor dele continuara afetado.


— Eu falei pra você não fazer esforços, disse que precisava de descanso e repousar muito bem o pé, e o que você faz é completamente o contrário. — Bufou com impaciência e me entregou a muleta oferecendo seu braço para que eu pudesse me segurar.


Olhei para o braço dele e recuei. Era visível o quanto estava irritado e pareceu um pai severo me dando esporão. Tudo depois da visita do meu chefe e a notícia que teve. Edward me fitou ainda com o braço estendido e arqueou a sobrancelha com impaciência. 

O garoto do lenço azulOnde histórias criam vida. Descubra agora