Capítulo 10

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"Todos podemos controlar a dor exceto aquele que a sente."

William Shakespeare.

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Duas coisas eu tinha certeza que eram difíceis na minha vida. A primeira era de poder realizar meus sonhos, e a segunda era de tentar controlar a Kate do seu ataque histérico de risos. Era pior que uma orquestra desafinada (se isso era possível acontecer). Ela não conseguia nem respirar direito pelo tanto que estava rindo.

— Ah! Meu Deus, branquela! Isso é hilário. — Kate tentou pronunciar colocando a mão na barriga tentando recuperar o fôlego.

— Não tem nada de engraçado nisso, Kate! — protestei.

Assim que eu li a mensagem do garoto desconhecido (que nem era tão desconhecido assim), Kate perguntou o motivo pelo meu sorriso e irritação. Mostrei a ela a mensagem e os nossos olhos percorreram por todo o restaurante com curiosidade. Como ele sabia que eu estava com blusa amarela? Como ele me encontrou?

Depois de não encontrar nenhum sinal do jovem, ou algo que me levasse a ele, minha amiga e eu pagamos por nossa comida e saímos do restaurante. Foi aí que ela começou a gargalhar e não parou mais.

— Claro que foi engraçado, branquela, não sei se dou risada de como você ficou, ou em saber que esse seu admirador estava te observando. Mas a pergunta certa é: Como ele desapareceu assim tão de repente? — Kate conseguiu perguntar ao parar de rir.

— Não sei. — Me encostei na parede do lado de fora do restaurante, dando espaço para as pessoas que passavam pela calçada.

— Pelo visto nenhum sinal dele, pelas descrições que você me disse de como ele era — Kate falou atentamente. — Será que foi realmente ele?

— Não sei exatamente, mas ele é o único que poderia me enviar essa mensagem com assinatura “o garoto do lenço azul”. — Revirei os olhos ao pronunciar a última frase.

— Faz sentido.

— Eu também não entendi nada disso, o pior de tudo, é que isso significa que eu estou sendo vigiada, Kate! — falei preocupada.

— Calma, respira, Luara. Não é bem assim, branquela. Essa foi a primeira vez, talvez foi apenas coincidência.

— Pode ser, mas e aquele homem que foi entregar o celular? E ainda foi onde eu moro! Ah! Meu Deus, ainda tenho minhas desconfianças... E muitas preocupações agora.

— Isso tudo deve ter uma explicação lógica, veja bem, o celular foi porque esse garoto tinha quebrado o seu... E não se esqueça que você ainda está com o lenço dele!

— Ainda tem essa... — suspirei.

— Mas… não vamos deixar isso estragar nosso dia, você estava tão feliz hoje.

— Não, não. Isso não vai acabar com a minha felicidade, o dia hoje foi ótimo! — falei decidida e exibi um sorriso por fim.

— Muito bem, eu não quero te ver triste.

Quando já estávamos cansadas, e não conseguíamos fazer mais nada, nem caminhar, tão pouco comer, Kate chamou um táxi para nos levar de volta para casa.

O garoto do lenço azulOnde histórias criam vida. Descubra agora