9 - O Primeiro "Eu te amo"

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Dayane Pov

O clima na minha casa estava horroroso, faziam apenas duas semanas que eu e Caroline havíamos começado a fazer o bendito trabalho de história e apesar de todos os esforços de ambos os nossos pais, Thomas foi irredutível. 

Desde então, eu mal conseguia ver Carol fora o tempo que ficávamos fazendo o trabalho e é claro que poderíamos fazer um bom uso desse tempo se nossos progenitores não ficassem nos rondado como urubus em cima de carcaça. Até nossos encontros de madrugada haviam sido diminuídos de forma absurda. 

Isso, claro, sem contar os diversos comentários de baixo calão e mal educados vindos de ambos os lados. Acho que em duas semanas eu já havia brigado mais com meus pais do que a vida inteira e Caroline não estava muito atrás de mim. 

- Pai, pelo amor de deus! - Reclamei novamente. - Eu preciso ir!

- O que você vai fazer na casa daquela abantesma pleno sábado? 

- O trabalho, aquele que você tem me visto fazer as últimas semanas porque simplesmente desconheceu o conceito de privacidade. - Era mentira, os pais de Carol estavam viajando e finalmente ficaríamos à sós por um tempo. 

- Olha como você fala comigo, eu ainda sou seu pai. 

- É, mas está agindo como um idiota. - Lhe respondi, bater boca com meu pai não ajudava meu lado, mas eu estava cansada e estressada. 

- Essa garota te influencia, Dayane. - Ele cruzou os braços. - Desde que começaram essa porcaria desse trabalho você está nos tratando como nunca antes. 

Respirei fundo para não dizer coisas que não deveriam ser ditas, era claro que eu estava os tratando como nunca antes. Apesar de todos os meus esforços, não conseguia ficar calada vendo meus pais tratarem Caroline mal sem ela nunca ter os feito nada. 

- A culpa não é da Caroline, o senhor sabe disso. 

- Eu quero você em casa até às 22h. - Foi tudo que ele respondeu abrindo a porta e me dando passagem. 

Arrumei minha mochila nos ombros e saí de casa tentando esconder meu sorriso, honestamente não achei que conseguiria sair. Apertei o botão do elevador e enquanto descia mandei uma mensagem para Carol dizendo que estava no caminho. 

Ao parar na porta do apartamento da ruiva apenas girei a maçaneta sabendo que ela havia deixado a porta aberta para mim, felizmente morar no mesmo condomínio estava vindo a calhar para nós duas. Mal tive tempo de raciocinar antes das pernas de Carol envolverem meu corpo e ela pular em cima de mim num abraço de coala. 

- Meu Deus, eu estava morrendo de saudades! - Ela exclamou, sua cabeça em meu pescoço.

- Não me fala! - Caminhei até o sofá com ela no meu colo. 

Tirei a mochila de minha costas e sorri para minha namorada que tinha o mesmo sorriso nos rosto. 

- Você é tão linda. - Soltei sem perceber. 

- Day... - Ela escondeu seu rosto em mim novamente. - Você mal chegou e já está me cantando?

- É que tem muitos dias que eu não podia te deixar sem graça assim. 

Carol subiu suas mãos até minha nuca, apesar de estarmos ignorando as duas últimas semanas no momento, seus olhos com olheiras não me enganavam assim como meu rosto abatido também não devia passar despercebido para ela. 

- Eu juro que não aguento mais. -  Caroline suspirou, lágrimas instantaneamente surgiram em seus olhos. - Eu estou tão cansada, Day...

Fiz um carinho em sua bochecha, eu sabia que Carol estava tentando segurar a barra sozinha, queria faze-la entender que eu estava ali também. 

- Eu sei, meu amor. - Suspirei. - Fala comigo, eu tô te vendo. - Encarei seus olhos.

- Eu só... - Caroline respirou fundo. - Aí, você sabe. Seu pai não me chama sequer pelo sobrenome, meu pai grita comigo toda vez que você saí e minha mãe constantemente me olha como se eu estivesse traindo a família inteira e gerações de Biazins. - Meu coração apertou vendo Carol chorar tão copiosamente. 

Eu não disse nada, deixei que ela chorasse em paz no meu ombro, me permitindo derramar algumas lágrimas também. Surpreendentemente, minha mãe foi a primeira a se acalmar, ela pareceu aceitar a situação e até via que ela se esforçava para tratar Carol bem. Mas, meu pai, machista e teimoso como sempre, continuava apelidando Caroline com cada nome que lhe era conhecido o que resultava sempre em nós dois brigando. 

Rose e Isaias não estavam muito diferente do meu pai, não conseguia contar uma única vez que eles me chamaram pelo nome e não de algum apelido decadente. Carol, diferente de mim, relevava algumas vezes somente falando quando ela achava que era demais. Não a culpava por ficar quieta, Carol era muito mais próximas dos seus pais do que eu, entendia que ela quisesse tentar preservar o que quer que tivesse sobrado da relação que eles tinham. 

- Me desculpa por gastar o nosso tempo chorando. - Ela pediu depois de se acalmar um pouco, minhas mãos continuaram fazendo um carinho suave em suas costas.

- Está tudo bem, Carol. - Fiz com que ela me olhasse. - Eu estou com você tudo bem? 

Ela apenas concordou com a cabeça e me puxou para um selinho. 

- Eu estava pensando... - Chamei sua atenção novamente. - Se você quiser eu posso terminar o resto do trabalho sozinha. Sabe, aí a gente pode acabar com essa tensão.

- De jeito nenhum. - Ela respondeu prontamente. - O trabalho é nosso, além de que é enorme e trabalhoso. Não vou te deixar na mão, estou cansada sim, mas estamos juntas nessa não estamos?

- Claro que sim, baby. 

- Então pronto. - Sua mão subiu até o meu rosto onde Carol fez um pequeno carinho, sentia Kiana passando pelas minhas pernas, até a gata de Carol que não gostava muito de mim, gostava mais de mim do que seus pais. - Isso está fora de cogitação, ok?

- Sim, senhora! - Sorri.

- Ótimo, agora vem cá me dar um beijo descente.

Caroline me puxou pelos ombros antes de iniciarmos um beijo, suas roupas sumiram do seu corpo em segundos tais quais as minhas. Sua mãos passeando pelo corpo, gemidos e apenas a luz fraca do sol se pondo na sala. 

Quando menos nos demos conta, estávamos no chão sem roupa, o sol já havia sumido e a sala estava uma bagunça. 

- A próxima vez que você nos derrubar da cama ou do sofá, você vai pagar pela nossa próxima saída. - Carol brigou comigo rindo. 

- Amor, você sabe o tamanho do seu sofá. - Me defendi. - A culpa não é toda minha não. 

- Dayane, se nós estamos num sofá é mais do que claro que não dá pra você nos virar facilmente! - Ela riu mais ainda, sua cabeça apoiada em suas mãos que descasavam em cima do meu peito. 

- Olha, eu tenho crédito por ter te dado dois orgasmos depois de te derrubar. 

- Você não quer admitir que errou isso sim. - Ela me deu língua. 

- Quem da língua pede beijo. 

- Vem roubar. - Carol sorriu e eu puxei seu rosto para perto do meu, lhe dando um beijo. 

- Deus, eu acho que te amo. - Soltei depois que Carol se afastou, arregalei meus olhos ao perceber o que eu havia dito.

Eu já sabia que eu amava a Carol, só não iria dizer aquilo agora. Havia pensado em algo mais romântico, algo mais bonitinho e num momento menos tubuloso. 

- Você acha? - Seus olhos procuraram os meus. 

- Eu sei. - Respondi com mais firmeza do que achei que sairia. 

- Eu acho que eu te amo também. - Carol tinham um sorrisinho em seu rosto. 

- Você acha? - Perguntei, sem desviar o olhar.

- Eu sei. - Caroline devolveu. 

Sorri boba, ela me amava de volta! Carol apenas fez um carinho em meu rosto antes de me puxar para outro beijo enquanto tentávamos fazer o melhor do nosso tempo juntas. 

F: A MAMÃE DESCOBRIU TUDO! VOLTA PRA CASA, DAY! 

Inevitável - DAYROLOnde histórias criam vida. Descubra agora