4 - Segredos

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Fiquei encarando Rafael em silencio, não queria arriscar falar alguma coisa e me denunciar ainda mais. Ele pareceu respeitar meu silencio, o que não significava que não falaríamos sobre o assunto. 

- Eu disse para mamãe que iriamos almoçar fora, vou deixar que assimile as coisas, mas assim que chegarmos ao restaurante você não escapa. - Ele me encarou rapidamente antes de dar partida. - Entendeu?

Apenas concordei com a cabeça ficando quieta, eu sabia que não teria escapatória dali, eu só não sabia se queria pular do carro em movimento ou abrir um champanhe para comemorar. Sabia que de todo meu núcleo familiar, Renan e Rafael era os únicos com quem eu podia querer sonhar em receber apoio. De certa forma, me sentia aliviada de que ao menos um deles soubesse.

Eu só gostaria que pudesse ter sido um pouco mais tarde, ao menos depois que Dayane e eu oficializássemos as coisas. Porque agora nem mesmo eu sabia o que éramos. Rafael não demorou a parar o carro saindo antes de mim, mas tentei acompanha-lo. Nos sentamos mais afastados de todos e depois que fizemos nossos pedidos, ele me encarou. 

- Você perdeu totalmente seu juízo ou eu estou maluco e essa garota é só alguém muito parecido com a Dayane? - Era claro que meu irmão sabia quem era Day, ele só não a conhecia já que preferiu não se envolver no mundo empresarial e se formou em psicologia. 

- Eu perdi totalmente o juízo. - Fui honesta, tá no inferno abraça o capeta né? - Mas eu não quero recobra-lo. - Me apressei em completar, vendo seu olhar surpreso em seguida.

- Coragem. - Ele riu. - Não estou aqui para te dizer o que fazer, se é isso que está pensando.

- Então porque estamos aqui?

- Eu só queria saber se tinha certeza do que está fazendo. - Ele foi sincero, segurando minha mão que estava na mesa. - Eu sei que a gente meio que não manda muito no coração, mas você está arriscando gerar uma briga tão grande que eu não gosto nem de pensar. Não só você, mas Dayane também. 

Abri a boca para responder, mas ele levantou a mão me pedindo para esperar.

- Eu só quero que saiba que sempre vai ter meu apoio, do Renan também e antes que pergunte, eu não contei a ele, mas tenho certeza de que ele vai entender. Mas, você sabe que mamãe e papai vão ter um surto certo? - Concordei com a cabeça. - Eu diria que é até irônico que o surto deles será pelo fato de você estar namorando com Dayane e não pelo fato de que ela é uma garota. 

- Não estamos namorando. - Corrigi. - Bem, não ainda. 

- Entendi. - Ele sorriu. - Isso é recente, não é? Gostaria que tivesse me contado antes, Carolzinha, mas entendo o motivo que não o fez. 

- Desculpa, Rafa, eu tentei evitar. - Suspirei. - Sabemos da confusão que isso pode gerar, mas foi inevitável... Acho que gosto dela de verdade.

- Tem que gostar mesmo, para estar com a cara de boboca que você fica toda vez que ela te manda uma mensagem. - Rafael zoou. - Inclusive, agora você pode parar de mentir para mim dizendo que passou a noite estudando, eu escuto você saindo depois que todo mundo vai dormir. 

- Agora você pode começar a me dar cobertura para sair, isso sim. - Revidei rindo. - Vamos sair hoje a noite, inclusive. 

- Fico feliz que esteja feliz, irmã. - Ele sorriu. - Só tome cuidado para não ser pega antes da hora, fui eu quem estava passando pela garagem hoje cedo, mas podia ter sido a mamãe ou pior, o papai. 

Meu irmão estava mais que certo, eu não gostava nem de pensar na possibilidade de ter sido um de meus pais ao nos ver na garagem. 

- Não costumamos estar juntas no condomínio, mas eu dormi lá ontem. 

Inevitável - DAYROLOnde histórias criam vida. Descubra agora