23:Conhecendo o sogro

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Henri

Chegamos no salão de festa e nossas mães nos separaram, impedindo de vermos a decoração de tudo. Minha sogra me acompanhou até o meu camarim, onde está o meu terno e as outras coisas que vou usar para o casamento. Solto um suspiro pesado e minha sogra me olha pelo canto do olho.

‐ Viagem exaustiva? - ela pegou uma maleta e colocou em cima da penteadeira - Sente na cadeira.

‐ Sim, ansiedade a mil e emoções a flor da pele - me sentei na poltrona de couro e minha sogra virou a cadeira, me deixando de costas para os espelhos.

‐ Me lembro do dia do meu casamento, foi um dia inesquecível - ela começou a passar um lenço úmido no meu rosto, para limpar - Uma pena que não durou.

‐ Vou levar isso como uma conversa entre você e você mesmo - ela me olhou com os olhos semicerrados - Já estou uma pilha e prestes a me casar, não posso pensar em divórcio.

‐ Você tem razão. Hoje é um dia feliz, vamos deixar o discurso triste para depois.

Ela começou a me maquiar, enquanto Toxic tocava alto nas caixas de som embutidas no camarim. A falta de janela impedia que eu conseguisse ver qualquer coisa do lado de fora. Rebeca acabou de fazer a minha maquiagem e a porta se abriu. Um homem alto e com uma boa aparência, estava encostado no arco da porta. Seus lábios estão comprimidos em uma linha reta e seus olhos castanhos me causam uma estranha reação, como se eu já o conhecesse.

‐ Roger! - o corpo da minha sogra estava tenso e seus olhos verdes analisam com cautela atrás do homem, como se estivesse esperando alguém aparecer atrás dele.

‐ Rebeca, quanto tempo - sua voz é grave e profunda, como de um locutor de rádio.

‐ A Laura está no outro camarim - suas pernas tremem como bambu chines e eu começo a ficar preocupado com ela.

‐ Eu vim falar com o meu genro - ele deu de ombros - Não sei de nossa filha vai querer me ver.

Então era dali que aquele olhar tinha um efeito sobre mim. Minha noiva herdou os olhos castanhos, intensos do pai, e os cabelos castanhos escuros. Engoli em seco quando os dois olharam para mim e senti o meu rosto esquentando rapidamente. Me levantei e peguei uma caixa de veludo, a entregando para Rebeca.

‐ Entrega isso para a Laura. É o objeto novo.

‐ Claro, querido.

Minha sogra se retirou rapidamente do camarim e o meu sogro fechou a porta, deixando apenas ele e eu, em um ambiente tão pequeno. Me sentei no puff peludo perto da arara.

‐ Então você deve ser o Henrique? - ele se sentou na poltrona que eu estava sentado.

‐ Só Henri - meu rosto estava pegando fogo.

‐ Acredito que não tenho nenhum direito de perguntar suas intenções com a minha filha ou algo do tipo que os pais fazem quando as filhas começam a namorar - a sua postura de durão, foi substituído para de um pai vulnerável - Mas eu espero que você seja melhor do que eu fui com a mãe dela. Porque a minha princesinha merece tudo de bom na vida dela e ela já teve tantas decepção que, mas nenhuma chegará aos pés de uma decepção amorosa.

Ele carrega a mesma dor que a Laura carrega. Eu conseguia ver a tristeza escondida atrás da dureza e o modo durão. Ele estava com medo de não conseguir ter a filha novamente, mas ele também sabe que foi ele que afastou Laura para longe dele.

‐ Tenho uma coisa para você - ele se levantou e meu coração parou um segundo - Aqui está, a sua coisa antiga - ele me entregou um par de abotoaduras. Elas são quadradas com um diamante vermelho no meio e várias pedrinhas de diamante comum em volta - Elas eram do meu tataravô e agora estou passando para você, para que possa dar aos seus filhos quando casarem.

‐ Muito, obrigado. Isso significa muito, nos vemos na cerimônia? - eu não ia deixar ele ir embora sem ao menos dar um oi para sua filha - Seria muito importante para mim e para a Laura, ter o senhor presente.

‐ Estarei lá.

Ele se retirou do camarim, cumprimentando a minha mãe. Dei um abraço forte na minha rainha, sentindo a segurança e o conforto que os seus braços me trazem.

‐ Por que ainda não está vestido? Sua noiva já está quase pronta!

‐ Eu me arrumo em dez minutos, mãe.

Peguei a capa do meu terno e fui para dentro do banheiro. Troquei a minha roupa e arrumei o meu cabelo, deixando do jeito que Laura gosta. Minhas mãos estão suadas e meu coração bate forte contra o meu peito, eu ainda não errava entrando no altar, mas já estava morrendo de ansiedade para ver a minha noiva vestida com o vestido que eu escolhi.

‐ Você está maravilhoso - ela me acordou a colocar as abotoaduras - Chegou a grande hora do meu menino virar homem.

‐ O bebê vai sair do ninho e voar - sequei as lágrimas que ameaçavam escorrer dos seus olhos.

‐ Não se preocupe, vou visitar vocês muito em Madrid.

Saímos do camarim e seguimos por uma trilha de pequenas pedras. De longe consegui ver a tenda posicionada e todos os convidados sentados. Na porta principal, um arco fechado com rosas vermelhas e brancas. Por baixo da porta consigo ver a passarela que levava até a nave.

‐ Preparado? - minha mãe passou o braço, dentro do meu.

‐ Sim e com a promessa de sempre vou amar ela, com toda a minha alma.

A melodia de Photograph começou a tocar através do piano. A porta dupla se abriu, revelando a linda passarela de espelho que reflete o céu colorido em várias tonalidades de vermelho, do pôr do sol.

Grandes ranchos de tulipa, dama da noite e gardênias, enfeitam a passarela e deixam um cheiro maravilhoso no ar. Alguns dos meus amigos e familiares, vieram para o Brasil, só para me ver casar. Conhecia alguns dos amigos da Laura, que vi no seu baile de formatura. Encarei Carlos com meu olhar de matador e fiz uma careta para ele, fazendo Amanda rir da sua cara de desgosto.

A nave é coberta de arranjos de rosas vermelhas e branca. O cerimonialista me cumprimentou e o piano começou a tocar Stand By Me, as portas se abriram e os padrinhos de Laura começaram a entrar depois o meus. Meu coração batia com força, a cada minuto que passava. Tudo estava perfeito, os holofotes coloridos estavam apagados, só esperando Laura passar por eles, para ascender.

Quando a porta se fechou e nossos padrinhos já estavam sentados, todos olhavam na mesma direção que eu. Inalei a doce cheiros das flores, para tentar acalmar os meus nervos. O violino começou a tocar os primeiros acordes de Perfect, que logo foi acompanhado pelo piano, sorri pela escolha da sua música de entrada. As portas se abriram e senti o meu coração parar de bater.

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