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Olho para o jovem adormecido em uma cama de hospital, sem ter noção das horas, de sua idade, de quem ele é. De nada, ele só, dorme.
Os meus meses e os da minha família foram baseados nisso. Apenas em visitas ao meu filho.

Após Angel o encontrar desmaiado, o levamos para o hospital e ele passou por uma série de exames, até a notícia chegar.

Num sono profundo, eu poderia facilmente entender o que ele passava nesse momento. Não sabia quem era mais, o que fazia. E não sabia o que se passava na sua real mente.
Poderia ter sido um descanso para ele, um descanso que talvez seja merecido. Por mais que as coisas que ele fazia eram muito sujas.
Cadáveres.
Cigarros.
Mirtazapina.
Cocaína.
Sangue.
Remédios.
Isso, era o que encontrei em seu quarto e em seu porão. Eu, não vou mentir, me senti como se o mundo estivesse me engolindo após me esmagar.
Só ali então, que minha ficha caiu. Que eu havia cometido um grande erro. Nada, justificaria meu erro de se juntar a ele, eu escolhi essa merda, eu acabei com a minha vida. Eu não escaparia dessa.

Minhas chances são nulas de voltar ao passado. Eu espero que eles não me deixaram de me amar.
Eu fui horrível toda a vida para eles, e infelizmente, percebi isso tarde de mais.
Bem, eu não poderia escapar dele, mas poderia consequentemente, consertar as coisas antes de partir.
O Limbo, era um lugar particularmente assustador, mas refletia bem o que eu passava. Preto.
Eu não sentia nada além de, preto. O meu vazio estava muito grande, mesmo eu tentando o preencher, ele sempre voltava cada vez pior.

O tempo é um trem em contra mão, que nunca para e se choca se você não prestar a atenção.

O tempo, era algo muito valioso, que se é tirado de você, você nunca mais poderá recuperar o perdido, mas tem a opção de viver bem o próximo que você tiver.
Eu estava tentando viver o tempo que eu ainda tinha para ficar com eles. Quanto mais eu me via no espelho, menos eu me enxergava.
Não sabia se estava fazendo o certo, mas a depressão, é como uma doença, que te pega tão desprevenido, que remédios para se curar são praticamente um sumiço. Eu não sabia que iria acabar assim, se eu soubesse, dava meia volta com todas as minhas forças que meus pés pudessem suportar.
O cordeiro em pele de lobo, o cordeiro para o abate,
Então, que o verdadeiro lobo o mate.
Ninguém, é melhor que Ninguém.
Seja, mas o preço da sua ganância é sua vida.
Não desmorone duas vezes por dia.
Diga a eles, o que você já ouviu, o que passou.
Se a porra do "Eu te amo" fosse uma promessa, nós quebraríamos, se fossemos honestos?
Palavras que machucam mais do que facas.
O coração, é duvidoso, mais do que um leito doloroso.
Porquê eles ainda nos machucam?
Porquê eu não me reconheço?











Não é como se eu estivesse com medo daquilo, era até que, confortável. Eu estava mais do que aliviado em pensar de que finalmente estaria descansado.
Talvez isso seja uma cruel piada sobre mim mesmo, bem, tanto faz.
Há muitas coisas que eu odeio em mim mesmo, eu não poderia dizer isso apenas a mim mesmo, sei que o futuro irá ler isso, e eu não tenho certeza do que escrevo aqui. Meu legado, preciso tirar esse peso de cima de mim antes que seja tarde de mais.
Você é inseguro,
'Tua raiva é tão descontrolada, que você explode com todos,
Você sempre aceita as injustiças que acontecem com você,
É sempre o culpado de tudo.
Porquê não consegue simplesmente esquecer ela?!
ELAPODESERSUAMAEMASNAOPODETEHUMILHARDAQUELEJEITO.
Você não revela o que você passa,
Quantas vezes você quase desabou em apenas receber a merda de um abraço?
Você é grosseiro e não consegue mudar isso,
O que mais me dói nisso aqui, é que estou falando de mim mesmo.
A luta, era muito grande, mesmo, tanto que eu já não tinha muitas forças para seguir a minha caminhada, eu só queria colocar um fim naquilo, por favor! METIREDAQUI
Meus passos por aquele Limbo pareciam intermináveis, eu estava caindo, sem um ponto definido.
Eu estava bem ali, sem ter entendimento de nada, a única coisa que eu sabia que tinha que fazer, era sair daquele lugar, por mais que eu morra no processo.
Talvez seja a hora de parar.





















A-
AC-
ACO-
ACOR-
ACORD-
ACORDE-
ACORDE Adam




















Meus olhos não desviavam de seu rosto por um sequer segundo. Ele, de um jeito parecia comigo.
Não estou falando de aparência, mas sim seu interior.
Seu coração estava perfurado assim como o meu, tão profundo.
Saio dos meus devaneios quando ouço a porta abrir, revelando minha esposa.
Como posso dizer? Ela ainda continuava linda.
Seus olhos continuavam os mesmos, sem nenhuma dó.
Os olhos que me fizeram me perder, e agora, não consigo escapar.
Eu estava presa no limbo junto com ela, sem nenhuma via de escape. Aliás, eu queria escapar?
Seus passos leves me levavam como uma música que suavemente, trazia a uma pessoa o seu sono.
Eu ainda estava estupidamente apaixonada nela.
Meu estômago ia as nuvens quando eu a via, quando ela olhava pra mim, meu corpo não me obedecia.
Seu rosto pode ter ganhado alguma rugas, mas eu reconheceria minha Madeleine de qualquer jeito. Ruiva, morena, de olhos castanhos, negra, de qualquer jeito.
Seu jogo ainda me vencia, e eu por algum motivo amava o perder.
Se fosse para ter seu abraço de novo, eu estou pronta pra perder mais uma vez.
Ela era tão insistente, sua determinação era uma das coisas que mais me chamava a atenção. Porquê ela ainda não me deixou? Porquê?




















Ela fez aquele ato dos filmes, de trocar as flores que estavam em um vaso de vidro, substituindo-as por outras brancas. Seus olhos encontraram seu rosto após fazer isso.

Seu suspiro era tão cansado quanto os meus.

--- Fazem... Fazem seis meses que ele está assim, já era pra ele ter acordado --- Ela fala após seus seu peito subir e descer parecendo preocupada.

Não respondi, afinal, o que eu responderia? Aquela, seja lá se for afirmação ou pergunta, tinha resposta?

Olho para ela perguntado isso.

--- Ele não está com medo... Saiba disso --- Digo isso me aproximando dela.

--- Billie, eu realmente estou com medo --- A mais baixa fala com seus olhos marejados. Estendo minha mão e acaricio seu macio rosto sem expressão alguma.

--- Você é muito medrosa, não deveria ser assim --- Indago para a mesma soltando sua bochecha, ela não me olha.

Nesse momento, uma quarto pessoa se encontra na sala.

Seus olhos parecem refletir a esperança, mas logo se apagam quando veem Adam.

--- Ele ainda não acordou...--- Lilly fala em um tom triste.
Pode parecer estranho, mas descobrimos que Adam não havia mandado ela embora, e a "criava" dentro de seu quarto. Ela aparenta a ser bem mais nova, mas tinha a idade de meu filho.

--- Não, mas tenho fé que ele vai --- Minha esposa a consola com um leve sorriso.

Tudo mudou nesses seis meses, a barriga de Angel cresce cada vez mais, era notável que seu bebê estava se desenvolvendo rápido. Eu fui uma mentirosa, quando se trata do "você não é mais minha filha".

Claro, eu ainda não conversava com ela, porém, vendo Madeleine a amar e a aconselhar, sem remorso algum, deixava meu coração quentinho.
Talvez algum dia ela saiba que eu a perdoei.

Angel era um dos meus bens mais preciosos, junto de seu irmão e de sua mãe. Eu nunca poderia deixar de ama-los do jeito que eles me amam.

Lilly, como Adam a chamava, parecia perdida olhando seu rosto.




















A-
AC-
ACO-
ACOR-
ACORD-
ACORDE-
ACORDE Adam
















































































Billie.

PARASITA IIOnde histórias criam vida. Descubra agora