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Meus olhos se abrem milagrosamente, pois alguma coisa que cogitei ter uma coloração amarela. E eu estava certa.

O lugar era como o quarto branco, sem janelas, sem portas, sem vida, apenas eu ali sozinha. Digo, quase.

No mesmo, havia uma escada de cor vermelha, destacando no cômodo. Levanto olhando para baixo vendo minhas roupas, que combinavam com a escada.

Sem nada a fazer, subo ela me sentando no topo. Me penduro ali de várias maneiras. Logo, algo impacta sobre meu corpo, me fazendo cair no chão colidindo minhas costas no frio e duro.

Olho irritada para o que me empurrou, e avisto uma figura semelhante. Espera, que porra?

A silhueta não era parecida, semelhante, mas sim, idêntica a mim! A única coisa diferente era que meu cabelo estava cinza.

Uma pergunta surge em minha cabeça e paira nela. Eu estava assim nos outros? Aquela era minha aparência?

E então, mais e mais perguntas foram surgindo, e nenhuma delas pareciam ter resposta ou serem concretas. Eu deveria perguntar quem ela era? O que eu estava fazendo ali? Porque ela era igual a mim?

Aquelas perguntas sem respostas duraram enquanto eu olhava para "mim" petrificada com o que estava vendo. Ela no entanto, me encarava sem expressão alguma em seu rosto.

--- Billie...--- Ela murmurou me olhando. Até a voz era igual.

--- Billie...? --- Sussurro confusa para ela. Ela se abaixa até ficar até minha altura me olhando de cima abaixo.

--- Você não passa de uma cópia quebrada --- Ela exclama para mim, logo em seguida me dando um tapa fazendo com que meu rosto vire. O que?

Processo ainda o que aconteceu. Quem essa vagabunda pensa que é? Ainda mais falar que eu sou a cópia?

Olho para ela com raiva me levantando, e ela se levanta junto. Era assustador que até na altura éramos iguais.

--- Quem raios você pensa que é para falar e fazer isso comigo? Você que é a cópia aqui, garota --- Falo próxima ao seu rosto que dá um sorriso debochado.

--- Ah é? --- Ela arqueia uma sombrancelha --- Você está ficando fraca --- Ela passeia ao meu redor.

--- Abra os olhos, Billie --- Ela para atrás de mim, ao pé do meu ouvido --- Acha que pode me vencer, mas não pode --- Ela sussurra. Me livro do seu toque em meus ombros bruscamente.

--- Seus amigos já eram, morreram, por sua causa --- Ela levanta seu braço abrindo sua mão, criando uma imagem de todas as minhas amizades mortas, de todas as formas. Enforcados, esfaqueados...

Meus olhos se arregalam um pouco ao ver aquela cena, porém não deixo me abalar. Era uma ilusão, certo?

--- Você falhou com eles --- Ela para ao meu lado, colocando seu braço em volta do meu pescoço --- Você falhou... Com todo mundo --- Sua voz se torna mais grossa se aproximando do meu ouvido, fazendo com que meus olhos lacrimejantes fiquem.

--- Principalmente... Com eles --- A imagem de meu irmão e minha mãe no dia do acidente, com seus corpos carbonizados a minha frente, fez meu coração gelar, e minha boca se abrir. Ao
lado deles, a imagem de meus filhos gritando por meu nome, chorando, implorando. Ambos, debilitados.

Seus gritos agonizando em meus ouvidos, queimam.

Empurro ela para longe de mim.

--- Pare de mentir! Você não é real! --- Falo lutando contra as lágrimas. Seu sorriso passa de deboche para malícia.

--- Principalmente... Com ela --- A imagem de Madeleine surge a minha frente. Ela estava ensanguentada da cabeça aos pés.

Ela me olhava espantada, como se eu tivesse a dado trezentos tiros de uma vez só.

Como um tiro em meus miolos, me deixo explodir em lágrimas. Meu chão havia partido abaixo de mim, engolindo todos os meus pensamentos restando apenas um: O que eu fiz?

Eu não consigo me mexer, gritar, estava com medo de tudo, até de piscar. Todos os nossos momentos juntos passaram como flash em minha cabeça.

Eu só queria que naquele momento, alguém me tirasse dali. Uma tortura mental começava, meu ouvido zumbia cada vez mais que eu olhava eles. Por fim, vou até Madeleine, que ainda permanecia na mesma posição.

--- Maddie! O que aconteceu?! Fica comigo, por favor! --- Grito banhada em lágrimas segurando seu rosto ensanguentado.

--- Billie... Por que? Fez isso comigo --- Sua voz falha a cada vez que sua boca se abre. Ela olhou para seu coração --- Você falhou com todos nós...--- Sua voz se torna amarga a cada vez que ela ergue sua cabeça para mim.

--- Não! Eu não fiz nada! --- Me afasto deles, os vendo ficar cada vez mais deformados a medida que se aproximam de mim. Seus julgamentos todos ao mesmo tempo ficando cada vez mais altos.

Quando eu percebi, já me encontrava encolhida no canto de uma das paredes com as mãos nos ouvidos, tentando abafar tudo aquilo.

Abro meus olhos minimamente vendo, a outra Billie com um sorriso macabro, coberto por sangue, com asas pretas gigantescas.

Fecho eles novamente, sentindo um peso sob minhas pálpebras novamente, e desesperada para sair dali, deixo o sono me possuir.













































































Billie

PARASITA IIOnde histórias criam vida. Descubra agora