PARASITA II

18

--- Ah! Caralho...--- Resmungo após um dos cavalos dar um coice no feno, fazendo que se espalhe. Olho para o mesmo em decepção, enquanto ele ignora meu olhar sobre ele.

--- Garoto! Eu desisti de você! --- Bufo irritado saindo da cela dele fechando a portinha e saindo do celeiro.

--- Adam! Cara, venha aqui! --- Olho para o lado vendo Mike correr até mim acenando. Paro esperando ele vir até mim.

Ele chega até mim apoiando suas mãos em seus joelhos ofegante, já que o sol forte cansava muito mais uma corrida.

--- O seu pai 'tá querendo falar com você, acho melhor você ir, ele parece estar furioso --- Ele diz após se recuperar tirando o suor de sua testa. Merda, o que aquele velho ranzinza quer agora?

Respiro fundo já imaginando o que iria acontecer. Ou ele me chamava para falar das merdas que faço ou que deixo de fazer, ou jogar suas frustrações em cima de mim.

Meu pai, ele era tão duas caras... Eu me afastei dele por causa disso.

--- Ok... Já estou indo, até mais --- Aceno para ele que faz o mesmo ato, seguindo para casa. Ando lentamente para lá, opto por aproveitar os últimos minutos que não tenho alguém gritando em meu ouvido.

Após chegar na frente da cabana, respiro e inspiro. Coloco minha mão na maçaneta e abro dando de cara com meu pai impaciente com seus braços cruzados.

Após colocar meus dois pés dentro de casa, sinto o medo atrás de mim;
Aquela sensação diária que eu tinha, já não era mais algo tão importante para mim, ele e minha mãe me faziam ter esse sentimento todos os dias. Era como se eu estivesse na prancha de um navio como aquelas malditas princesinhas prestes a virar comida de tubarão.

Ficamos em silêncio por longos segundos, e eu não me atrevi a mexer um músculo sequer. Após ele bufar, o medo que estava atrás de mim saltou, e parou bem ao pé do meu ouvido.

--- Você... Eu não tenho nem palavras pra falar pra você --- Ele faz uma pausa com seu olhar mortal esfaqueando minha alma --- Que porra você tem na sua cabeça? Hum? --- Ele me questiona mais do que furioso. Sinto meus olhos lacrimejantes como os de uma criança, e ao notar isso, ele vem até mim colocando suas mãos no colete que eu usava por cima da camiseta social me encurralando na parede.

Como sempre, o medo me seguiu, e ficou no meio de mim e de meu pai, ficando cara a cara comigo.

--- Me responda! --- Ele grita, fazendo com que um arrepio percorra meu corpo.

--- E-Eu não sei... --- Indago com receio. Após ouvir isso, ele me solta bruscamente.

--- Ah não sabe! Você nunca sabe de nada, não é Adam? --- Ele exclama irônico.

--- Eu realmente não sei pai...--- Não consigo olhar em seus olhos temendo o que aconteceria.

--- Então, eu vou refrescar sua memória --- O mais velho diz pegando um pacote em cima da mesa, abrindo, revelando um canivete afiado dentro dele --- Lembra disso aqui? --- Ele pergunta.

Olho para o objeto confuso. O que?

--- Isso, foi o responsável das mortes de hoje --- Ele se refere a lâmina.

Oh! Soube que houve um massacre na escola da vila, e o assassino é um dos alunos. Os assassinados tiveram suas gargantas brutalmente cortadas. Eu, por algum motivo, não me importei muito com aquilo.

Ele estava me acusando de cometer aquilo? Não!

--- Mas eu não fiz nada! --- Exclamo me defendendo, trazendo um olhar ainda mais irritado do meu pai fazendo com que ele largue o pacote bruscamente sobre a mesa.

--- Como não Adam?! Aquela merda foi encontrada caindo da sua mochila quando 'tu 'tava correndo! --- Ele grita gesticulando.

--- Mas eu não fiz porra nenhuma! Eu não levei isso pra escola! --- Grito na mesma altura. Ele parece estar explodindo.

--- Cale a boca! Você sabe que eu posso ser preso por uma coisa que eu não fiz! Você está passando dos limites garoto! --- Ele me agarra me encurralando sob a mesa.

--- Mas eu não fiz nada! Eles estão mentindo! --- Grito assim como ele. Adam?

No mesmo momento que gritei isso, um soco é depositado em meu rosto, fazendo com que meu corpo perca o equilíbrio caindo para trás empurrando a mesa, e assim, pressionando minha cabeça sob a quina.

Estou tão cansado de mim mesmo
BONECOBONECO
Porquê me machuca tanto?
EUESTOUDANDOMEUMELHOR

Me obedeça!
Eu que mando em você!
Você está me matando de vergonha!
Não quero ter um filho como você!

As palavras ecoam em minha cabeça embaralhadamente, me fazendo ficar cada vez mais tonto a medida que meu pai grita. Minha cabeça dói...

Minha visão se encontra turva e escura, e por fim, deixo o escuro me consumir.

Escuro
Medo
Solidão
Machucados
ChoroBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIEBILLIE