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Meus olhos parecem estar presos a algo, que consequentemente não consigo ver. Meu corpo fica cada vez mais paralisado a medida que eu tento o mexer, sendo obviamente em vão. Minha cabeça tenta mexer pelo menos um centímetro, mas ela também não consegue.

Algo, ou alguém, me forçava a olhar para um ponto indesejado. Duma das paredes brancas, posso ver uma figura estranha, alta, preta, assustadora, tudo o que possa existir de ruim.

Eu ao menos consigo gritar, pois algo ou alguém tapa minha boca invisívelmente. A cada passo da criatura sinto vontade de correr, mais do que adiantaria se o quadrado só tem quatro lados?

Ele se aproxima cada vez mais, até estar poucos centímetros de meu corpo, ele era 5× mais alto que eu. Sinto lágrimas gordas surgirem do escuro e se formarem em meus olhos de medo.

Billie
Billie
Billie
Billie
Billie
Billie
Billie
Billie
Billie
Billie
Billie
Billie
Billie
Billie
Billie
Billi-
Bill-
Bil-
Bi-
B-

A voz da criatura se distorcia cada vez mais ao falar meu nome, com a única oportunidade de mexer os olhos, os fecho para não ver o que o bicho iria fazer.














































Meus olhos se abrem, não muda muita coisa já que estou no mesmo quarto branco, uma das únicas duas diferenças é que agora posso me mover. A outra, várias mãos, não sei distinguir o de que gênero já que estão com luvas pretas, se encontraram nas paredes com agulhas com algo dentro.

Não tenho tempo para reagir, todas me agarram me forçando a agachar. A roupa branca que eu usava, é facilmente rasgada, e então, aquelas mãos enfiam as agulhas com algo que eu não sabia em minhas costas.

Meu corpo inteiro mole está, e só desperta com uma dor insuportável de trás, meus gritos ecoam pelo cômodo sem porta alguma. Sinto minha pele rasgar e novamente, lágrimas se formam em meu rosto

Meus olhos ardem, ardem como o inferno. Minha boca então, parece que há algo dentro, um bicho, um líquido, não sei.
Minha visão escureceu.

O chão se abre sob meus joelhos, me derrubando. As grandes asas brancas e penadas, aumentam a velocidade, o vento bate sob o meu rosto, e tudo o que penso é a morte. A morte nunca foi algo que me assustou, afinal, estava a condenada a nunca encontrá-la.

O mundo está um pouco borrado, ou talvez seja meus olhos. Nuvens brancas e cinzas, passam pelos os meus olhos enquanto caio. Meu corpo passa por elas facilmente.

O céu parecia ainda mais distante, e por fim, sinto minhas costas colidiram com algo.

Não era duro, nem macio, mas sim gosmento, líquido, preto. Isso é petróleo?

Bem, minha única reação é tentar sair dali de dentro, obviamente. Me arrasto por aquela gosma que me prendia cada vez mais que eu me mexia.

As grandes penas não cabiam ali, então ficavam para fora. O local em que me encontrava, parecia uma cidade, cuja o petróleo estava em uma espécie de buraco, que ficava afastado de tudo e de todos.

"Nado" para fora dali, com dificuldade, me colocando de pé, perdendo cada vez mais o equilíbrio. Caminho, tentando achar alguma saída daquele lugar.

As asas, pesavam, ainda mais cobertas pela gosma preta, deixavam um rasto enorme de petróleo conforme eu andava.

Elas começam a queimar, mas aquilo não me afetou. Com o fogo em minhas asas, toda a minha volta também começou. Logo, minha visão começou a pesar, a escurecer e eu já não tinha mais forças para me manter de pé.

PARASITA IIOnde histórias criam vida. Descubra agora