PARASITA II

19

Acordo, isso já tá ficando repetitivo. Dessa vez estou no meu pequeno quarto, que nem de quarto aquilo podia ser chamado, faltavam muitas madeiras e só haviam um velho guarda roupa sem as portas e uma cama, também velha, que por sinal eu odiava dormir ali.

Levanto dela sentindo um pano em volta de meu rosto direito, com uma bolsa de gelo. Já estava acostumado, ele me batia e cuidava de mim para ninguém desconfiar.

Saio dali, indo em direção a cozinha não encontrando ninguém lá, ele já deve ter saído. Vou em direção a porta saindo da cabana seguindo meu caminho para o castelo.

Lentamente, a grande estrutura vai crescendo diante meus olhos á medida que avanço para chegar nos portões. Passo por eles e pelos guardas calmamente encontrando o rei.

--- E então? Descobriu algo? --- Ele fala após me ver.

--- Não...--- Respondo sem expressão alguma. Ele me dá um tapa, não se importando com meu rosto enfaixado.

--- Descubra sobre eles! Ou se não, vou ter que matar você, e mais outra pessoa e por mim, vocês dois já estavam mortos --- O mais velho diz friamente, se virando com sua grande capa azul e sua postura arrogante.

Suspiro. Eu realmente não quero morrer, mas também, não quero perder ele...

--- Adam! --- Ouço meu nome ser chamado pela voz mais doce que já ouvi, rapidamente viro meu rosto para ve-lo e vou de encontro a Mason.

O abraço sentindo seu perfume de haxixe.

--- Como vai? O que ele falou pra você? --- Ele pergunta preocupado.

Desvio meu olhar, não querendo falar sobre o assunto.

--- Aquele desgraçado...--- Ele murmura com raiva, logo depois solta um suspiro.

Ele encosta seus lábios nos meus, me confortando.

--- Vai ficar tudo bem, ok? --- Ele acaricia meu rosto com seu dedão, e eu assinto.

Ficamos ali por mais alguns minutos, e então ouvimos uma voz.

--- Senhor Mason, o rei está te chamando...--- Olhamos e vemos Carol nos olhar com um sorriso no rosto. Ela era uma dos poucos que nos apoiavam.

Mason revira os olhos, e como despedida me dá mais um selinho, e se retirando. Carol o segue, e assim os dois somem da minha vista.

Ele me desconcerta...

Decido ir embora, já que eu não teria muita coisa pra fazer aqui mesmo. Sigo meu caminho para outro lugar, que não seja minha casa.

Pelo caminho, chuto pedras que estavam por ali, levanto minha cabeça e vejo uma criança correr até mim, ela parece desesperada.

--- Adam! Corre! Irmã! Eu...--- A pobre menina não consegue ao menos falar, pois sua respiração está muito ofegante.

--- Calma! Respire, me conte o que aconteceu --- A acalmo fazendo-a respirar várias vezes para falar.

--- Sua irmã! Eles estão tirando sarro dela, e quando tentei impedir eles me agarram, mas eu consegui fugir! Só corre para atrás da escola --- Ela fala rápido, mas eu consigo entender. Nesse momento, corro o máximo que posso para o local. Mesmo que minhas pernas estejam falhas, eu não paro.

Após chegar, encontro um bando de crianças mais velhas em volta da minha irmã tirando sarro dela.

--- Vazem daqui seus pirralhos de merda! --- Grito indo em direção a eles que parecem não sentir medo ao me verem.

--- E o que você vai fazer, "irmaozão"? --- O tal "líder" deles, zomba, fazendo minha raiva despertar. Calma Adam, não as pique como você fez com os outros...

Dou um sorriso forçado, me abaixando para ficar a altura do garoto.

--- Sabe os assassinatos que ocorreram hoje? --- Pergunto para o garoto que junta as sombrancelhas, e assente receoso --- Então... Eu soube que ele mata apenas as pessoas gananciosas, arrogantes, e principalmente essas pessoas que se acham melhores do que os outros --- Eles pareceram entender que estava me referindo a eles --- Então, para o bem de vocês, acho melhor vocês derem o fora daqui se não quiserem acabar em um caixão! --- Exclamo para eles que ficaram assustados e saíram correndo.

Sorrio para minha irmã, que suspira aliviada e depois agradece.

--- Cara, é sério, você tinha que ver a cara deles quando o Adam os espantou --- Louise comenta para Andrew que aparentemente está desinteressado.

--- Sério mano, isso não é novidade, não é atoa que quase todo mundo tem medo dele --- Drew fala jogando sua cabeça para trás enquanto eu só olho. Bem, era verdade.

Louise olha para mim sinalizando algo. Oh!

--- Ei Drew... A gente só vai pegar umas mangas pra nós, logo logo estamos de volta --- Me levanto do sofá falando para Andrew que levanta seu polegar em resposta.

Eu e Lou saímos do galpão e fomos para a vila.

--- E aí? Como foi? --- Ele me pergunta enquanto caminha ao meu lado.

--- Você sabe, além de me dar esse soco, ele ainda falou várias merdas para mim --- Digo respirando fundo.

--- Cara, nem se importa com isso. Ele nem é seu pai --- O rapaz me aconselha.

--- Sim! Mas eu não sei, as palavras deles machucam, eu não consigo explicar...--- Chuto uma pedra.

--- Blackwell está insuportável, não sei como mamãe aguentava aquele traste --- Falo arrancando uma maçã de uma árvore e logo depois a mordendo.

--- Era sua mãe, ela o amava --- Lou fala.

--- Sim... Minha mãe era muito boa, até demais --- Suspiro ao lembrar dela.

--- Pensa nisso não. Vamos atrás das mangas se não Andrew vai dar mais uma daquelas de curiosidade e não nos deixar em paz.

--- Sim --- Falo dando risada.

Billie