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--- Quando ele vai acordar? --- Pergunto receosa ao médico. Porra, já fazem 9 meses que ele está adormecido e nenhum sinal, nem um movimento, nada.

Ele olha para mim parecendo cansado, depois olhando para sua prancheta e por fim, para meu rosto novamente.

--- Não sabemos, Senhorita Eilish...--- Ele murmura suspirando. Provavelmente cansado das incontáveis vezes que perguntei quando meu filho iria acordar. Eu não tenho culpa, ora, acho que qualquer mãe que ama seu filho ficaria assim também, certo?

Olho para o chão e me fixo ali por alguns segundos, e depois volto a realidade assentindo, dizendo que ele poderia ir. Ele se retira.

Esfrego meu rosto com a palma das mãos. Sinto meus olhos encherem de água e meus lábios tremerem descontroladamente.

Sinto minha garganta secar e por fim, lágrimas salgadas escorrerem lentamente sobre meu rosto, molhando minhas roupas.

Pensamentos negativos me cercam me deixando nervosa, e logo, as lágrimas de tristeza, se transformam de raiva e dor. Essa merda não era justa. Por que? Por que?!

Qual é o problema dele? Por que ele não me deixa em paz?

Sinto minha cabeça latejar a medida que penso nos fatos recentes.

Agarro a mesma, deixando com que meu corpo me guie para o canto da parede mais próxima, sentindo o grande peso em minhas costas me pisotear.

Minhas mãos deslizam por meu rosto enquanto eu desabo.

Todo o sentimento de pressão, tristeza, melancolia, cai sobre mim de maneira que não possa suportar.

Meu corpo inteiro treme, resultando em um grande ataque de pânico, de tiques e de choro todos juntos.

Soluços altos escapam da minha boca, enquanto minha visão fica turva pelas lágrimas.

Escondo minha cabeça em meus joelhos, não aguentando mais isso. O que eles pensariam de mim?

A insuportável dor de cabeça dá a mim a sensação que vai estourar meus miolos a qualquer momento, fecho minha mão direita em punho, começando a bater em minha têmpora.

Assim que levanto minha cabeça, não consigo ver claramente, mas posso ver uma seringa com algo dentro.

Olho para o objeto pensando no que iria fazer.



























































































Sinto minha cabeça ser levada para frente e para trás pesadamente. Minha visão está distorcida, com várias criaturas desfiguradas em meu campo.

Fecho meus olhos sentindo meu corpo leve como pena. Minha respiração falta, fazendo com que eu anseie por ar.

Logo, vozes em eco surgem aos meus ouvidos, causando em minha cabeça uma grande confusão. Gritos, suponho?

Como já estava de olhos fechados, apenas deixei o sono me levar.














































Abro meus olhos, sentindo minha cabeça doer como nunca. Olho ao redor piscando repetidamente por causa da luz, vendo que estava na cama de um hospital.

Coloco minha mão em meu rosto, não acreditando no que eu havia feito. Levanto na cama, ficando sentada, vendo os aparelhos.

Respiro fundo, olhando para meus joelhos cobertos pelo edredom quente posto sobre minhas pernas. O que eles iriam pensar de mim? Que Billie Eilish pirate Baird O'connell, uma das maiores empresárias, se dopa por motivos bestas?

A porta é aberta, e logo, minha esposa, e filha prestes a dar á luz, entram no quarto parecendo preocupadas.

--- Mãe! Você nos matou de susto! --- Angel exclama assustada.

--- Billie...--- Minha mulher sussurra olhando para mim. Sinto minhas bochechas corarem instantaneamente, não sabendo bem se era por me encontrar naquela situação ou por ouvir meu nome sair de seus lábios. Olho para minhas mãos.

Minha filha vem até mim, olhando cada detalhe do meu rosto para ver se eu estava bem. Após isso, ela dá um suspiro de alívio.

Ela iria abrir sua boca para falar, porém Madeleine a corta.

--- Filha, você pode nos deixar a sós? --- Ela diz olhando para Angel, que olha para ela e depois para mim, por fim saindo.

Maddie a acompanha com o olhar até ela fechar a porta. Ela se dirige até mim, parando a centímetros do meu rosto, fazendo com que minha respiração comece a faltar.

Quando estava prestes a tomar o ato de puxa-la para um beijo, ela me impede de fazer isso, me dando um tapa. Que... Porra?

Meu rosto vira com o impacto, e me deixando impactada!

Fico alguns segundos naquela posição processando o que havia acabado de acontecer, e finalmente viro meu rosto para ela, com meus olhos escurecidos.

--- Por que fez isso, Madeleine? --- Falo para ela com minha voz amargurada, e percebo que seus olhos estão cheio de lágrimas. Meus olhos voltam ao normal.

--- Porra Billie! Por que não entende que só quero seu bem?! Você passa noites e dias naquele maldito escritório! Sem ao menos dar sinal! Tem ideia de quantas vezes tive que cuidar de nossos filhos sozinha, por que a mãe deles estava "trabalhando"?! --- Ela fala parecendo estar com raiva. Eu por outro lado, apenas ouço calada.

--- Quando vai entender, que eu me casei com você por amor? Hm? Eu odeio a velocidade que você mudou desde que o Adam e Angel nasceram. Mas olha só! O Adam, está na porra de um coma, Angel está com uma criança na barriga e você só pensa nesse seu trabalho! --- Ela grita atravessando minha alma com suas palavras. Era verdade o que ela dizia.

Ela respira fundo olhando para mim.

--- Qual é o seu problema, Billie Eilish? Por que mudou tanto? --- Ela pergunta num sussurro, agora é minha vez de explodir.

Antes que eu perceba, lágrimas salgadas desciam por meu rosto.

--- Eu ainda te amo muito, mas não sei se ainda sente o mesmo... Eu só quero fazer você se sentir bem, mas tudo o que você faz é olhar para o outro lado. Tem ao menos ideia de quantas noites eu chorei por você em nossa cama? Quantas vezes seus filhos perguntaram de você tarde da noite, e eu nunca tive algo para responder? --- Ela fala olhando para mim, com muita dor, uma dor que me era transmitidas também.

Ela se aproxima mais de mim, segurando nos dois lados de meu rosto, colando nossas testas.

--- Me diga, Bill. O que 'tá acontecendo com você? --- Ela sussurra para mim encostando seus lábios nos meus.

Minhas lágrimas molham suas mãos, e ela apenas me puxa para um abraço que não excito, e desabo ali mesmo.

Meus soluços são abafados por seu pescoço enquanto eu a aperto ainda mais.

Seu abraço me faz querer ficar ali e ao mesmo tempo sair correndo, ela olha para mim, vendo meus olhos vermelhos de tanto chorar. Ela da um beijo na ponta do meu nariz em um ato de me reconfortar.

Ela se deita comigo na cama e me puxa para os seus braços. É engraçado como a alguns anos atrás, eu que interpretava esse papel, e ela o meu. Parece que as coisas realmente mudaram.





























































































Billie

PARASITA IIOnde histórias criam vida. Descubra agora