PARASITA II

23

A sonolência finalmente sai do meu corpo, permitindo-me abrir meus olhos e meu corpo dar um sobressalto violento.

Eu estava no mesmo lugar, com a mesma escada, com as mesmas roupas e com o mesmo olhar assustado. Olho ao redor buscando por dessa vez uma porta para escapar dali, só que realmente, não havia nada.

Meus olhos começaram a lacrimejar cogitando a ideia de estar acorrentada a esse ciclo infinito. Me arrasto até parede mais próxima me encolhendo ali sentindo o ar faltar.

Involuntariamente, minhas pernas teem seus músculos dominados por um estremecer incontrolável, que por mais que eu colocasse a palma de minhas mãos sob elas, elas não parariam de trabalhar nem por um segundo. Logo, minhas mãos também ficam fora de meu controle começando a me desesperar.

Curvo um pouco meu pescoço em um ato que adivinha? Também involuntário. Sinto-me como se o mundo fosse acabar ali mesmo, como se uma bomba atômica caísse sobre mim a 5 minutos, e eu já soubesse o que iria acontecer.

Minha respiração começar a faltar cada vez mais, fazendo com que meu peito suba e desça rapidamente, e então, eu sair completamente de mim.

Eu já não controlava mais o que eu pensava ou o que fazia, só conseguia balançar meu corpo para frente e para trás, deixando lágrimas gordas de dor, sofrimento, desespero e medo caírem sob minhas roupas as deixando com uma cor um pouco mais escura.

Pensamentos me deixavam atormentada, como se eu não conseguisse sair dali, como se tudo que eu havia feito, tinha sido em vão.

Arrasto minhas mãos para os meus olhos deixando soluços altos escaparem de minha boca. Engasgo com minha própria saliva, pois eu parecia o oceano quando está turbulento.

SAIADALISAIADALISAIADALISAIADALISAIADALISAIADALI

Meu pensamento só se baseava nisso, sair dali, não importava a maneira que fosse.

Logo, como um flash, consigo espionar pelas frestas que minhas mãos deixavam que o quarto não era mais amarelo, e sim, branco.

Enxugo minhas lágrimas com a manga do moletom branco que eu usava agora. Sinto meus olhos inchados por chorar muito.

Olho ao redor, vendo que o cômodo era totalmente plano. Da cor branca, e somente um espelho ali.

Olho para ele, vendo meu reflexo. E agora percebo, minha situação tão deplorável.

Para ser sincera, eu não me reconheço mais. Os problemas veem com cada vez mais força, para que me derrubem. O vazio está impregnado dentro de mim, que não se preenchia com absolutamente nada.

Por mais que eu estivesse por fora feliz, por dentro eu ainda me sentia como se eu estivesse cansada demais para isso. O sentimento de não ser boa em nada, me atormenta dias após dias. Horas após horas. Minutos após minutos. Segundos após segundos.

A todo momento quando eu menos espero, me pego pensando num futuro que não existirá muito em breve. Chorando pelos erros do passado, como se não houvesse curas para eles.

Na minha cabeça só se passava uma pergunta: Qual é o meu propósito?

Eu realmente não aguento mais ter que dar tudo de mim a eles, para no final, estarem cada vez menos satisfeitos. Estou cansada dessa merda toda.

Se quer algo de mim, por que não falar de uma vez?

Odeio o fato de eu estar procurando algo completamente inútil, eu estava acabando comigo mesma por nada. Realmente, nada.

Sinto como se eles gostassem de ver a nossa derrota, brincando com nosso mental como se fosse boneco.

Apenas cale a boca, você não sabe o que eu 'tô passando, não sabe o que é se sentir insuficiente a todo momento, não sabe o que é correr infinitamente, mesmo estando cansado disso tudo.

São milhares de inseguranças que desenvolvemos por conta de traumas, problemas, confusões. Se eu pudesse, faria um acordo com Deus e faria com que eles nos trocasse de lugar.

Me diga que o amor é infinito com as suas falsas palavras, e então vou fingir que acreditei. Caindo nesse buraco negro, a onde está o fim desse sofrimento?

Me sinto mais assustada do que nunca, tentando lembrar de algo que não tenho a mínima certeza se realmente o fiz. Estou realmente cansada.

Então, quando eu me for, não chore
Pois não importa o quanto implore
Não irei voltar nem que o mundo desmorone.

Não seja idiota a ponto de se drogar por mim
Pois eu sou apenas uma corrida sem fim.

Em breve, eu realmente irei
Não lamente por como errei
Mas sim, por quanto te amei.

Eu vou colocar um ponto final nisso
Por que não estou mais aguentando lutar por algo insensível.

Não aguento mais me ver como se não fosse nada
Por que estou rodeada de pessoas, mas não me sinto amada.

Não é justo, que eu fique feliz tão rapidamente
Para no final, me apunhalarem tão brutalmente.

E então, peço perdão a aqueles que me amaram
Pois não quero que sofram por um erro que adicionaram.

Olhando para o espelho, sinto um vento bater contra meu peito, mas não era um vento gelado, um vento reconfortante.

Me vendo naquele reflexo, me aproximo, ficando cara a cara comigo mesma.

--- Eu não quero ser você, nunca mais --- Falo num tom surpreendentemente confiante que até eu me impressionei.

Logo um sorriso surge em meu rosto. Estava determinada a fazer isso.

A sonolência que já havia me acostumado vem, então só me deixo
Levar

A-
AC-
ACO-
ACOR-
ACORD-
ACORDE-
ACORDE Billie

Billie