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Atualmente, eu estou bem ocupado. Pois, manter Lilly dentro de meu quarto, dar apoio a minha mãe, ir para as aulas inúteis que Eilish arrumou para mim e ainda a escola, tem sido bastante corrido. Nesse momento, o professor da penúltima aula faltou e nós temos literalmente 45 minutos para fazer absolutamente nada.

Bufo irritado, vendo que mexer no meu celular já não havia mais graça. Fecho meus olhos para tentar dormir, já que dormir 4 horas por dia já não é mais o suficiente. Sinto algo me cutucar, me preparo para gritar com o indivíduo, mas assim que minhas pálpebras se abrem vejo uma das meninas do 5°ano do fundamental. Ela, apesar de sua pouca idade, era bem madura.

A dou um abraço que a mesma retribui. Apesar de algumas serem  irritantes, nem todas são tais como. Eu conhecia várias, mas ela, me surpreendia. Ela passava pelos "mesmos" problemas que eu, seus pais eram como minhas mães, sempre brigando, e seu pai descontava 90% de seu ódio nela em palavras.

--- Está bem? --- Pergunto, e ela depois de alguns segundos assente. Eu sabia que não estava tudo realmente bem. Laylah não sabia mentir.

A solto. Ela gostava de conversar comigo, e eu com ela, apesar de eu sempre estar com Simon, Gabriel e Ferdinand, eu desabafava mais com ela do que com minha psicóloga. Dá pra acreditar como aquela garota de pouca idade se identificava tanto comigo?

--- Eu queria ser vocês, poderem sair da sala quando ela está livre, ir pro recreio sem fazer fila e ficar aqui. É bem mais legal do que lá em cima --- Ela murmura. Eu não digo nada.

--- Aproveite sua infância, Laylah. Quando você crescer, vai perceber que não é tão legal assim --- A aconselho, e ela suspira.

--- As vezes, me sinto morta, entende? Parece que quanto mais eu tento, mas eu caio --- Ela diz olhando para suas mãos. Não a olho com pena nem com desprezo. Todos passam por problemas, não importa a idade.

Eu a entendia perfeitamente, pois era assim que eu me sentia diariamente.

--- Estou aqui. Se quiser conversar...--- Toco seu ombro, de relance, posso ver seus olhos marejados. Ela recusava porque não queria chorar, seu pai demonstrava que isso era sinal de fraqueza.

Porquê? Porquê vocês nos tratam como se fossemos os culpados de seu passado?
Porquê? Porquê vocês nos condenam como se fossemos para o inferno?
Porquê? Porquê esse ódio fodido sobre nós?
Porquê? Porquê nos julgam sem ao menos nos conhecer?
Porquê? Porquê vocês descontam seu ódio em nós?
Porquê? Porquê vocês não entendem que isso é ilegal?
Porquê caralhos vocês não estão fazendo nada?!

--- Melhor você ir. Se não seus professores vão vir de procurar --- Ela assente acenando, e logo depois se retira.

Depois de alguns minutos, o sinal ecoa e tivemos que subir para nossas salas.

(...)

Bato palmas na frente da casa de meu tio. Ao meu lado está meu primo Akard, estamos apenas esperando Tales, que mas parece uma princesa para se arrumar. Combinamos de ir a um pub.

--- Caralho, nunca pensei que o Tales demorasse tanto pra de arrumar --- Akard resmunga.

Eu não o respondo, eu só precisava ficar lá por 30 minutos e vir embora. Em troca, eu olharia a filha mais nova de Finneas e o cachorro de meu outro tio, Gustav. Ou era isso, ou eu seria obrigado a participar dos planos sujos deles.

Meus primos.

Depois de alguns minutos, a porta se abre revelando o jovem trancando-a.

--- Depois de um ano, senhor --- Akard resmunga mais uma vez, só que dessa vez para que o mais novo o ouvisse. O mesmo revira os olhos.

Eles apenas brigam enquanto eu sigo para o pub com eles atrás de mim. Logo, chegamos ao local com música alta.

Que nojo...

Eles me puxam para dentro, e há uma multidão. Eles se perdem entre eles.

Vou em direção ao bar, sentando em um dos bancos com meus fones ao alto, contando os minutos para eu ir embora.

Ao longe, vejo umas das meninas que fiquei a uns meses, vir até mim. Elizabeth.

--- Ei, Adam --- Seu vestido vermelho era radiante, sua maquiagem preta e com seus saltos pretos. Seu sorriso mostra seus dentes brancos como papel.

--- Ei, Elizabeth --- A respondo sem ao menos olhar em seus olhos.

Ela se senta ao meu lado.

--- Vejo que mudou. Como vão as coisas? --- Ela pergunta de forma seduzente. Minha vontade era de revirar os olhos.

--- Eu não mudei, continuo o mesmo. E você sabe muito bem como vão --- A respondo ríspido, e ela parece se encolher um pouco.

Logo, uma figura conhecida por mim, é vista se aproximando. Raphael, era o Bully do colégio. Ele sempre fazia bullying comigo, como sua mãe fazia com a minha, pelo simples fato de nossos cabelos serem vermelhos.

--- Olha só! Bruxinho num pub, você por acaso vai nos envenenar? --- O mais velho diz debochado. Eu o ignoro, não iria perder meu tempo com um pedaço de merda.

Ele parece se irritar por eu ter o ignorado.

--- Ei, seu inútil! Estou falando com a porra da sua pessoa! --- Ele esbraveja.

Nego com a cabeça olhando para ele.

--- Não entende, por isso 'tu falha...--- Murmuro para ele, que parece ficar ainda mais bravo.

--- Você perdeu a cabeça?! Eu nunca falho! E se quiser resolver isso, que seja no soco --- Nesse mesmo instante, me levanto. Se tinha uma coisa que eu gostava, era os rostos de horror.

--- Então, lá fora, hoje --- Saio assim que digo isso.

(...)

Chuto a coluna do mais velho com força, o fazendo gemer dolorosamente. Todos ao nosso redor riem da situação do jovem.

Olho para ele, e depois para o lado, vendo Elizabeth vermelha de tanto rir. Desvio meu olhar dela para os meus primos me chamando para ir embora.

PARASITA IIOnde histórias criam vida. Descubra agora