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Olho para o nada, enquanto espero o sinal bater para podemos subir para nossas salas.

Sinto braços me envolverem, retribuo já sabendo que eram de Simon.

--- ih, vai começar com essa boiolice --- Pergunto ao mais velho, que sempre fazia essas brincadeiras idiotas.

--- Eu vou me mudar de estado --- Ele diz cabisbaixo. Como?

--- Como? Porque? --- Indago indignado.

--- Meus pais brigaram... Isso resultou em que vou ir embora com minha mãe --- O mais baixo fala logo após me soltar e um pouco cabisbaixo, colocando suas mãos no bolso de sua calça. Professores passam e nos olham com dúvida e alguns com nojo. Otários.

--- Eu realmente sinto por isso. Mas, vamos aproveitar, não é? --- Ele me olha como se tivesse levado um choque.

--- Adam Brown O'connell sentindo algo? O Gabriel saiu do armário? --- Ele pergunta em ironia. Empurro seu ombro de leve.

--- E aí! --- Ouvimos a voz de Gabriel logo atrás.

--- Nós vamos no banheiro, quer ir junto? --- O de cabelos castanhos tingidos nas pontas de rosa claro, pergunta.

--- Estou bem aqui. Não se preocupem --- Os conforto, recebendo acenos das cabeças dos dois.

Eles vão e me deixam.

Fico em meus pensamentos, Simon e Gabriel voltam e o sinal soa.

(...)

O professor de educação física bate na porta e todos comemoram, pois não aguentam mais o poste português falar sem falar sobre o corpo e as alterações que ocorrem quando o movimentamos.

O mais velho na sala diz que vamos para a quadra, que as crianças usam para jogar bola, fazer exercícios e etc. Todos saem, e quando vou perguntar a meu amigo se ele está bem, me sinto ser arrastado por uma garota morena de cabelos cacheados. Merda.

--- Porque você faltou ontem? --- Ela pergunta agarrada a meu braço.

--- Só não 'tava afim de vir --- Olho para trás, e vejo Simon e Gabriel. O moreno estava com seus olhos vermelhos.

Me solto da adolescente e vou até Simon.

--- Oque aconteceu? Porque Gabriel está assim!? --- Pergunto não obtendo resposta, pois o mais velho anda rapidamente com sua mão agarrada ao braço de Gabriel. Ele o leva até uma das mulheres que cuidavam da escola, explicando a situação.

Espero os três, e Simon vem até mim me explicando que nosso amigo estava com sua ansiedade atacada.

Nós os levamos para o banco, o moreno estava com muita falta de ar. O ajudo com os exercícios que faço quando minha ansiedade ataca, ele relaxa um pouco, mas ainda sim está muito desesperado.

--- Quer ir tomar um ar lá fora? --- A mulher pergunta, e ele assente com muita dificuldade --- Vocês podem ir, daqui a pouco eu o levo lá --- Eu e Simon nos retiramos receosos e preocupados.

Esperamos Gabriel nos portões. O professor o deixa aberto.

A moça fica com o cacheado, enquanto o professor vai conosco até onde todos estão.

Descemos a grande escada, e paramos no fim dela, esperando o nosso integrante. Algum tempo se passa, e o vemos descer com seus olhos ainda vermelhos e sua garrafa em suas mãos. Vamos até ele, perguntando se ele estava melhor, ele não responde, apenas aponta para o lugar na quadra que sempre ficamos.

Seguimos para lá, e nos sentamos no chão que é iluminado pelo sol forte. Nós ficamos ali, apenas observando os garotos jogarem bola.

--- Eu tô com abstinência das drogas --- Gabriel passa a mão em seu rosto, parecendo envergonhado.

--- Vai ficar tudo bem, não se preocupe --- O conforto, enquanto Simon está com a palma de sua mão em suas costas descendo e subindo.

Nós sabíamos que algo tinha acontecido para ele ficar assim, pois sua ansiedade não ataca desse jeito.

Se eu não me conhecesse, poderia dizer que estava drogado com oque eu estava fazendo, pois nem com minha irmã eu tinha todo esse afeto. Mas, eles me ajudaram e ainda ajudam quando eu mais preciso, são como se fossem meus irmãos que eu nunca pude ter. Trocaria Angel por eles fácil.

--- Foi o Kawan que me deixou assim --- Ele levanta de meu peito, enxugando suas lágrimas que ainda insistiam em descer, o puxo novamente já sentindo meu sangue ferver.

--- Oque ele disse? --- Simon diz sério. Eu diria que iria chover moedas de ouro.

--- Ele fica tipo...--- Ele faz uma pausa, olhando para minha mão --- Vocês sabem. Fazendo piadas sobre o meu estado --- Ele diz voltando a chorar. Eu e Simon olhamos para o garoto, que está arrumando briga com outro.

Por mais que Gabriel não ligasse para isso, o machucava pois nós sabíamos que ele estava se esforçando para melhorar. Controlo minha raiva e ódio, para não deixar que ele tome conta de mim.
--- Você não é nada das merdas que ele fala de você, parça. Fica sossegado, pois se ele mexer contigo novamente, ele que ore á Deus para que eu não o triture com uma cerra --- Simon diz com pura raiva, e Gabriel dá um sorriso.

O professor soa seu apito, indicando que a aula havia acabado. Nos levantamos, e sinto minhas costas travarem. Porra!

--- M-me esperem! M-minhas costas travaram! --- Falo gaguejando. Adam?

Eles que já estavam na frente, param e olham para trás. Simon vem até mim, passa seu braço pelo minha cintura e me ajuda a caminhar onde até onde Gabriel está. Ele passa seu braço pelo meu pescoço.

(...)

Vou até a fila enorme, para entregar o caderno. Porque eles nos tratam como se estivéssemos no 3° ano do fundamental?

Paro ao lado de Gabriel que está conversando com Jonatas, outro amigo nosso. Assim que ele me vê, para de conversar com o loiro.

--- Oque 'tu colocou na D? --- Ele pergunta e eu mostro meu caderno para ele que abre um sorriso.

A fila vai andando, e chega a nossa vez, a professora não corrige nossos cadernos, ela apenas olha de relance e faz positivo com o polegar enquanto seus olhos estão fixos no celular em suas mãos. Voltamos para os nossos lugares, guardando os cadernos, pegando as mochilas e seguindo para a saída.

(...)

--- Cale a boca! Você não sabe de nada! --- grito com raiva.

--- Se eu não soubesse, não estaria gritando com você! --- Minha irmã esbraveja.

--- Você está se metendo onde não é chamada! Fica na sua, vadia! ---

Nesse mesmo momento, vejo nossas mães passarem pela porta do quarto de Angel.

--- Ei, ei, ei! Oque está acontecendo aqui? Porque estão brigando feito dois galos por uma folha?! --- Billie esbravejando com seu tom de voz autoritário.

--- Ele começou --- Minha irmã mais nova aponta pra mim.

--- Garota? Que porra você está falando? Você que começou! ---

--- Chega! Me digam oque aconteceu! Não quero saber quem começou! --- Madeleine diz entrando em nosso meio.

--- Ele ainda está fumando, mãe! --- Angel grita, fazendo os olhares de minhas mães indignadas e assustadas se voltarem para mim.

Suspiro.

--- Já que estamos brincando de revelar segredos, maninha, porque não deixa eu revelar um seu? --- Ela para por um momento, e depois arregala seus olhos.

--- Você não pode contar Isso! Vou fazer 'tua vida um inferno se você contar! --- Ela grita novamente, fazendo que os olhos de Billie se volte para ela.

--- Contar oque, Angel? --- Ela fala séria, com seus olhos escuros.

--- N-não é nada mãe! Ele está blefando! ---

Faço um barulho com a boca.

--- Mãe! Ela está grávida do Matheus! --- Esbravejo, fazendo com que eu atiçe a ira de Eilish, e lágrima salgadas descerem pelo o de Madeleine.

Eu posso ouvir o som,
De algo quebrando...

PARASITA IIOnde histórias criam vida. Descubra agora