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--- Que porra, Angel...--- Eilish fala pausadamente, para não perder sua calma, oque não estava adiantando muito.

--- Mãe... não é oque ela disse, eu posso explicar! --- Minha irmã diz gaguejando. Madeleine, parecendo cansada, apenas sai do cômodo. Billie vai até ela, parando a sua frente pegando em seu rosto, fazendo com que seus dedos de sua mão direita se espalhem por ele.

--- Olha, eu só não te expulso dessa casa, porque você está grávida. Mas que fique claro, você não é mais minha filha --- Ela a solta bruscamente --- E nem tente atacar o Adam. Ele pode ser um fumante de merda, mas você, Angel...--- Ela diz negando saindo do quarto também, me arrastando. Quando chegamos na sala, ela me solta sentando seu corpo no sofá olhando para cima.

Eu não digo nada. Já sabia que minha irmã faria isso.

Matheus, era simplesmente o filho do pai de Billie, ou seja, teu irmão. Porém, ele é um ser totalmente indeliquente, que vive as custas do papai dele.

Minhas mães já não aceitavam aquele relacionamento, obviamente por serem tio e sobrinha, mas nenhum deles quiseram ouvir.

Saio de casa, pra esquentar a cabeça. Por mais que eu finja que não me importo, isso também fez um impacto grande em mim. Sento na calçada, tirando meu isqueiro e o acendendo, depois colocando meu masso na boca.

Sinto uma mão em meu ombro, olho para trás e vejo Lilly. Arregalo meus olhos.

--- Oque você está fazendo aqui?! Eu te mandei ficar no quarto! ---

Ela parece olhar para mim por um momento e depois suspirar.

--- Lilly viu que Adam estava mais triste nos últimos dias, e ela quer consolar Adam --- Sua boca se mexe e se fecha, pela primeira vez. Me sinto paralisado diante aquilo, ela havia falado!

Desperto de meu transe, voltando meus frios olhos para ela.

--- Certo... Fique aqui --- Dou tapinhas ao meu lado para que ela se sente, e ela o faz. Ficamos ali, apenas apreciando o dia ir embora, começando a ser tarde, e então, de repente ela deita sua cabeça em meu ombro. Mas quer saber? Eu não me importo.

(...)

Abro meus olhos assustado, ofegante e suado.
A sensação que tenho agora, é que estou morrendo sufocado.
Tento levantar, mas meu corpo não obedece.

Vejo uma figura estranha se formar em meu quarto. Preta, alto, era praticamente do tamanho do teto.

Paralisia do sono!
Tem um bicho no meu quarto!
Meu corpo não 'ta mexendo, sinto meu corpo suado!
Paralisia do sono!
Tem um bicho no meu quarto!
Ele 'ta perto de mim, ele não fica parado!
Paralisia do sono,
Tem um bicho no meu quarto!
Meu corpo não 'tá mexendo, sinto meu corpo suado!
Paralisia do sono,
Tem um bicho no meu quarto,
Não consigo nem gritar!
ALGUÉM ME AJUDA NESSA PORRA!

Tem uma sombra na parede se mexendo, que doideira
Mano, eu 'to suando e tô com frio, geladeira.
Deixa eu cair no sono, isso só pode ser besteira.
Eu já tô louco pra vazar, meu mano, não é brincadeira!

(E não termina, até você acordar gritando)

Como é que é?!
Mano, mete o pé!
Eu não vou na igreja,
Mas 'tô pensando em fazer uma oração agora!
Como é que é?!
Mano, mete o pé!

Eu não te devo PORRA NENHUMA!
FILHA DA PUTA!

Que bicho fofinho, ele quer brincar.
Que agonia do caralho,
Eu mal consigo respirar!
Que bicho fofinho, ele quer brincar.
Se essa porra me encosta, certeza, vai me matar!

Eu preciso de ajuda agora, mas pique paranormal.
Eu acho que tem demônio, morando no meu quintal.

Acho que de hoje não passo, então, tchau, tchau, tchau!
Ô bicho estranho, não me mata, eu acho que isso é ilegal!

Paralisia do sono!
Tem um bicho no meu quarto!
Meu corpo não 'tá mexendo, sinto meu corpo suado!
Paralisia do sono,
Tem um bicho no meu quarto,
Ele tá perto de mim,
Ele não fica parado.

Paralisia do sono!
Tem um bicho no meu quarto!
Meu corpo não 'tá mexendo, sinto meu corpo suado!

Paralisia do sono,
Tem um bicho no meu quarto,
Não consigo nem gritar!
ALGUÉM ME AJUDA NESSA PORRA!

A figura estranha se mexe em cima de mim, me olhando atentamente, meus olhos estão quase saltando para fora!

Seu peso é sufocante, como se quisesse me matar!

Como se meu corpo estivesse despertado, tenho um sobressalto brusco, fazendo com que eu caia para fora de minha cama, e com que eu bata minha cabeça fortemente, fazendo minha visão escurecer.

(...)

Acordo, mas dessa vez estou no controle. Olho ao redor, vendo que ainda estava em meu quarto, levanto meu corpo com dificuldade, sentindo minha nuca molhada.

Levo minhas mãos até lá, e com a luz de um poste a frente de minha janela, vejo sangue. Ainda está fresco.

O chupo. Não é como se ninguém nunca tivesse feito isso.

Suspiro. Aconteceu, novamente. Me apoio na cama para me levantar, decido ir checar Lilly.

Vou até meu banheiro, abrindo a porta, vendo que a mesma rosnava para um rato morto. Como isso veio parar aqui?

--- Ei, Lilly. É apenas um rato, você deveria gostar disso --- Digo chegando perto do cadáver, e apenas com meu olhar, o faço evaporar. Lilly não parece estar surpresa.

Ela olha para mim, e depois de notar minha mão manchada de sangue, ela olha para mim em choque.

Suspiro.

Abaixo, ficando frente a frente a seu rosto, que começava a queimar com minha aproximação.

E agora eu percebo, era a garota que eu sonhava.
Mas, em vida real.
E agora eu percebo, era quem eu admirava.

--- Não é nada. Não se turbe --- A tranquilizo, e ela parece se acalmar, porém se afasta. Por algum motivo, eu estava gostando daquela aproximação. Porquê?

--- Volte a dormir, ok? Ainda é cedo para estar acordada ---

Ela me olha, e volta pra sua "cama" improvisada. Ela, era incrívelmente angelical...

Porque eu estou pensando isso? Porquê?

Saio do cômodo, fechando a porta indo em direção a meu armário, começando a separar minha roupa para ir aquele inferno.

(...)

Saio com dificuldade da multidão de pessoas, e observo cada uma delas, até que meus olhos se prendem em uma mulher com aparentemente 45 anos, mexendo em seu celular enquanto fala.
Perfeita!

Aperto o canivete em meu bolso. Hoje vai ser longo...

(...)

--- Nesta segunda-feira, o corpo de uma mulher foi encontrada morta. A vítima estava com sua garganta cortada, e o local onde a localizaram não havia câmeras --- Ouço o som da TV enquanto tomo meu café.

--- Esse mundo, tem humanos deploráveis --- Minha mãe comenta adiantando o almoço. Mau sabe ela que seu filho é um deles.

--- Isso é as consequências de nossos atos. Já vou indo --- Billie pega sua pasta e ao menos se despede de nós, e já sai pela porta. Piranha....

Vou em direção as escadas, mas com um sorriso maldoso em meus lábios.

PARASITA IIOnde histórias criam vida. Descubra agora