Eu não vou te devorar

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                Após o ocorrido no telhado S/n havia ficado extremamente assustada. Ela achou que seria melhor não dizer nada a sua prima para que não a repreendesse, e sabia que o resto das pessoas não acreditaram em sua história pois ninguém (assim como ela anteriormente) acreditava em tais demônios. Ela resolvera que naquela noite não sairia do quarto a noite, e assim que escureceu ela trancou as janelas e ficou sentada no escuro em silêncio.

           Apesar disso, S/n sentia que o tal Oni não tentaria invadir seu quarto ou fazer algo contra ela, mas não sabia o por que de ter esse sentimento. Com forme as horas se passavam ela começou a sentir vontade de ir lá fora, saber se ele novamente estaria no telhado mas o medo não a abandonava, por mais que tentasse não conseguia mover um músculo na direção da janela para abri lá.

        Faltavam cerca de duas ou três horas para amanhecer e S/n permanecia em seu canto sentada, meio acordada meio dormindo. Quando derrepente ela ouviu o mesmo barulho no telhado que ouvira nas últimas quatro noites, com exceção da noite anterior. Ao ouvir o som de passos sobre o telhado seu corpo se contraiu e ela tapou a boca para não gritar. Então o barulho simplesmente parou, mas S/n já estava muito tempo sentada e se sentia tentada a ir lá fora. Ela levantou-se e cautelosamente abriu a janela do quarto. Passou seu corpo para o lado de fora, subindo no telhado do bordel vizinho e passou a olhar em volta. Suspirou aliviada ao não conseguir detectar nada na escuridão mas ao se virar para voltar ao seu quarto viu o Gyutaro sentado sobre o telhado de seu quarto.

           S/n imediatamente tomou uma posição defensiva e deu um passo pra trás na intenção de aumentar o espaçamento entre ela e o Oni, ela não pretendia correr até porquê sabia que ele a alcançaria em segundos. Já Gyutaro manteve-se parado a observando e não pode deixar de dar um sorriso a ver o claro medo que a garota emanava. Quando S/n abriu a boca e estava prestes a dizer algo, Gyutaro foi mais rápido e a interrompeu:

 Quando S/n abriu a boca e estava prestes a dizer algo, Gyutaro foi mais rápido e a interrompeu:

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Gyutaro- S/n né? Eu sou Gyutaro, mas eu acho que não é um prazer pra nenhum de nós né?

S/n- ... - Ela encarava o demônio e deixou que sua dúvida escapasse dos lábios -... Por que não me matou?

Gyutaro- Não sei né, não faria muita diferença de qualquer forma, você não vai falar de mim pra ninguém né, até porque te chamariam de louca né?

S/n- O que faz aqui no distrito da luz vermelha?

Gyutaro- Eu vivo aqui né.

S/n- Você disse que se chamava Gyu?

Gyutaro- Gyutaro né.

S/n- Certo Gyutaro... Então, como não pretende me matar, eu posso... Desenhar você?- A garota fala meio silabado devido ao medo e ao frio gelado que acertava suas costas.

        Gyutaro se sobressaltou com o desejo da garota mas não deixou transparecer:

Gyutaro- e por que ia querer me retratar? Não está enxergando direito né? Eu sou horrível né, ninguem merece ter que ver um quadro meu né!

         S/n na verdade também não sabia o porquê, mas ela realmente desejava desenha-lo. As palavras dele ressoaram em sua cabeça e ela o olhou de cima a baixo cautelosamente. Seus cabelos eram ondulados, presos no alto da cabeça com a parte de baixo verde, seus olhos eram amarelos, da íris verde e a pupila parecia um tom de vermelho, além de que havia uma escrita em cada íris que a intrigou. No rosto ele tinha ainda uma marca de nascença meio preta, que dava mais realce aos olhos. Tinha o queixo triangular e seus dentes eram bem brancos além de afiados. Já o corpo era extremamente magro, sendo fácil de contar as costelas, os braços bem ossudos e a cintura fina. Ainda assim o quadril era largo e os ombros também. O que mais a incomodava eram as costas curvas, já estava corcunda de tanto que andava torto. Mesmo assim S/n sentiu se meio encantada e quase corou na escuridão, para ela ele era sim belo, a sua maneira peculiar, mas não era possível dizer que o Oni fosse feio.

S/n- Quem disse que você é feio?

Gyutaro- Todos obviamente né.

S/n- Eu não acho que você seja feio Gyutaro

Gyutaro- Okay né?- agora ele estava realmente confuso e sobressaltado.

S/n- Então eu posso desenhar você?

Gyutaro- Pode né.

         S/n caminhou cautelosa até a janela do quarto e pegou seu caderno de desenhos, antes de sair olhou pela janela pra cima, para ter certeza de que o Oni permanecia no telhado acima de seu quarto e lá ele estava. Ela sentou seu no meio do telhado vizinho e ele permaneceu- se em cima de seu quarto parado enquanto ela o desenhava. Parecia uma cena estranha de se imaginar mas nenhum dos dois parecia minimamente preocupado com o que os as pessoas a baixo veriam.

         S/n ficou tão envolta no desenho que quando olhou pra frente e não viu Gyutaro ela se assustou. Ela o viu de pé a dois telhados de distância de onde estava a pouco. Ela se levantou e correu a até a janela de seu quarto mas não entrou. Vendo o se distanciar ainda mais ela o gritou :

S/n- JA ESTA PARTINDO ASSIM SEM MAIS NEM MENOS?

Gyutaro- O que mais você quer garota? Não vê que já é quase manhã né? Não posso pegar sol né.

S/n- Então... Ja vai partir mesmo? Eu nem tive chance de desperdir me...

Gyutaro- Não faça drama, você sabe que nós veremos de novo né - diz o oni revirando o olhos.

          E então ele segue pelos telhados deixando S/n o observando de joelhos. Na  verdade ela não sabia porque estava tão melancólica com a despedida do oni e nem porque decidiu o desenhar, ela só sabia que independente de qualquer coisa ela gostava dele, não estava apaixonada mas sabia que ele era uma boa pessoa.

S/n- Eu quero vê-lo denovo- Sussurrou a garota olhando o luar.

         Tanto S/n quanto Gyutaro estavam começando a ficar confusos com relação a seção de acontecimentos recentes. Eles sentiam se de uma certa forma unidos, mas não diriam nada um ao outro, pois a estranheza seria demais para duas pessoas que não se conheciam. Mas o fato é que ambos estavam intrigados e não paravam de pensar um no outro, talvez até sonhar um com o outro.

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Talvez esse seja um casal bizarro mas sempre tem espaço pra estranheza na vida. Foi isso pessoal, prestem atenção no diálogo de despedida dos dois pq pretendo fazer um paralelo mais pra frente então ele é bem importante. Beijinhos da tia Bird

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Seus olhos a luz da lua Onde histórias criam vida. Descubra agora