Capítulo 43 - "Mente criminosa"

446 53 51
                                    





Capítulo 43

Pedro

Eu estava com os braços envoltos ao redor de Emma, que estava com a cabeça apoiada em meu peito quando ouvi o som de dois carros. Levantei o meu olhar, vendo aqueles dois carros conhecidos adentrarem o estacionamento, me fazendo suspirar de alívio ao pensar que agora que os dois manés estão aqui, vai ser mais fácil eu me livrar das consequências dessa noite.

— Vem, levanta. — Digo segurando suas duas mãos, a levantando logo após eu próprio levantar, percebendo o quanto o seu corpo está trêmulo.

E por isso, ela se encosta no carro, surpresa ao ver Lucas e Enzo, ambos saindo dos carros ao mesmo tempo.

— Vai me dizer que não conseguiu lidar com uma missão tão fácil como aquela? E que merda aconteceu aqui...? Opa! — Lucas interrompe os seus passos assim que seus olhos pousam em Emma. — Parece que as coisas estavam interessantes por aqui.

Enzo olha para os corpos, e é quando eu me adianto, deixando Emma atrás de mim.

— Fizeram como eu pedi? Trouxeram a pá? — Questiono impaciente e é quando Enzo assente, abrindo o porta malas do carro para pegar as três pás.

Quando eu olho para Lucas, ele está com o cenho franzido, parecendo confuso enquanto encara Emma.

— Aqui está! Lucas está com uma garrafa de whisky. Seguimos suas ordens, Lucas deu um jeito na polícia e eu travei o elevador e o sistema de câmeras do hotel. Mas agora explica o que está acontecendo, porque a garota pelo qual você ficou dois anos enlouquecido está ao seu lado e... machucada? Também tem três corpos num lugar público! Ficou maluco?!

— Vai por mim, muita coisa aconteceu e agora só temos que focar em cuidar desses corpos e dar um jeito de sair daqui sem que saibam que estivemos aqui. Quero que cada um pegue um corpo, bote na porra do porta malas e enterre em algum lugar fodidamente longe daqui. Eu vou levar Emma para a minha casa e logo acompanho vocês.

— Cacete, essa porra vai demorar! — Exclama Lucas, demonstrando preguiça e eu apenas reviro os olhos.

Me viro para Emma, segurando o seu rosto em minhas mãos ao ver seus olhos presos no corpo do seu chefe, parecendo em choque.

— Ei... eu vou precisar ajudar eles. Tem três corpos para enterrar, eles não vão conseguir dar conta sozinhos. Se eu te levar para a minha casa, você vai ficar bem lá, esperando por mim? — Questiono, vendo ela franzir o cenho, parecendo atordoada e demostrando não gostar da ideia.

É fodido... ela tem pesadelos quando dorme sozinha, ainda mais após o que acabara de acontecer. Ela não vai ficar bem!

— Cara, eu sei que tirar ela daqui é a melhor coisa a se fazer, mas... por acaso ela tinha ligação com algum desses caras? Porque eu duvido que ela estava aqui por coincidência, sem falar que um dos mortos não tem ligação com alguma facção que eu conheça. — Murmura Enzo, ajoelhado ao lado do corpo de Jeffrey, analisando o seu rosto com o cenho franzido.

O maldito é inteligente para caralho!

— Esse é o chefe dela, ou era. Os dois estavam aqui por coincidência, ele acabou levando um tiro dos caras que estavam me caçando. — Digo impaciente, sentindo Emma segurar o meu braço com força, como se não quisesse que eu a deixasse sozinha.

O olhar de Enzo pousa sobre Emma, e a julgar pela sua expressão séria, ele logo entende o que aconteceu.

— Mas então isso significa que se você levar ela para fora da cena do crime, ela não vai ser nossa cúmplice? — Questiona Lucas, encostado no seu carro, usando a sua jaqueta e de braços cruzados.

Pela primeira vez esse imbecil não está fazendo gracinhas... talvez rever Emma esteja sendo uma surpresa para todos eles.

— Eu tenho um plano, mas preciso da ajuda de vocês. Apenas façam como estou pedindo e...

— Eu não quero ficar sozinha. — A voz de Emma me pega de surpresa, me fazendo virar a minha cabeça na sua direção, que aperta ainda mais o meu braço contra o seu corpo, me encarando com seus olhos suplicantes.

— Nós não podemos sozinhos cuidar de três corpos, vamos precisar dele. — Diz Enzo se levantando, pondo luvas em suas mãos. — Vai levar mais de uma hora para cavar o enterrar cada corpo. Quando finalmente tivermos terminado, a polícia vai começar a procurar pelos alvos do tiro. Todas as balas foram acertadas em alguém, e quando não acharem as balas... vão saber que estamos com os corpos e vão atrás de mais pistas. Podem até achar a gente caso não formos enterrar em algum lugar muito longe. — Explica Enzo, pegando sacos de lixo no porta malas do carro fazendo Emma suspirar desesperada ao meu lado.

— Leva ela... — Sugere Lucas, me fazendo erguer uma sobrancelha, pensando no quanto ele está louco para pôr algo tão fodido na cabeça de Emma. Levar ela para me ver enterrando um corpo? Nem fodendo! — Ela pode ficar dentro do carro...

Ele completa assim que vê a minha expressão, me fazendo respirar fundo, ainda não gostando dessa ideia. Sinceramente, não sei o que é pior.

— Eu vou te levar para casa. Você já viu coisas demais... — Pego em seu braço, me virando prestes a levá-la para o meu carro, porém ela me interrompe, arrumando forças para me segurar.

— Não! Por favor... eu não vou sair de dentro do carro! Eu só não quero ficar sozinha e ter mais pesadelos, por favor...

— Bom, não vou me intrometer, mas precisamos sair logo daqui. Vamos colocar isso nesses sacos de lixo e pôr dentro do porta malas. Quer algum em especial, Pedro? — Questiona Enzo, me fazendo encará-lo com um sorrisinho de canto.

— Quero o chefe dela. Empacota esse lixo que eu já já pego. Só vou colocar ela dentro do carro.

Seguro a sua mão e a guio até o carro, onde ela se senta no banco do passageiro da frente e eu ponho o seu cinto, ganhando a atenção dos seus lindos olhos verdes.

— Você vai ficar bem? — Questiono vendo suas mãos tremerem enquanto ela aperta o cinto, assentindo um tanto quanto incerta.

— Sim...

Com um olhar receoso sobre essa situação de merda, eu me inclino para depositar um beijo em sua testa, sem querer pensar que essa pode ser a nossa última vez, já que convencê-la a ficar comigo definitivamente será uma tarefa difícil após isso.

Mas eu já disse a ela, talvez, dessa vez eu devesse estar mudando tudo o que me impede de ficar com ela, mas... eu ainda não vou desistir dela.

Não ainda...

~;~

Eu estava dirigindo a mais de cem quilômetros por hora, pensando no quanto a minha noite seria longa. Enzo me mandou três localizações diferentes, em direções opostas... ele decidiu que seria um bom plano não enterramos no mesmo lugar, assim dificultando o trabalho da polícia, que já é uma merda. Mas se tratando dos Estados Unidos... a chance de conseguirem nos pegar é ainda mais alta aqui que no Brasil.

Emma não falou nada o caminho inteiro e eu não tive coragem de perguntar nada. Porém mesmo quando seus olhos estavam perdidos na estrada, com o seu corpo encolhido no cobertor que Lucas arranjou, a sua mão ainda estava entrelaçada a minha sobre a sua coxa. E eu não queria soltar, pois tinha medo que caso assim eu fizesse... eu nunca mais tivesse a chance de segurar.

Em certo momento, após quase uma hora dirigindo, eu parei o meu carro no acostamento, ganhando a atenção de Emma que logo virou a cabeça na minha direção assim que tirei a minha mão da sua.

Mas foi por um bom motivo. Peguei a sacola que estava no banco de trás e entreguei a garrafa de whisky para a mesma, que encarou a bebida com um olhar confuso.

— Toma... vai precisar disso mais do que eu.





RENDIDA - PARTE 2 - CRIMINOSOS EM SÉRIE (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora