Os outros dois dias da semana passarão numa lentidão sem fime. Foram resumidos em serviço, estudo, azar. Graças á Deus o Maxon, - o garoto que quebrou meu óculos - me deu um novo, o
que melhorou meus problemas 87,5%. Não é tudo, mas melhorou meu humor também.
Hoje é sábado, dia de trabalhar no restaurante. Eu não tenho folga nem final de semana, mas não posso reclamar de nada. Eu quis assim!Meu pai vendeu dois quadros por um preço bom e comemorou bastante e hoje estou passando a manhã toda aqui e ali. Trabalho meio período no
restaurante, mas até agora, me atrasei por causa de uma entrega que tive de fazer para Mary.
Fui de bicicleta, para piorar e agora estou esperando diminuir o trânsito para mim passar. Está tudo lotado de carros.Eu não minto quando falo que não tenho sorte nessa vida.
Acabo ganhando uma vaga e pedalo rapidamente para casa, ignorando os gritos para que eu pare, mas tudo que faço é pedalar ainda mais rápido.
Fico contente quando vejo o condomínio e deixo a bicicleta na garagem, indo para casa. Mas mal tive tempo de entrar, eu já estava saindo de novo, agora ligando para o meu chefe.Eu estou com o celular na orelha e bebia café nuk copo descartável, enquanto apressada o passo para chegar no restaurante ainda mais rápido.
Desviei de tantas pessoas que queriam me atropelar, e de carros ao mesmo tempo. O restaurante não é tão longe da minha casa. Eu gasto cinco minutos para chegar até lá.Bebendo o café, e sem olhar para os lados, atravesso as ruas normalmente. A partir de agora, vou atravessar as ruas sem olhar para os lados, para dizer o quanto amo minha vida; e é sem olhar para os lados, que meu corpo tromba numa pessoa. O café voou para longe, e o meu celular caiu no chão. Até agora, meu chefe não estava brigando comigo, mas precisava de mim lá.
- Mas que...- Mal termino de dizer, e alguém pega nos meu cotovelos, me fazendo parar. Olho para a pessoa e não contenho o olhar surpreso. Quem eu vejo é o garoto do ônibus, aquele de olhar perdido e fulminante ao mesmo tempo. - Você?!
- Você de novo. - Ele não faz uma pergunta e eu também não a respondi, enquanto olho para ele, querendo demonstrar meu ódio por ele no meu olhar. Mas me lembro do meu celular no chão, então me abaixo para pega-lo, mas quando vou me levantando, percebo que meu café havia manchado sua camisa incrivelmente branca. - Olha o que você fez com a camisa! Além de cega, é desastrada.
- Não fale assim comigo, sua peste. - Trinco os dentes, querendo exterminá-lo com os olhos. Como alguém tão bonito pode ser tão, tão... idiota? Como?
- Quer que eu fale o quê? Só em chegar perto de você, todo mundo já sabe que é problema na certa. - Tenta limpar a camisa, mas só piora. - E agora vou ter que trabalhar com minha camisa suja de café. Ótimo.
- Você que trombou em mim! Não tenho culpa de você ser completamente cego e irritante e imaturo. - Quando vejo, as palavras já saíram da minha boca. Antes havia um brilho de divertimento em seu olhar, mas aquele brilho ia sumindo a medida que as palavras iam saindo da minha boca. Ótimo, acho que afetou ele, porque vejo o humor sumindo do seu rosto.
- Primeiro você se joga para cima de mim, não para de me olhar e agora joga café café mim para chamar minha atenção; se isso não for paixão por mim, eu realmente não sei o que é. - Diz, agora com um novo brilho de divertimento no sorriso e na voz. O encaro em silêncio, vendo ele passar a mão no cabelo cacheado, incrivelmente lindo e eu podia sentir o cheiro do seu perfume e do seu cabelo. Aquele garoto, que eu não sabia o nome, vestia uma calça moletom, uma camisa branca, que eu tinha derramado café, e tênis pretos. Além de estiloso, é bonito, mas muito irritante também. A ideia de estar perto dele por muito tempo me faz querer torcer o nariz.
- Eu? Eu preferia me jogar da ponte, meu querido. - Digo, fazendo uns gestos com as mãos, que eu tinha a mania. Vai entender, né.
- Eu sei que você me segue. - Então ele sorri, e nas bochechas dele aparecem duas covinhas quase imperceptíveis, que se eu não tivesse tão perto dele, eu não teria visto. Aquelas covinhas mexiam comigo e o sorriso dele, de alguma forma.
- Prefiro morrer. - Digo, ligando de novo para o meu chefe e colocando o celular entre o ombro e a orelha. - Se me der licença, preciso manter meu futuro. Espero Espero Deus seja bom comigo e não trate meu caminho nunca mais com o seu. - Cuspo as palavras, me contendo para não apertar meus punhos. Meus óculos escorregam pelo meu nariz e eu os ponho no mesmo lugar. - Você pode dizer um amém?
- Claro, Bruna! - Ele diz, dando de ombros e se afastando de mim. O perfume dele parece dá um tapa na minha cara e eu só queria saber como ele sabia meu nome, então eu grito, perguntando como ele sabe, mas o cara não responde.
Como fiquei entretida nessa conversa mesquinha, começo correr e correr, enquanto suplicava ao meu chefe para não me demitir. Quando chego no restaurante, entro com as mãos na cintura, tentando respirar.
- Até que enfim, Bruna McLean. - Meu chefe aparece, com aquele olhar intenso dele. O cara é muito gato e tem uns olhos verdes, que... Meu Deus! - Santo Deus, garota!
- Desculpa, Mason. - Falo. - Como eu disse, tive que fazer uma entrega para a minha...-
- Mãe! Eu já sei Bruna. - Ele me interrompe, com os olhos meio arregalados e sorriso de lado.
- Mãe não! Ela é minha madrasta. - Dou de ombros, corrigindo minha postura.
- Mesma coisa. - Murmura, me dando as costas. Percebo o quanto a bunda do cara é grande. Maior que a minha e isso é uma injustiça. Eu que deveria ter a bunda grande, não tenho. - Mãos á obra, McLean.
Murmurando, corro para trocar de roupa e ir para a cozinha começar os preparos para a noite. Ao contrário da loja de chás, aqui é cheio de pessoas todas as noites e o restaurante é muito famoso.
Mason é rico. Chef muito famoso e por isso tem diversos restaurantes espalhados por Nova York inteiro. Sorte minha de trabalhar aqui, porque além de me ajudar fazendo comida, eu ainda ganho bem.Enquanto mexo nas comidas, fico pensando naquele trombo idiota com aquele garoto idiota. Ainda bem que não fui forçada a pedir desculpas pelo derramamento do café.
Ainda bem.
•••
Seguinte..."Ah-ah-ah"
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Garoto Do Ônibus || Concluído ✔️
Ficção AdolescenteBruna só tinha 19 anos, não merecia ter que carregar o fardo de tantas coisas sobre si já com tão pouca idade. Uma garota que corria atrás dos seus sonhos e desejos mais profundos do coração, marcada pela vida difícil, tudo que ela queria era uma op...