40 - É a Bruna McLean.

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Na manhã seguinte, as seis horas eu estava de pé. Tinha aula na faculdade, mas acabei por não ir. Eu tinha mesmo era que saber tudo sobre essa viagem a Chicago, sobre esse concurso. Minha mente estava a mil e a ansiedade resolvia atacar a todo instante.

- Quer dizer que a minha filhinha vai brilhar no concurso agora? ‐ meu pai começou a falar pela quinta vez. - Eu sabia que era só questão de tempo. Sabia que você era boa demais para ficar trabalhando em coisas pequenas. - Apertei os lábios para não chorar. Meu pai sempre sabia o que dizer, não importava a situação. - Vai dá tudo certo, filha.

- Eu também espero que dê, pai. Não dá para acreditar! - Sorri para o teto e para as paredes da casa. Estava sem acreditar. – Mas agora eu preciso ir. Volto o mais rápido possível.

‐ Estamos torcendo por você, Bru. - Ouço a voz da minha madrasta e então eu sorrio. Era bom ter o apoio dela também. Não vejo mais uma mulher difícil nela, não tenho mais rancor por ela. Acho, acho que ela está ocupando um espaço materno em meu peito aos poucos.

Saio correndo pela porta de casa. Nem parece que a neve ontem estava querendo nos matar. Quando lembro de Noah, dou um sorriso e começo a correr. Me sinto nas nuvens, até parece que parei de ser a sedentária de sempre.

Corro e corro. Agora sim eu tenho motivos. Depois de amanhã é meu aniversário. Não sei o que falar ou o que pensar. Vinha pensando em cometer algo terrível. E se eu tivesse feito antes? Não fiz antes tudo culpa de Noah Howard. Devo muitas coisas a ele, principalmente por ter feito meu coração bater forte novamente, por ter me feito gostar de alguém pela primeira vez na vida e ainda que ele não saiba, já é uma vitória para mim.

Acho que não sou mais a Bruna McLean de antes. Acho que pela primeira vez na vida, estou tendo motivos para sorrir. Minha vida está tomando um rumo diferente. Isso é bom.

Parece que Mason já está a minha espera quando entro pelas portas duplas do restaurante. Por ser de manhã, ainda não tem muitas pessoas. Nunca tinha vindo aqui numa terça feira de manhã.

‐ Estava a sua espera. - ele diz, respirando, como se estivesse extremamente cansado. Como se não estivesse dormido a noite e como se estivesse cansado apenas por me esperar. - Garota, ainda não estou acreditando. Sente-se, minha querida.

- Eu não sou sua querida. ‐ Eu digo, me lembrando de uma frase de um livro que estava lendo. - Brincadeira. Procede.

- Nós estávamos lutando por essa vaga já tem uns quatro anos, McLean. Você acabou entregando a sopa para aqueles garotos avaliadores. O problema é que aqueles caras não tem nem cara de que são avaliadores. Pegaram a gente de surpresa. - Presto atenção nas palavras chatas e tediosas dele.

"A questão é que vencemos. São mais dez restaurantes lutando pelo mesmo prêmio. Se você ganhar, vai receber um prêmio de cem mil dólares, dez por cento para o restaurante e prêmio também. Resumindo, sua fama vai decolar por toda Nova York e a do nosso restaurante também."

"São quatro pratos que você precisa fazer, pelo que li no documento que fizemos. Precisa fazer algum tipo de carne, sobremesa, algo com legumes e verduras e a última, a principal, uma receita que você mesmo tenha criado. Nós não queremos opinar nada do que você queira fazer lá no momento. Estamos apenas te avisando, pois lá, você precisa saber, é muita pressão, candidatas dispostas a ganhar o prêmio e sair como vencedoras. Bruna, você precisa estar disposta a ouvir e sofrer algumas coisas, mas queremos apenas que volte para casa, como alguém que nos ajudou e nos deu a honra de participar desse concurso tão importante."

"Pela primeira vez, vai ser você. É muita pressão, estou certo, mas ganhando ou perdendo, saiba que estaremos orgulhosos de você." – Quanto mais ele falava, mais eu sentia meu rosto esquentar. – Temos duas semanas no mínimo para você se preparar. Teremos que dar pausa na sua faculdade, vai focar apenas no concurso e nada mais."

– Resumindo, eu estou ferrada, literalmente. Quer dizer, num sentido bom, sabe? Nunca pensei que poderia viver isso, o meu sonho. - Já sinto até as lágrimas brotando, mas as enxugo rapidamente, antes que possam cair.

- Não chore querida. Se está vivendo isso, é porque você merece. Estamos todos dispostos a dar o que você quiser. Pagaremos tudo, absolutamente tudo que precisar e até um tour por Chicago. Isso não é maravilhoso? – Arregalo os olhos, e ele ri alto.

‐ E eu posso? Mesmo? - Indago, surtando por dentro.

- Pode sim. Vai ser tanta pressão, que você precisa se preparar, antes de tudo isso. - Faço que sim com a cabeça. - Amanhã você vem para começarmos as aulas. Lembre-se, são quatro pratos e você precisa cronometrar o tempo. Não pode passar do fio da meada. - Respiro fundo e faço que sim. - Vamos dar todo o suporte para você, minha linda. Você vai se sair muito bem. Posso confiar em você?

‐ Pode. - Mau sabia eu a pressão que eu teria que passar em todo esse concurso. Dar o meu melhor sobretudo. - Vou dar o meu melhor. Não vou decepciona-los.

Ele sorri e me puxa para um abraço. Meu peito explode de alegria. É tanta alegria que eu mau posso respirar. Parece haver um peso invisível em meus ombros agora. Apartir de hoje, tenho uma missão para fazer. Eu vou para Chicago. Vou vencer esse concurso.

– Quem é ela? - Um cara surge de uma das portas do restaurante.

– É a Bruna McLean. A nossa salvação. – dou um sorriso ao ouvir isso, então me afasto de Mason.

O cara que acabou de entrar, sorri e da um selinho no Mason, que o abraço. Perco o ar por dois segundos, antes de sorrir. É uma pena um cara gato como aquele já ser comprometido.

E é uma pena meu coração e minha mente já ter dono.

***
Seguinte...

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