Não sei em que parte da noite acordei, mas soube assim que olhei para o meu lado e vi Noah comigo. Meu coração deu um salto, como se aquilo não fosse realidade. Ele dormia serenamente, a respiração calma e o peito subindo e descendo num ritmo calmo.
Parecia que nada fazia sentido para mim naquele momento. Pensei estar com problemas na cabeça, porque aquela era a primeira vez que eu dormia com alguém. Ali no peito dele, imaginei e torci para que aquele fosse sempre o meu lugar favorito e de proteção. Me senti tão bem ali, que nenhum centímetro de mim desejava estar longe dele.
Pela primeira vez na vida, eu queria ficar. Queria mais dele, queria viver aquilo que a vida estava propondo para mim.
Pensei nas coisas que me faziam gostar dele. Os cachos do cabelo dele, o jeito idiota de contar piadas sem graça, que me fazem rir tanto, o olhar terno e o jeito simples e diferente dele, de ser ele mesmo. Ele é ele mesmo em todas as situações, e eu amo isso nele. Gosto de como se deixa levar pelas coisas que gosta, e gostaria de dizer que deixaria ele entrar no meu coração, que eu estava sim preparada para amar alguém. E que esse alguém era ele.
Eu me sentia especial quando estava com ele e me via á mente coisas que eu nunca fiz e não tinha a mínima vontade de fazer. Eu queria agora, porque... Era como se eu estivesse com outra metade mim.
Eu acho que... acho que amo o Noah. Meu peito grita forte para que eu diga e meu coração dói muito quando ele se afasta. Eu finalmente estou abrindo meu coração para amar alguém e as coisas estão dando certo comigo.
- Eu te amo, Noah. Amo, amo você. - Suspirei tão baixo, que achei que nem eu mesma havia escutado. Parecia que um peso havia saído dos meus ombros.
Admirei o rostinho dele calmo e sereno e aconcheguei-me mais em seus braços, desejando estar ali para sempre.
Sabe aquela sensação de estar num lugar seguro? Ela existe para mim. Eu conseguia ouvir as batidas do coração dele. Naquele momento, queria que aquele momento congelasse para sempre.
Ele se mexeu, eu me afastei um pouco para olhá-lo acordar. Então ele abriu os olhos, me encarando em seguida. Aqueles dois amendoins me encarando deixaram meu estômago com um frio estranho.
- Amor? - Meu coração acelerou de tal maneira, quando escutei aquilo. Arqueei as sobrancelhas.
- O que você disse? - Indaguei, sussurrando. Coloquei o queixo na palma da minha mão, sob os cotovelos, na cama macia, para olhá-lo melhor.
- Te chamei de amor, uai. - Ele disse, como se fosse a coisa mais normal do mundo. - Não posso?
- Claro que pode, ué. - Dei risada, mas lembrei-me que ele estava meio que clandestinamente dentro do meu quarto, e meu pai não precisava saber disso. - Se meu pai acordasse...
- Ele é muito protetor? - Indagou, mudando de posição na cama. Noah se virou e agarrou a minha cintura, deitando com a cabeça entre os meus seios.
Corei. Mas ele não percebeu. Continuou ali, como se fosse o melhor lugar para ele.
- Demais. Você nem imagina.
- Acho que vou ter problemas como me futuro sogro. - Comentou.
- Fazia tanto tempo que queria tocar no seu cabelo. - Falei, tocando os fios cacheados pretos e cheirosos. Eram tão macios e cheirosos como eu imaginava. - Acho que o que mais gosto em você é o seu cabelo. Tem todo o meu coração.
- Ah é? Bom saber. - Eu não estava olhando para ele, pra saber que havia um sorriso malicioso em seu rosto. - Bom saber que gosta mais do meu cabelo do que eu mesmo.
- Para amor, você sabe que não é verdade. - Ele parou de se mexer rapidamente e eu parei para pensar um pouco, achando que havia falado algo muito ruim, mas percebi o que eu havia dito na frase. Eu o tinha chamado de amor. "Amor", como ele tinha chamado. - Noah, eu...- Noah não me deixou falar.
- Nossa, Bru. Deu uma vontade de agarrar quando você me chamou de "amor." - Dei um tapa em seu braço e comecei a rir, de sem graça. - Amor! - Ele gargalhou. Uma risada que mexia comigo.
- Você é um otario. - Declarei, fazendo-o rir.
Noah saiu da posição em que estava e veio pra cima de mim, me agarrando. Começamos a nos beijar.
Eu mal podia acreditar que tinha aquele garoto todinho para mim. Dos pés a cabeça. Ele era tão lindo, tão especial e me fazia tão bem.
Eram exatamente quatro da manhã, e a gente conversando. Conversamos sobre nossas famílias, nossas vidas e várias outras coisas.
Descobri que ele não gosta de café, - e disse que odiou eu ter derramado café nele, pois ele teve que ir trabalhar fedendo á café -, e disse que seu sonho era ir para Dubai.
Naquele momento, eu só conseguia pensar nas risadas e no sorriso dele, que ia crescendo cada vez mais, a medida que ele falava sobre as coisas que gostava.
De repente, me peguei pensando que era isso que eu queria. Eu queria um amor assim. Um amor que me tirasse do sério, que sentasse comigo para conversar sobre as coisas que gosta e dividir as preocupações.
E Noah era mais que isso.
[...]
A noite ia caindo, e eu estava assistindo filmes na Netflix. Estava com um prato de brigadeiro, um doce que Mary me ensinou a fazer, pois era um prato brasileiro. Eu amei, ao contrário do feijão, que tem gosto de gororoba.
Estava assistindo, modo avião. Eu gostava muito daquele filme. Eram de atores brasileiros, mas tinham legendas em inglês e eu conseguia acompanhar.
Eu simplesmente amei a química do casal. Disse para mim mesma me lembrar de seguir a atriz no Instagram mais tarde para saber mais sobre a vida dela.
E quando fiz isso, descobri que ela estava noiva do garoto que fazia o mocinho do filme com ela. Eu fiquei radiante já que tinha shippado os dois desde o início.
Estão noivos e vão se casar em breve.
- São lindos. - Eu disse para mim mesma. - Queria um romance assim...- Era meio que uma especialidade minha, falar sozinha. - Ops, eu já tenho o meu Noah Howard.
Dei risada e parei de repente com o meu celular tocando. Ao som da música Third Wheel da Zoe Wees.
Quando atendi, era o Noah. Antes mesmo de atender, um sorriso bobo já brotava no meu rosto. Era uma ligação de vídeo chamada.
Lá estava o rosto dele, entre travesseiros.
- Amor. - Ele falou, sorrindo para mim. Meu coração foi á mil. - Eu estava com saudades de ver essa carinha.
- Para, Noah. Assim que fico com vergonha. - Tapei meu rosto com a mão esquerda livre. - Esta fazendo o quê?
- Estava pensando em você. - Falou, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
- Amor, para. Daqui a pouco vou ficar igual a um pimentão. - Fiz beicinho e revirei os olhos. - Por favor?
- Ok, amor. Parei. - A carinha inocente que ele fez, me fez soltar uma risada. - E você, está fazendo o quê?
- Estava assistindo.
- Ah sim, acho muito chato isso. - Ele disse, mexendo no celular para ficar numa posição melhor. - Quero te vê. Não estou brincando quando disse que estava com saudades.
- Eu também estou com saudades. - Fiz beicinho e ele fingiu beijar.
***
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O Garoto Do Ônibus || Concluído ✔️
Novela JuvenilBruna só tinha 19 anos, não merecia ter que carregar o fardo de tantas coisas sobre si já com tão pouca idade. Uma garota que corria atrás dos seus sonhos e desejos mais profundos do coração, marcada pela vida difícil, tudo que ela queria era uma op...