13 - 12:45, Howard.

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A minha segunda feira começou com eu chegando atrasada para a primeira aula. Na segunda aula, passei vergonha porque o professor perguntou uma coisa para a sala, eu achei que sabia, mas
não era essa a resposta, — e todo mundo começou a rir de mim.
Ótimo.
Agora estou no reformatório, comendo um pouco mais do que nos próximos dias. Na semana passada, comi pouco, mas nesse final de semana, consegui ganhar um dinheiro extra pelos meus esforços no restaurante.

Se ao menos meus outros dias fossem assim.
Jey me obrigou a ler um livro ontem. A cinco passos de você... e só de saber que era de romance, dava vontade de nem começar. Eu não gosto de livros de romance, — curto mais um livro de fantasia, terror.
Não é atoa que meus filmes prefeitos são de zumbis, fantasmas, horror. Eu simplesmente amo.

Ainda estou na segunda página do livro, mas até que me chama a atenção. Não vou garantir que lerei todo aquele livro chato, mas vou fazer o possível.

— E aí, McLean! — Me viro rapidamente, a ponto de sincronizar a batida do meu coração, com a minha virada de rosto. Quando vejo, é o próprio Howard, com sua bandeja lotada de comida e em suas mãos, ele traz uma latinha de coca-cola.

— Era só o que me faltava...— Reviro os olhos, detestando aquilo tudo. — O que você está fazendo aí? — Aponto o dedo para o mesmo.

— Não está vendo? Vou me sentar aqui. — Ele diz, com aquele sorriso horrível, tosco e amarelo. Estar perto de Howard é tentador. Eu me sinto com raiva, mas sinto meu coração bater mais forte quando estou perto dele. Por que diabos eu fico assim perto dele? — Vai ter que engolir, Bruna.

— Eu odeio você! Odeio! — Cuspo as palavras, evitando olhá-lo e evitando contato com aqueles olhos da cor de chocolate.

— Acredite Bruna, é recíproco. — Não posso deixar de trincar os dentes, quando ouço sua resposta. Não sei o porquê de eu ficar assim perto dele. — Então, você não vai me dizer nada sobre você, enquanto comemos não?

— Por que eu deveria falar? Não te conheço. — Balanço o ombro, tirando a atenção dele da comida, para me olhar. Reviro os olhos automaticamente e presto atenção no macarrão, e passo á enrolá-lo no garfo, até dá uma garfada.

— Hum... bom argumento. — Howard diz. — Se você acha que é honesto, faça-me perguntas, que eu responderei, contanto que você responda as minhas. — Howard acaba tendo novos olhares cruzados. Alguma coisa rola em meu estômago. Algo semelhante á vontade de vomitar. Seria meu estômago flutuando? — Então? Trato feito?

Apenas faço que sim com a cabeça, soltando um sorriso que não era para sair. Mas quando olho para Howard, ele está com as sobrancelhas arquiadas e um leve sorriso no rosto.
Ignoro aquilo — e talvez a forma como o sorriso dele mexe comigo.
Eu estava prestes a abrir a boca, quando o sino toca, anunciando que os quinze minutos já haviam acabado, e eu ainda nem havia comido metade da comida. Tudo culpa desse garoto estúpido.

— Fica para mais tarde, o que você acha, McLean? — Tive que disfarçar a coisa estranha que eu sentia, quando ele falava meu sobrenome. Céus! Não pense mais nisso Bruna, pelo amor de Deus!

— Eu trabalho á noite. — E era óbvio que ele sabia onde era.

— Não tem problema, Bruna. Eu apareço por lá. — Antes dele sair, Howard pisca, dando as costas e saindo de perto de mim. Minha mente só gritava: como alguém que era bastante timido no ônibus, pôde ter virado alguém como ele?

Controlei a vontade de tacar uma voadeira nas costas dele, já que ele estava de costas. Então me retirei, indo para minha sala, e pensando que eu tiraria todas as curiosidades que eu tinha sobre... Howard(?).
Por que raios eu nunca perguntei o nome dele? Eu só sabia o sobrenome. Coloquei na mente que da próxima vez em que o vir, iria perguntar seu nome.

[...]

— Hora de ir embora! — Carla brotou em meu ouvido. Arh... só faltava ela mesmo, para o meu dia está completo. — Puxa, as aulas hoje foram tão cansativas.

— Nem me fale. — Murmurei, enfiando meus livros no armário. Parei para ver um pôster pequeno que eu preguei ali, da Zoe Wees. Para mim, a mulher é sensacional.

— Olha, ela fala! — Ouço a garota falar, parando ao meu lado. — Sabia que você não era tão fechadona como aparentava ser. Enfim, Carla Briss.

— Se enxerga garota! Vai ver se eu tô na esquina, vai. — Me virei e juntas, ( juntas não, porque Carla decidiu grudar em mim, sem meu consentimento), saímos da escola.

Todos os calouros e veteranos já estavam do lado de fora do campus. Já era hora de ir embora e era meio-dia, e mesmo em Nova York, ainda fazia o calorzinho. Carla andava comigo e foi até a linha do ônibus de todo dia.

— Ei! Me passa seu número? — Pergunta com os olhos em expectativa.

Reviro os olhos e dito meu número para ela, que anota rapidamente. Depois, ela acena para mim e vai embora, sorrindo.
Espero o ônibus e lá vem ele. Mais algumas pessoas estão ao meu redor, a espera do ônibus. Olho para todos os lados, fazendo uma busca.

É impressão minha ou Howard não está aqui? – Não que eu esteja o procurando. Mas ele não está aqui. Hum... será por que?
Ignoro tudo aquilo e entro no ônibus, ganhando um espaço entre a janela. Ainda bem que ninguém se dispôs a sentar ao meu lado.
Ponho o fone de ouvido, mas sem colocar nenhuma música. Todos estão prontos e partimos, mas de repente, olho pela janela e consigo ver um Howard correndo tudo, fazendo gestos com as mãos para que o ônibus pare.

Certeza que ele está me vendo e gesticula para que eu fale. Eu poderia muito bem deixá-lo correndo atoa que nem uma lagartixa pela rua, ou deixá-lo ir embora a pé para casa; ou pedir para parar. Ignoro a primeira opção.

— PARE! —  Berro e o veículo para de repente.

— Ai,minha cabeça. — Alguém murmura lá atrás e eu balbucio um pedido de desculpas ininteligível.

— O que foi dessa vez, McLean? — O motorista berra. Com certeza está com raiva de mim neste momento. Ele é sempre de mal humor. Diria que é um caso de dupla personalidade.

— Howard está parado lá fora. Estava tentando fazer com que o ônibus parasse. — Alguém responde por mim e eu lanço um olhar de agradecimento. Era uma das garotas que veste uma parecida com a outra.  Ela sorri para mim.

— Oi, eu. — Um Howard suado e cansado entra no ônibus, totalmente ofegante. Ele pede desculpas ao Senhor Ignorante e se dirige á um dos acentos, que é na minha frente e graças á Deus não é ao meu lado. — Obrigada, McLean.

— Nada. — Respondo, seca. A música Third Wheel da Zoe começa a tocar. Já disse que amo as músicas dela? Se sim, vale a pena ressaltar. E o James Arthur também. Eu amo.

— Bruna. — Fingo que não escuto nada do quê Howard e falando e cont⁴inuo concentrada na letra da música. — McLean!

— O que é, Howard? Qual o seu problema comigo? Já te falei uma vez que não quero você perto de mim. — Vejo o sorrisinho no rosto dele. Será que minha raiva o excita? Será que me ver zangada deixa Howard cheio de si, cheio de afobação?

— Só estava perguntando as horas, linda. — Olho para ele, com um olhar de tédio total, mas por dentro, só eu sei o que está acontecendo. Sinto uma coisa sem cabimento dentro do meu peito. Eu odeio Howard por me deixar assim e me odeio ainda mais, quando vejo que estou... fascinada pelas coisas que ele faz. — Então...?

— 12:45, Howard. — Murmuro, fechando meus olhos e me inclinando para deitar na poltrona. Quando estou quase tendo a ideia de dormir ali, o ônibus para.

Me levanto rapidamente e saio. Me sinto tonta de sono e feliz por já está em casa. Estou prestes a virar as costas, quando escuto Howard dizer:

— Não esqueça do nosso compromisso, Bruna. — Apenas dou de ombros e o ignoro.

E chegando em casa, a ficha cai que Howard não correu hoje. Tipo, ele não saiu correndo para casa hoje.
O que pode ter acontecido para fazê-lo parar de correr?

•••
Seguinte...

"Ah-ah-ah"

O Garoto Do Ônibus || Concluído ✔️ Onde histórias criam vida. Descubra agora