O Garoto Do Ônibus || Concluído ✔️

53 - Você é fraca!

Minhas mãos começaram a soar antes mesmo que a oitava garota terminasse.

Ok Bruna. Apenas faça o melhor que puder.
Respire fundo.
Seu pai está te assistindo! Não cometa nenhuma gafe, não gagueje, não trema e não se perca.

A nona garota fez todas as outras ficarem tensas. Pelo que li no jornal, ela se chamava Woo Houng Who, uma coreana especialista na cozinha e que já tinha ganhado três concursos de culinária só este ano.
Ao contrário das outras, eu não fiquei tensa, fiquei calma e analisando cuidadosamente a forma como ela sorria para os nossos avaliadores e falou com gentileza. Ela era simplesmente adorável.

Na minha vez, calculei o que eu iria falar sem perca de tempo e sem repetição.

- Olá. - Sorri para a câmera. Eu estava nervosa lá, mas bem lá no fundo. - Eu sou Bruna McLean. Estudante de nutrição e amante de livros. Quer ouvir o meu lema que carrego comigo? - Sorri de novo, tentando ser o mais adorável possível. Estava com medo de minha voz afinar. - Se você não cozinha com amor, nada sai perfeito. Introduza uma nota de amor em cada receita, e ela sairá perfeita, com gosto de amor, com cheiro de amor e com brilho de amor. - Finalizei poeticamente. E palmas soaram.

Observei Noah bater palmas com fervor e Elle acenar para mim, como quem dizia que eu tinha me saído bem. Repassei aquela fala na minha cabeça e queria dar risada porque era uma grande mentira. Eu tinha acabado de criar aquela frase para tentar conquistar os jurados.

Woo Houng sorriu para mim. Tentei discernir se aquele sorria estaria me parabenizando ou por ela estar surpresa por ter uma concorrente com quem deveria tomar cuidado.

Como a última garota era eu, o apresentar tomou as rédeas do programa. Era a hora de buscar todos os ingredientes que precisaríamos para os primeiros pratos. Ou seja, as costeletas de porco que aprendi a fazer.

O apresentador contou um, dois, três, quatro e cinco! Todas pegamos nossas cestas e corremos. Afinal, eram cinco minutos para pegar tudo que precisaríamos. Eu corri o mais rápido que pude, evitando qualquer coisa que tirasse minha concentração, tipo, Noah Howard e seu charme impecável e a câmera que nos seguia.

A primeira coisa que peguei foram as costeletas já devidamente cortadas, os molhos, as ervas, cebola e demais ingredientes. Eu ia repassando tudo na minha cabeça, e pelo que parece, não esqueci de nada. Por último, peguei um pote de azeitonas, e voltei para meu lugar. As garotas ainda estavam todas lá, eu era a única a estar de volta antes do tempo acabar.

Deixei tudo organizado fora da cesta e espiei. Noah parecia estar comendo pipoca enquanto me assistia. Elle estava torcendo por mim.

O tempo acabou e todas correram. Era hora de começar. Em vinte minutos.

Corri contra o tempo. Piquei os legumes que eu precisava, todos os temperos primeiro e coloquei a panela no fogão. Não tive tempo para espionar ninguém. Parecia que tinha se fechado em redor de mim uma bolha, enquanto só existia eu lá, movendo sozinha. Na minha cabeça, a música do James era cantarolada, e eu até cheguei balançar a cabeça de um lado para o outro.

Ok. Eu preciso cozinhar com amor, ainda que tenha que ser rápido, eu preciso usar o amor nessa comida.

Quando a comida estava borbulhando no fogão, peguei o pote de azeitonas para abri-lo e adivinhe só? Eu não conseguia abrir o pote, o desespero começou a aumentar. Eu não sabia o que fazer. Usei a ponta da faca para abri-lo, ainda sim, não consegui.

Não era questão de força. Olhei para Noah e ele já estava em pé, roendo as unhas ao perceber que eu não daria contar de abrir sozinha. Mason gritou comigo para deixar lado, mas eu precisava daquelas azeitonas.