35 - Eu gosto de você!

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Maxon está olhando para mim já faz uns dois á três minutos, com um olhar indecifrável. Sei que está com raiva e indignado por eu ter feito aquilo. Eu tinha acertado as partes íntimas dele com o meu joelho.

Eu sempre quis fazer isso. Ainda mais com ele, que queria se aproveitar de mim. Eu nem ao menos o conheço!

– Eu não tenho culpa de nada. – Coloquei as mãos á frente do meu corpo, num gesto de rendição.

– Você não tem?! Eu não estava fazendo praticamente nada pra você. – O olhar que ele lançou para mim foi meio cômico. Senti vontade de rir, se eu nao estivesse com tanta raiva dele.

– Primeiro que você me prendeu aqui nessa parede, como se eu tivesse intimidade com você, coisa que não temos, – Tento olhar friamente para ele e demonstrar meu ódio. – Então você mereceu. Saiba que sou muito diferente das outras garotas que vocês, digo no sentido geral, saem.

– Ah como eu gosto desse jeito incontável de seu de não conter a língua. – Olho com os olhos cemirrados para ele. – Essa joelhada doeu, mas eu sei que você gostou da forma como peguei você.

– Gostei? A merda, você quis dizer! – Aponto o dedo enfurecida. – Saiba que se encostar em mim novamente, eu arranco esses braços seus!

– Essa ameaça roubou meu coração, pode acreditar. – Maxon parecia nem ligar mais para o que eu dizia, ou o quanto eu estava zangada. Ele só falava, olhando para mim dos pés a cabeça. – Eu acho você muito linda. Nenhuma garota conquistou meu coração tão fácil como você e acho que você nem percebeu que havia me conquistado. Gosto dessa sua inocência, dessa liderança e garras afiadas. Você não se deixa enganar; é linda e sabe dar ordens. É uma garota, mas te um andar confiante demais para uma.

– Qual o seu problema? Agradeço os elogios, mas não sou o que você vê! – Respiro fundo. – Peço que fique longe de mim, se não denunciarei você para os tutores. Isso se chama assédio. – Girei os calcanhares para sair dali.

– Eu gosto de você. – Paraliso no lugar. Sempre pensei que quando escutasse alguém falando Isso para mim, eu me jogaria em seus braços e o beijaria, porque o sentimento era recíproco. Mas com Maxon, não era. – Por favor, eu gosto de você, Bruna.

Arregalo os olhos em choque. Ele gostava de mim? Como ele gostava de mim, se nem ao menos fiquemos próximos? Lembro de eu obrigado ele comprar meus óculos, quando veio falar comigo quando ia passando no campos aquela vez, e talvez até tenha percebido alguns olhares sobre mim em alguns dias; ou também naquele dia que veio falar comigo para participar dos debates literários.

– É... infelizmente o sentimento não é recíproco. Eu não gosto de você. Eu nem ao menos de te conheço, Maxon. Sinto muito. – Estava meio feliz por alguém gostar de mim, mas triste por esse alguém não ser quem eu realmente gostava.

– Ok. – Ele se aproxima de novo. – Mesmo você não sentindo nada por mim, isso não significa que vou parar de lutar por você, porque eu não vou! – Ele me dá um sorriso malvado, percebo uma sombra de algo malicioso vindo dele. Contudo, não pensei muito naquilo e o vejo se afastando, os ombros largos e a mãos nos bolsos.

– Isso é estranho. – Digo para mim mesma.

Indo para a biblioteca, vejo Carla sentada numa das cadeiras, com um notebook aberto e escrevendo algumas coisas.

Já faz dias que não conversamos. Algo mudou em relação á ela, mas como não a considero como amiga, eu não vou atrás dela. Eu não a conheço. Para mim, eu só vou atrás, quando me importo de verdade e o fato de não ir atrás dela, é porque não me importo com ela.

Quer ela fale comigo ou não.

Me sento também. O livro dela vez era de receitas. Era um trabalho para daqui duas semanas. Estava estudando, procurando alguma prato típico da Espanha. Isso não era muito difícil, porque tinha uns pratos muito bons e repetitivos.

Eu queria um prato que mais ninguém fizesse só eu. Essa seria minha oportunidade para mostrar meus dotes na culinária. Já sentia-me animada e cheia de expectativas.

Fiquei ali mais um pouco, porém, tive que passar no reformatório para comer algo e depois voltei para a sala. Tivemos uma visita dos cinco garotos populares, que estavam fazenda uma campanha na escola para incentivar a leitura.

Era até bom. Eu estava gostando muito de ler e não precisava mais de incentivos. Eu olhava para Maxon, vendo ele falar e me dava uma vontade de rir da joelhada que lhe dei, mas me contive.

Parei para prestar atenção nele. Maxon é bonito. Se eu não estivesse apaixonada por Noah Howard, Maxon seria alguém que eu talvez me apaixonaria. Ele é ridículo, não por beleza, mas por personalidade mesmo. Ele é horrível para moda, é uma eufemismo dizer que ele é estiloso.

As calças rasgadas, as botas de cano altas verdes e uma jaqueta de couro. Tudo exagerado demais e cores que não combinam. Nem um pouco. Ele sorria quando discursava, achei o sorriso dele até bonitinho, porém, sem exageros. O cabelo também era igual as roupas, isso porque ele usa muito gel no cabelo, e o mesmo fica duro.

Cheguei a conclusão que ele não chegava nem aos pés de Noah.

Após ele saírem, fiquei lendo, á espera que o sino tocasse para irmos todos embora. Quando finalmente chegou, saímos todas da sala.

Para sair das portas da faculdade para ir embora, faltava era não sair, porque era muitos alunos, todos querendo sair ao mesmo tempo. Fiquei esperando um pouco, e quando se esvaziou, consegui sair. Passei pelos quase milhares de degraus chiques e cheguei no ponto de ônibus.

Tudo ocorreu normalmente. A diferença era que estava começando nevar e o frio já estava começando se instalar. Daqui para frente, já teríamos que vestir roupas mais grossas.
Entrei no ônibus e me sentei. Tudo aconteceu como nos outros dias: as conversas baixas das pessoas dentro do ônibus; o motorista ouvindo rock em seus fones extremamente altos; e Noah sair correndo pra casa.

Ninguém entendi porquê ele fazia isso. Eu também não. Mas tinhas motivos, os quais ninguém sabia.

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Seguinte...

O Garoto Do Ônibus || Concluído ✔️ Onde histórias criam vida. Descubra agora