O Garoto Do Ônibus || Concluído ✔️

63 - Fim.

"Eu te amo Noah." Escutei aquelas palavras tão vivas em meu coração. "Eu juro que queria ter ficado mais com você, lutei até meu último suspiro só para te ver, mas não consegui... tenho sentido tanto a sua falta. Mas me acalento pela ideia de encontrar você todas as noites em meus sonhos mais profundos."

Era um sonho? Se fosse, eu não queria que acabasse nunca. Estávamos num lugar que eu não sabia descrever. Só havia eu e ela, olhando fixamente um para o outro. Do jeito que ela estava, parecia um anjo de tão perfeita. Nunca tinha visto a Bru tão linda, tão perfeita.

"Você não teve culpa de nada, não fique se remoendo por isso. Tudo que queria era mais uma chance com você, meu amor. Mas já que não temos, continue a nadar. Não fique se remoendo pelo que poderia ter sido diferente. Apenas sobreviva, fique aqui e viva a sua vida de uma forma que eu não pude viver. Não fique trancado dentro do quarto, pensando e pensando. Eu quero que você viva de verdade, viva intensamente até o seu último momento. Nos encontraremos no céu um dia. Saiba que estarei esperando por você."

"Mas eu,... eu te amo, Bru!" Eu disse, mas já era tarde. Ela sumiu da minha vista, transformando-se numa espécie de milhares de borboletas, voando para os céus. Só conseguia escutar "Eu te amo, Noah Howard", várias vezes na minha cabeça.

Bruna me amava. Ela não sentiu medo, ela não estava magoada comigo. Dei um sorriso e vi ela sumindo, a frase se repetindo na minha cabeça. Suspirei, sentindo uma sensação conhecida de saudade. Saudade dela.

~

Acordei calmo, meio confuso, olhando para a parede do meu quarto onde o quadro dela estava lá. E algumas fotos dela. Aquele sonho tinha sido tão real. E ele foi a chave que abriu a minha porta. Estava precisando tanto daquelas respostas.

Pela primeira vez, dei um pequeno sorriso, sentindo a presença dela ali. Parecia que ela estava por todos os lados e estava mesmo.
Suspirei aliviado. Passei dias me martirizando, tentando entender porquê aquilo tinha acontecido com ela, por que tinha que acontecer justamente com ela, mas eu ia entendendo. Não podemos fugir dos propósitos de Deus. Seja lá o que Ele tem guardado para mim, era necessário que ela fosse, mesmo levando meu coração junto.

Eram seis da manhã. Tinha que me arrumar para a faculdade. Aquele era o primeiro dia que eu iria depois que tudo aconteceu e eu estava nervoso. Não imaginava como seria entrar naquele ônibus e não vê-la sentada na poltrona perto da janela.

A primeira vez que eu a vi ela estava sentada lá, parecia pensar alto, mordendo um canto dos lábios. Parecia estar em Marte, no mundo da lua.
Eu achei a coisa mais linda, ela seria, uma cara totalmente raivosa e zangada. Nossa, a Bru mexeu comigo a primeira vez que eu vi ela.

É uma pena que não durou tanto assim.

[...]

Dois meses depois...

- Eu realmente tô atrasada. - Corri com a mochila nas costas, começando ficar assustado.

- Calma, maninho. - Minha irmã disse. Ela estava linda, vestida bem formal. Ela era advogada agora, finalmente saiu da depressão e tem tomado um rumo diferente agora. - Eu te levo.

- Eu pego o ônibus, não precisa! - Gritei, já fechando a porta. Nem por um dia sequer eu parei de pensar em Bruna. Parece que eu tenho me apaixonado ainda mais por ela, e isso dói demais em mim.

Corri um pouco e o motorista estava me esperando. Um outro período da faculdade tinha iniciado e algumas pessoas terminaram, e foram embora.
Já não tinha mais tanta gente assim que ia no ônibus. Os garotos que se beijavam pareciam que tinham terminado pois nunca mais os vi juntos. As gêmeas ainda estavam ali e eu conversava com elas vez ou outra.

- Cheguei. - Dei um sorriso amarelo para o motorista.

- Bem na hora. - Ele disse e fechou a porta, indo para o seu lugar.

Arregalei os olhos quando vi uma garota sentada onde a minha Bru ficava. Estava do mesmo jeito que ela, da mesma forma, parecia estar pensando. Pisquei os olhos confuso, com o coração em chamas, tentando entender, ou então perceber que era alucinação, mas não era.
Foi então que ela olhou para mim e o mundo parecia ter perdido a cor. Era igualzinha a ela, o nariz, os olhos, a boca. A única diferença era o cabelo ruivo.

Meu coração disparou acelerado. Acho que eu estava começando tirar conclusões precipitadas. Me sentei e fiquei de cabeça baixa, tremendo a perna.
Não tinha chance de ser ela, não tinha. Ela morreu, não estava mais aqui. Será que tinha reencarnado no corpo de outra pessoa? Será possível?

Eu realmente precisava acordar pra vida e aceitar que ela tinha morrido, não voltaria mais. Seguir minha vida igual ela tinha dito para eu fazer. Virar essa página que
me quebrava a cada dia mais. Cada dia mais meu coração sangrava de dor, de saudade dela.
Talvez tenha sido doloroso esse percurso, aceitar que ela se foi não acontecerá tão cedo e me acostumar com uma vida sem ela é quase impossível.

Superar e difícil e explicar a dor que sinto não é possível, é algo mais para sentir do que explicar. A saudade se torna como uma voz silenciosa, mesmo quando tudo está bem, me lembro da dor da saudade deixada.
Aceitar a perda dela e difícil, mas é uma chance de honrar a memória dela. Eu queria fazer isso, para mostrar que o amor é forte, ultrapassando o tempo e a morte.

Eu me lembro dela, todas as noites ela está em meus sonhos. É o suficiente para seguir em frente.

Olhei pela janela do ônibus. Nova York em ritmo acelerado e meu coração também. Ainda que eu estivesse a procura de um porto-seguro, uma solução, Bruna era a única coisa boa que eu ainda me lembraria.

Não precisaria de nada mais.

Pelo menos por um tempo.

•••

fim!!!

Chegamos ao final do nosso querido livro! Espero que tenham gostado tanto quanto eu. Só me resta agradecer! Foram 2 anos escrevendo e agora finalmente terminei e ainda que não tenha sido assim tão felizes para sempre, não vejo um outro final. Seria quase impossível ela sobreviver.

Bem, estava pensando em fazer um livro 2. CES notaram alguma coisa de diferente? São cenas para o próximo livro. Não sei ainda quando sairá, mas em breve.

Aqui eu deixo minha gratidão a todos por terem lido. Lembrete de que nenhum sonho é impossível assim.

Um beijo!😘