22 - Bloqueio sentimental.

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Andamos mais um pouco e Howard ia me falando sobre suas viagens a Paris, Chicago e a Los Angeles. Me sinto animada só de escutá-lo falando. O assunto anterior cessou, eu não disse mais nada e tampouco ele.
Piso na neve, dando pulinhos de felicidade. Minhas botas pisam nas pedrinhas de gelo que se quebram e o barulho me deixa feliz. Howard pisa com graciosidade na neve também, ainda segurando minha mão.

— Então, do que você gosta? — Ele pergunta, acabando com o silêncio. Não era um silêncio horrível, mas era aquele silêncio que não era desconfortável e sim até bom.

— A gente mantendo uma conversa e de mãos dadas é tão hilário! — Digo, soltando uma risada meio nervosa. Os dedos dele insistem em esmagar os meus e sinto meus dedos tão suados de nervosismo. Mesmo agora, ainda sinto meu coração acelerado e meus ouvidos atentos a cada coisa que ele diz.

— Não se acostume, princesa. — Reviro os olhos, e sinto ele apertando minha mão. Olho para ele e ele olha para mim. Um frio se instala em minha barriga e uma arrepio percorre minhas costas até o meu pescoço e meus braços. pedidos silenciosos e algumas palavras perdidas em nossas olhares.

Por fim consigo desviar o olhar. Nunca consigo sustentar nossos olhares. Ainda corada de vergonha, a visão vai ficando ampla e fico emocionada pelo que estou vendo. Estamos literalmente na ponte do Broklyn, a enorme construção mais linda que já vi na vida. Bem, um pouco mais do que os arranha-ceu em Chicago.
Mas ainda é tudo muito lindo. As estrelas estão próximas e me sinto tão emocionada e até sem fôlego, quando dou o primeiro passo.

— Isso é tão mágico. Tão lindo! — Não tenho palavras para descrever a beleza daquele lugar.

— Eu sei. — Ele diz, se virando para olhar as estrelas e o rio em baixo da ponte. — Não sei como uma nova-iorquina como você, nunca veio a um dos pontos mais chiques de Nova York. — O encaro em silêncio, e uma voz diz "fala para ele" mas não o obedeço.

— Coisas da vida, que você não entenderia. — Dou de ombros. Muitas pessoas andam para lá e para cá. A ponte é ainda mais bonita a noite temos que tomar cuidado para os carros não nos atropelarem. Vejo o rio, tão extenso e bonito; os fios de energia, tudo me chama a atenção aqui. Perco o fôlego e meus olhos enchem de lágrimas, quando pego meu celular tiro diversas fotos. É um sonho estar aqui.

— Posso perguntar o porquê? — Olho para ele e Noah está com a sobrancelha arquiada, sem piscar e sério. Ah, Deus do céu! Como pode ser tão bonito?

— Vamos nos sentar ali! — Indico e o puxo, já que estava segurando sua mão ainda, e ele não tinha soltado e nem eu queria que ele fizesse isso. Nós sentamos perto da beirada, a uma certa distância do precipício. — Olha, não sei porquê estou falando isso para você, sendo que, se eu fizesse perguntas para você, você não me responderia. — Digo sabendo que estou certa e ele sabe disso.

— Você e eu sabemos que temos visões totalmente diferentes do mundo, não é? -—Me encara. — Sei que deve ter alguma mágoa aí dentro, dá para perceber e eu também tenho meus medos, meus traumas. Somos duas pessoas quebradas, Bruna! Não sei se você sente alguma coisa em relação a sua família, amigos ou, a vida... mas há alguma coisa pela qual está tentando não desistir. - Engulo em seco, sem graça e desvio o olhar. Jamais teria percebido que Noah é tão observador. Se soubesse, não teria me aproximado dele, mas esse simples pensamento, me faz pensar em como acabamos estando onde estamos, ambos com visões diferentes do mundo, com traumas esquecidos. — Eu estou disposto a receber respostas por minhas perguntas, e você?

O que eu queria perguntar, ele se negava a responder.

— Somos tão diferentes, mas tão iguais. — Comento, sem tirar os olhos dos deles. Nossas mãos ainda estão unidos e ele dá um aperto de leve em meus dedos. Me sinto tímida.

O Garoto Do Ônibus || Concluído ✔️ Onde histórias criam vida. Descubra agora