A neve parecia que não ia parar de cair nunca mais. Fui informada que levaram o remédio que eu precisava para Mary, e quando fui pagar, Noah não aceitou, e acabou que ele tinha pagado o remédio da minha madrasta. Eu via que ele era um garoto muito bom, uma pessoa boa. Agora eu via o garoto que ele era.
Ficamos em silêncio um tempinho. Ele brincava com os meus dedos. Nunca imaginei que estaria nesse momento tão ínfimo com ele, já que basicamente o odiava em todos os sentidos. Eu sabia que o destino estaba querendo brincar com a minha cara.
Mas pelo menos, eu posso admitir, que entre tantas coisas que o destino já propôs para mim, trazer Noah Howard para perto de mim foi uma coisa surreal. Foi... a melhor coisa que me aconteceu. Pelo menos eu esqueço um pouco dos meus problemas quando estou com ele. Isso já é alguma coisa.
- Dez dólares por seus pensamentos. - Ele diz e pega em meu queixo delicadamente, fazendo um carinho que me deu sono.
- Não estou pensando em nada. - Ri baixinho. - Será que essa nevasca vai demorar muito? - Me levanto da cama e vou até a janela, onde a neve cai rápido e fria. Quase não consigo ver nada, só os carros parados e a neve caindo.
- Pelo visto. - Noah também se levanta. Ele vai até a sua estante com livros e pega um livro de fantasia. Não era meu forte, mas vindo dele, eu podia até tentar. - Você já leu esse livro? - Faço que não com a cabeça. - O guardião da princesa. Acontece num mundo diferente do nosso, com criaturas sinistras e horripilantes. O cara acaba por ser o guardião da princesa, que está sendo caçada por essas criaturas. E adivinha?
- Eles vivem um romance juntos? - Indago e arqueio as sobrancelhas quando ele dá um sorrisinho debochado.
- Também. Ela acaba sendo sequestrado depois que eles vivem esse romance. Depois de dias procurando por ela, ele acha a princesa morta. - Reviro os olhos.
- Não é a minha praia! Odeio livro com finais tristes, mas estou coçando pra lê o mesmo. - Faço careta. Era pegar ou largar, como dizer de Maxon. - Me da aqui! Vou ler, mas não quero saber de nada.
- Você que manda, minha rainha.
[...]
Acordo as 3:00 da manhã com meu celular tocando. Antes de pegar o aparelho, tendo um súbito ataque, achando que aconteceu alguma coisa com meu pai ou Mary, mas me alívio quando vejo que é apenas o Mason, o meu chefe.
- Oi, chefe. O que me daria a honra da sua ligação às três da manhã? - Coço meus olhos e me vejo quase cochichando, enquanto espero Mason falar.
- Desculpa ligar uma hora dessa, McLean, mas recebemos um convite pra participarmos de um concurso de culinária. Você tá entendendo? CU-LI-NÁ-RI-A. Estou surtando aqui. - Ele dá uns gritos históricos.
- Tá bom. E o que eu tenho a ver? Mesmo? Sem querer ser rude.
- O problema é que só participa uma pessoa! O concurso não é aqui em Nova York. É em Chicago, tipo, Chicago! Não achamos ninguém mais competente que você para nos representar. Essa é a primeira vez em anos que somos chamados, McLean! Você não está entendendo, não é?
"Estamos concorrendo por essa vaga desde 2018. E finalmente conseguimos, tudo culpa daquela sopa sua maravilhosa. Seu perfeito erro foi servir a sopa na mesa certa, sendo a errada. Você merece tudo de bom. Você fez com que nosso restaurante fosse chamado por causa da sopa, apenas errando de mesa. Aqueles jovens eram avaliadores garota. Pelo amor de Deus."
Estou quase infartando. Muita coisa para eu processar. Tudo pra processar realmente. O meu erro foi um acerto? Foi uma benção para o restaurante então? Fico ansiosa, ainda mais ansiosa a medida que ele vai falando.
- Estou sem saber o que falar chefe. Esse sempre foi o meu sonho, desde que minha entendo por gente. Estou mais do que feliz, pois pela primeira vez na vida, um erro meu virou acerto. É muita coisa para processar!
Mason me parabenizou milhares de vezes, antes de desligar e dizer pra eu ir ao restaurante amanhã. Estava realmente sem acreditar. Eu queria gritar de emoção, de felicidade, queria chorar, agradecer. Porém, me sentei na cama e comecei a processar tudo que estava prestes a acontecer.
Sopa. Restaurante. Concurso. Chicago. Bruna.
Cinco palavras tão excitantes.
Não consegui voltar a dormir, então fiquei por horas ali na minha cama, apenas encarando o teto e tentando entender tudo que estava prestes a acontecer na minha vida. Tenho certeza que minha vida mudaria muito depois disso.
Será que eu passaria a ter um propósito? Um rumo em minha vida. Logo eu, uma sem destino.
***
Seguinte...
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O Garoto Do Ônibus || Concluído ✔️
Roman pour AdolescentsBruna só tinha 19 anos, não merecia ter que carregar o fardo de tantas coisas sobre si já com tão pouca idade. Uma garota que corria atrás dos seus sonhos e desejos mais profundos do coração, marcada pela vida difícil, tudo que ela queria era uma op...