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FILIPE POV.
Já tinha se passado uma semana desde que eu esbarrei com a Aurora no mercado, eu não conseguia pensar em mas nada além daquele molequinho chamando ela de mãe. Meu coração parou mano, na merma hora e voltou fortão, o moleque nem tinha me visto, cagou pra mim e eu fiquei sem ar por causa dele. Era meu filho, é meu filho! Não tem como negar em nada, é a minha cara pra caralho.

Na moral mermo? Eu nem sei se consigo olhar na cara da Aurora. No dia que eu cheguei em casa depois daquele encontro com ela, eu soquei a parede, bebi pra caralho, fumei, chorei de raiva, de ódio, de tristeza, de dor, de perca, de tudo... tudo que tu pode imaginar... ela me fez sentir.

Lembrei de tanta parada que a gente viveu junto que eu cheguei a me sentir um inútil, um imbecil completo. Um babaca fodido que se tivesse agido na moralzinha, pensando com calma e fazendo tudo na moral. A Aurora não tinha se afastado de mim, eu não tinha perdido ela e nem o meu filho.

Mano, meu filho.
Tá ligado nisso, eu sou pai, irmão?!
E eu já tinha desacreditado nisso já, desde lá quando minha ex teve aquele parto do nada e a minha menina não viveu nem papo de vinte e quatro horas.

Sai da casa de show meio zonzo, já estava desde cedo sem comer nada. Parei o carro num drive e pedi um combo de lanche. Comi ali no estacionamento mesmo e fiquei viajando olhando o Instagram, até parar nos stores do Lennin e ver o meu moleque.

Fiquei com o dedo preso na tela, parado no mesmo stores

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Fiquei com o dedo preso na tela, parado no mesmo stores. Respirei fundo, guardei minhas paradas e fui olhar meu whatsapp, abri na mensagem recente que tinha da Aurora, ela me mandou há uns três dias. Com o endereço deles e me pedindo que fosse lá para conversar sobre o menino.

Eu iria. Agora.

Botei o nome do condomínio no GPS e peguei o caminho, fui até lá, me identifiquei na portaria e minha entrada já era autorizada, não tive que esperar por nada. Estacionei o carro em frente ao mini prédio que ficava o apartamento dela, o lugar aqui dentro era enorme, alguns pontos eram casas com quintais e em outro eram prédios pequenos com no máximo seis andares.

Entrei no hall, peguei o elevador e apertei para ir para o quinto andar, em três minutos eu já estava na porta do apartamento deles. Dava pra ouvir um barulho vindo de lá, mas não era de criança, era só uma televisão mais baixa passando algo, toquei a campainha e me afastei da porta.

Aurora apareceu envolta num robe de seda, que tinha um laço no quadril. Me olhou assustada, com certeza por conta da hora, já era mais de uma da manhã, mas não disse nada. Só cedeu a passagem e ficou me esperando passar para trancar a porta. Olhei a televisão e estava passando Os Simpsons.

— Tu ainda é viciada nisso?

— É. — o moleque respondeu pra mim e eu fiquei encarando ele. — noxi.

— Boa noite, cara. — respondi sem graça, ele me deu o boa noite na maior intonação, me senti intimidado e sendo chamado de sem educação. — Você não devia já tá dormindo, não?

Me sentei do lado dele e ele deu de ombros, me mostrou a chupeta vermelha e depois uma mamadeira que ainda tava cheia.

— Ih, grandão pô, de chupeta. Qual foi?

— É só pra pegar no sono, ele teve um dia muito agitado graças ao Lennon e agora tá custando pra dormir. — Aurora interviu pela primeira vez e eu olhei pra ela, ela tava sentada na beirada do outro sofá. — Porque apareceu uma hora dessas?

— Tô pilhado, vim de um show agora. Só quero tentar conversar. — expliquei na maior calma e ela assentiu devagar. — Aí, tu nem me contou teu nome, que vacilo. — cutuquei o moleque com o meu braço no dele e ele deu um risadinha que fez a chupeta balançar.

— Caio Asconcelô... — ele se ajoelhou no sofá e ficou de frente pra mim. — Você Apai Lipe?

Se eu não tivesse sentado no sofá, ia cair duro mano, juro pra tu. Moleque filho da putinha, me pegou de surpresa. Eu engoli a seco, assenti, passei a mão no rosto e vi de relance a Aurora disfarçando o choro.

— Papai Lipe?

— Sim. — Caio afirmou e eu assenti devagar, anestesiado.

Agora eu tinha duas pessoas únicas no mundo que me chamavam de Lipe.

4/5 eu tô chorando tá?

Eterno Depois do Fim - FILIPE RET Onde histórias criam vida. Descubra agora