Eterno Depois do Fim - FILIPE RET

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FILIPE POV. uns dias depois...

— Fala, Filipe.

— Quero pegar o Caio na escola, preciso do endereço e que você deixe liberado.
— pedi falando alto, meu telefone tava no viva voz e eu estava procurando uma camisa.

— Sempre esteve liberado, Filipe. Vou te mandar o endereço por mensagem. — ela só falou isso e encerrou a chamada.

Olhei a mensagem com o endereço e eu sabia onde era, terminei de me arrumar, peguei minha carteira, o celular e as chaves. Fiz o caminho até a escola em menos de cinco minutos. Ainda demorou um pouco pra ele ser liberado, mas quando o moleque me viu, veio correndo todo desengonçado e eu achei maior graça.

— Apai Lipe!!! — eu me abaixei e peguei ele no colo.

— Eaí, carinha... tá afim de dá uma volta?

— Quero papar. — ele já tinha abraçado meu pescoço, peguei as bolsas dele com a professora e agradeci.

— Vamos pô e depois a gente vê o que faz, jaé ou já era?

— Já lé! — eu não aguentei, gargalhei.

Ajeitei ele na cadeirinha e deixei as bolsas no banco do carona, dei a partida e fui com ele para o shopping almoçar.

— Tua mãe deixa tu comer hambúrguer não né? Maior vontade. — Perguntei agora o Caio mas ele tava entretido assistindo no tablet que eu tinha colocado no apoio de cabeça do carona. — Acho que não, né?

Estacionei o carro já no estacionamento do shopping e disquei de novo para a Aurora.

— Já pegou ele?

— Sim, já peguei. O que ele come? Ele quer almoçar.

— Pode pedir Strogonoff de frango... se não tiver, ele gosta de bolo de batata e carne moída. Em hipótese alguma dê beterraba ou aipim... ele tem alergia. — ela listou e eu fiquei assentindo. — Ele não toma refrigerante, Filipe.

— Tá beleza. Mais tarde te entrego ele. — Encerrei a ligação e finalmente entrei no shopping com o Caio.

Nós dois almoçamos e eu dividi uma casquinha de chocolate com ele, a Aurora me avisou que podia mas não era pra deixar ele comer uma sozinho que poderia fazer mal já que ele era muito novo, cara, esse moleque deve ganhar uma mimassão do caralho dessa mãe dele. Mas no fundo eu tava orgulhoso da parada mermo, ela cuidava dele no maior amor.

Voltamos pro carro e fui com ele até o museu do amanhã, estacionei por ali e procurei uma parte mais fresca para ficarmos. Caio tava todo cheio de sono, era engraçado, até gravei algumas vezes e deixei o telefone gravando a gente, depois eu só iria tirar uns print pra fazer foto. Deitei com ele ali tentando brincar, mas o moleque veio pro meu colo.

— Tá com sono, né?

— Quero minha chupeta. — coçou os olhos e eu beijei a testa dele. Peguei a chupeta do meu bolso e deixei na boca dele. Demorou nada pra ele dormir. E eu fiquei ali na moral com ele.

— Como que pode cara, do nada, sou teu pai e tu fica assim... tranquilão. Tem medo de nada, fica na boa. Não pede nem pra ir embora... — passei a mão no cabelo dele e ele se mexeu, se aninhando mais no meu colo. — Tu mãe fez a boa em não te deixar no escuro total sobre mim.

Depois de uns quinze minutos, o Caio acordou e ficou correndo por ali, deixei ele cansar pra caralho. Peguei nossas coisas e fomos de volta para o carro. Ainda tava cedo, fui com ele pra minha casa.

— De quem é a casinha, Apai Lipe?

— É nossa. — respondi o curioso e ele deu um sorrisinho. — Aí se liga, fiz um bagulho maneirão pra tu, irmãozinho.

— Agulho?

— É cara, bora com o pai. — Guiei ele na escada e subimos, entramos no quarto que eu separei e montei tudo pra ele. Caio deu maior grito quando viu a cama que imitava um carrinho laranja.

— CARRO APAI LIPE! — ele ficou comemorando, achando maior graça e eu fiquei olhando, gravei e mandei pra Aurora.

Ela respondeu em seguida num áudio.

"Ele tem um carrinho laranja que sempre falou que é seu, ele lembrou disso."

Eu não gosto muito de carros de cor forte, mas talvez eu comprasse um laranja só pra ficar dando volta com o meu moleque.