Eterno Depois do Fim - FILIPE RET

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FILIPE POV.
Aurora ainda tava rindo de mim, maior descarada.

— Já perdeu a graça, Aurora.

— Você fez mesmo terapia ou é gastação?

— Eu fiz, porra. Tô te falando... tu acha que eu fico na moral hoje em dia como? — perguntei e ela ergueu as sobrancelhas duvidando. — Tá, tudo bem, eu só não deixo mais transparecer igual antes. Só olho e fico na minha.

— Me diz o que você viu então, esses dias? — ela me desafiou e inclinou o corpo mais pra frente, quase que eu me rendi na tentação de dar um beijo nela. Maior saudade.

— Você tava lá agarrada no Geizon, no dia da apresentação do Caio. No dia dos pais da escola.

— Estava e ele ainda fez graça, dizendo que você não deu surtinho.

— Ah, vai pra porra, Aurora. — ela revirou os olhos e depois subiu o olhar para o meu rosto. — Que foi?

— Você procurou terapia por causa de mim? Tem certeza?

— Precisava começar arrumar algumas coisas antes de tentar ter você de volta, aí eu preferi agilizar por dentro da minha cabeça, primeiro. — falei na moral e ela se afastou, encostando o corpo no encosto da poltrona. — As coisas esfriaram pra você?

— Nunca chegou nem perto de esfriar, Filipe. Eu só aprendi a ignorar o sentimento e seguir minha vida. — ela respondeu com o olhar fora do meu e depois voltou de novo. — E você?

— Eu te amo.

— Para de palhaçada, cara. — Aurora riu de nervoso e eu fiquei só esperando e tentando juntar as palavras na minha cabeça, antes de falar.

— Tô de dando a real, Aurora. Eu fiz todas as parada lá com a terapeuta, segui tudo certo só pra conseguir ficar aqui... assim, conversando contigo na moral, sem me alterar em nada. — puxei uma das mãos dela, entrelaçando na minha. — Olha pra mim, minha preta. Naquele dia que tu me disse na ligação que me amava pra caralho mas preferia ficar longe de mim... isso ficou martelando na minha cabeça por um tempão, mas eu também tava cego pelo ciúme. Não consegui separar as parada todinha.

— Filipe...

— Deixa eu falar de uma vez logo, confia em mim.

— Eu confiei, pedi que você não fizesse nada pra me magoar e você fez. Foi fazendo de pouco em pouco e me afastou de você.

— Mas não quero mais isso, Aurora. Na moral, não aguento mais ter que pegar o Caio e ir te devolver a noite ou depois de uns dias. Eu não quero ficar nessa rotina, eu quero você dois comigo. Quero chegar em casa e vocês estarem aqui pra me receber. Ou quando não, ele tá na escola ou com os padrinhos, eu ter minha mulher só pra mim porque eu sei que o moleque tem um ciúme do caralho de tu.

— Talvez teve alguém pra puxar, né? — ela comentou meio chorosa e eu acabei dando um sorrisinho.

— Eu não sei se aquilo que tivemos antes, pode se concretizar relacionamento... mas eu quero que você volte a ser minha. Eu só quero uma chance, amor. Eu posso te provar que eu mudei e mudei por tua causa e agora mais ainda por conta do nosso filho. A gente atropelou algumas etapas da vida, se pensámos naquela ordem lá de primeiro conhecer, namorar, noivar e tals. Mas eu quero qualquer parada dessa, qualquer uma, preta. Mas quero que seja com você.

Aurora acabou chorando mas foi só umas lágrimas rápidas, ela abriu um sorriso quando eu tirei meu cordão e abri o fecho, tirei o anel que tava pendurado nele e peguei a mão dela.

Ninguém nunca tinha visto aquele anel antes, eu usava numa corrente que era de um comprimento bom que sempre ficava pra dentro das minhas roupas.

— Eu já tenho esse anel aqui... desde o mês passado, quando eu comecei a pensar de novo em tudo isso e decidi que uma hora chegaria o momento certo e deixei pendurado, indo comigo pra todo lugar e sempre que eu olhava... eu lembrava de você e toda parada que a gente viveu junto. — Botei o anel na palma da mão dela e ela olhou, era uma aliança fininha, prateada, simples do jeito que a Aurora gostava das paradas dela. — Eu não quero te forçar em nada, amor. Só quero que você fique tranquila quando eu tiver com o Caio e que pense em tudo o que eu te falei aqui, hoje.

Aurora assentiu devagar, o olhar preso na aliança.

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