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AURORA POV. 09/08/2024.
Hoje acontece a festinha de dia dos pais na escola do Caio, Filipe chegou no Rio hoje cedo e jurou que daria tempo dele está no colégio até às nove da manhã, que seria o horário da festinha com a apresentação das crianças. Por volta de quinze para as nove, ele chegou, estacionou o carro e veio pra perto de onde eu estava, ainda estava esperando o portão abrir.

— Consegui, não ia perder isso por nada. Nem que tivesse que cancelar minha agenda. — ele falou assim que parou do meu lado e eu assenti, concordando.

Eu sabia que ele não faltaria, no fundo, sempre soube. Era o primeiro dia dos pais que o Caio estava mais atento na data comemorativa. Faltava poucos dias pra ele fazer aniversário e ter sua festinha. Ele estava se desenvolvendo ainda melhor e ainda tinha as gírias que aprendeu com o Filipe ou com os padrinhos. Esses também que estavam aqui para vê ele na festinha, disseram que padrinhos são segundos pais e eu não nego mesmo não, eles me dão maior assistência quando eu não posso contar com o Filipe por conta da sua agenda.

— Se liga, se chorar eu vou explanar! — Lennon alertou tocando a mão na do Filipe e eu acabei dando risada, Geizon ajeitou o braço no meu pescoço e eu olhei pra ele.

— Por enquanto nenhum surto ein, neguinha. — ele disse baixo só pra mim e eu dei risada.

— Para de ser idiota, cara.

Logo o portão da escola abriu e não entramos, o pessoal daqui era classe média alta e não ligaram para os meninos, grande maioria ali eram empresários mais velhos e mulheres maduras bem plastificadas que ninguém daria a idade que elas tem. Mas as crianças não fizeram eles passarem despercebidos, foi um tal de aí preto pra lá e desenrola, bate, joga de ladin pra lá, ainda tinha a viagem de avião e uns que eram os adolescentes tietaram o Filipe. Eu dei foi risada.

Arrumei um lugar pra gente e os meninos sentaram atrás, Filipe sentou do meu lado e eu olhei de relance, ele estava com os olhos em mim, desceu no colo do meus seios e quando eu encarei, ele disfarçou olhando pra frente.

A turminha do Caio foi a segunda a se apresentar, cantaram Fico Assim Sem Você, do Claudinho e Bochecha. Eu como uma boa mãe babona estava toda emocionada mas perdi totalmente a linha quando olhei para o Filipe.

Ele tava com o corpo inclinado pra frente, um dos braços apoiando o cotovelo no joelho e o rosto na mão, as maçãs do rosto estavam cor de rosa e ele tinha um sorriso largo no rosto olhando o nosso filho que cantava como bem entendia e fazia os gestos que a professora sinalizava. Ele fungou em meio do sorriso e eu sequei meu rosto, ele tava chorando meio silencioso, meio perdido no meio da felicidade de ver o pequenininho fazendo dancinha especialmente pra ele.

Se antes eu me arrependia de ter perdido tanto tempo deles dois longe, agora eu entendo o quanto meu filho precisava disso. Além do meu filho, tinha o Filipe.

Filipe era o pai do Caio.

Filipe era o cantor que ficava fudido de tão marrento e gostoso no palco, mas perdia toda a postura para uma miniatura de um metro de altura que desmontava ele todo quando abria a boca pra dizer um Apai Lipe.

Filipe era o Lipe do Caio.
E eu sentia falta que ele fosse o Lipe pra mim também.


* está em reta final
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