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FILIPE POV.
Você não sente nada, Aurora. Nada.

— Não é assim.

— É assim sim, porra! É desse jeito. Você poderia ter me procurado, Aurora. Um filho não substitui o outro.

— Eu sei que não, Filipe. Não precisa me explicar nada disso. Eu sei que eu errei porra, eu errei muito! Mas eu tô aqui não, tô?

— Tá e vai levar quanto tempo pra sumir de novo? — eu me alterei e ela se assustou. — Não vou deixar, Aurora. Tu não vai afastar o meu moleque de mim. Eu já não acompanhei nada, mano! Ele vai fazer dois anos, Aurora.

— Se acalma, não vamos chegar em lugar nenhum desse jeito. — Ela passou a mão no rosto apreensiva, tentou fazer um coque nos cachos e eu fiquei respirando forte. Estava perdendo qualquer tipo de controle, sequei meu rosto e ela ficou me olhando.

— Eu vou entrar com um pedido na justiça.— eu falei já de pé e ela me olhou no mesmo instante. — Você não vai sumir com ele nem se quiser!

— Não precisa resolver as coisas dessa forma, a gente pode conversar e fazer em comum acordo. — Aurora levantou tentando me impedir de sair do apartamento.

— Não vou fechar acordo nenhum contigo, o moleque é meu e ele vai ficar comigo! — falei de uma vez e vi ela chorar, dei as costas, sai do apartamento e só queria chegar logo na minha casa.

AURORA POV.
Filipe simplesmente estourou a bomba no meu colo e me deixou ali pra me queimar e explodir junto dela. Eu fiquei encarando o espaço já vazio na porta que ele deixou aberta depois de sair. Eu não tinha coragem e nem forças para ir até lá ou correr atrás dele.

— Ele não pode fazer isso comigo... não desse jeito. — eu tentei me convencer sozinha, mesmo em meio dos soluços. Deitei no sofá e ali eu fiquei, nem sei por quanto tempo, mas vi o dia chegar.

Levantei me arrastando, a cabeça explodindo de dor. Botei a cafeteira para trabalhar e eu ainda tinha pelo menos mais vinte minutos antes do Caio acordar. Fui para o meu quarto, peguei uma roupa, tomei um banho frio, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto, formando o abacaxi. Passei desodorante, peguei um óculos de sol e pendurei na minha cabeça. Entrei no quarto do Caio, separei o uniforme e chamei ele para tomar banho e se arrumar. Já era quase sete e vinte da manhã, ele levantou manhoso e eu deixei ele levar o tempo que precisasse.

— Apai?

— Seu pai já foi amor, depois ele volta, ok? — beijei seu rosto e ele assentiu, fez o xixi, escovou os dentes e tomou o banho.

Coloquei o uniforme dele, o tênis, arrumei seu cabelo e fui com ele pra cozinha, arrumei a lancheira enquanto bebia minha xícara de café e ele bebia um suco. Ele não curtia muito comer logo de manhã cedo.

— Vamos, gatinho? — passei a mão em seus cabelos e ele assentiu.

Peguei a mochila, a lancheira e a chave do meu carro. Tranquei o apartamento e já botei o óculos no rosto, ninguém merecia já me encarar cedo de olhos inchados. Depois que deixei o Caio na escola e confirmei com a professora o horário, sairia as quatro e meia por ter aulinha de futebol hoje, fiz o caminho para o escritório da Dandara, minha advogada.

— Ele te procurou então? — foi a primeira coisa que ela me disse assim que eu pisei dentro de sua sala, depois de ser recepcionada pela estagiária.

— Me procurou e vai entrar com o pedido. — eu respondi me sentando na cadeira de frente para ela e suspirei. — O que temos que fazer agora? Eu tô completamente perdida.

— Só vamos continuar com que já tínhamos planejado, Aurora. Não precisa de preocupar...

— Não proibir dele ter contato ou ficar com o Caio... — eu cocei minha nuca, nervosa. — Isso vai ser foda pra mim, eu nunca me separei do meu neném...

— É preciso fazer isso agora, Aurora. Você já o privou de muita coisa, proibir algo mais só vai te trazer mais problemas lá na frente e perder a guarda do Caio não é algo que nós queremos, né? — ela me olhou por cima do óculos e eu suspirei concordando.

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Eterno Depois do Fim - FILIPE RET Onde histórias criam vida. Descubra agora