Shukurimu

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Não me despedi, apenas saí rapidamente deixando-o ainda mais confuso. Me espremi por entre as pessoas, pedindo desculpas aqui e ali e finalmente alcancei a porta de entrada. Quando coloquei a mão na maçaneta senti alguém segurar meu braço.

- Você não vai embora agora, vai? – A voz fina e alta de Yasu se sobressaiu ao rock pesado que preenchia o ambiente.

Não pensei duas vezes e arrastei a menina comigo. Yasu era exatamente o que eu precisava naquele momento: Um álibi.

- Concorde com tudo que eu falar. – Falei para ela baixinho enquanto andávamos em direção ao carro.

Minha mãe saiu do carro, batendo a porta com mais força do que o usual. Sua expressão era péssima. Tinha uma mão na cintura e na outra segurava o celular. Putz, o celular.

- Ayane, entre no carro. – Disse seca.

- Mãe, sei que está chateada. Me desculpe, eu não consegui ouvir as ligações e... - Comecei.

- Entre no carro, estou cansada. – Repetiu.

- Desculpa mãe, não queria te desapontar. – Disse com sinceridade e isso pareceu amolece-la um pouco.

- Essa é a sua amiga?

- Sim, essa é a Yasu, da escola.

- Oi Sra. mãe da Ayane. Obrigada por ter deixado a Ayane vir na nossa festa, nos divertimos muito. Com bastante responsabilidade é claro. – Yasu falou com convicção.

Minha mãe aliviou a tensão na face e soltou a cintura. Olhou para a casa, examinando a fachada.

- Um pouco sombria a arquitetura, não? – Disse minha mãe.

- Deixamos tudo fechado para não incomodar a vizinhança. – Yasu respondeu.

- Muito bem. – Aprovou minha mãe.

- Vamos Ay, agradeça sua amiga pela hospitalidade e vamos que eu preciso dormir.

Olhei para Yasu com a maior gratidão do mundo e agradeci com um pequeno sorriso.

A viagem para casa foi curtíssima. Minha mãe manteve o silencio durante todo o caminho e eu fiquei tensa, esperando o início de uma bronca colossal a cada segundo que se passada.

Chegamos no apartamento. Pude ver melhor a expressão de cansaço em seu rosto e me pus a ajuda-la. Guardei suas coisas, separei os utensílios para o banho e preparei uma sopa rápida. Tomei um banho rápido e encontrei ela já sentada em frente à televisão tomando a sopa. Decidi tomar a iniciativa, não queria dormir com culpa.

- Mãe, olha...- Comecei.

- Ay, chega. – Me interrompeu.

Senti a frustração se aproximando, uma sensação de fracasso ia tomando conta quando ela recomeçou.

- Não tem o que se desculpar, foi um deslize, tá tudo bem. Eu tive um dia ruim e juntou tudo, enfim... não é culpa sua. De toda forma preciso que você preste mais atenção no celular, filha. Nós só temos uma a outra.

Abracei a minha mãe forte quase fazendo-a derrubar a sopa de Missô. Havia um bom tempo que não tínhamos esse contato. Me senti bem.

Minha mãe levantou para dormir e eu decidi ficar mais um pouquinho no sofá assistindo televisão enquanto pintava as unhas. O noticiário das 21:30 já estava quase acabando e uma das minhas séries preferidas começaria em breve.

Pintar as unhas de preto sempre era um desafio e eu estava super concentrada quando ouvi a âncora do jornal anunciar:

"Briga entre gangues deixa cinco feridos e incendeia galpão no sul de Tóquio"

Cabelos Negros - Keisuke Baji x ReaderOnde histórias criam vida. Descubra agora