Um longo arrepio percorreu minha espinha. Senti minhas pernas falharem, se Hanma não estivesse me segurando tão forte, teria caído no chão.
Kisaki se afastou, soltando um riso debochado e ajeitando os óculos. Em um movimento rápido, me puxou pelos punhos dos braços de Hanma, me arrastando em direção à caminhonete, suas mãos eram ainda mais fortes que as de Hanma e eu sentia meus dedos ficarem dormentes.
Ele tateou rapidamente pela caçamba puxando uma corda longa de cima da caminhonete. Juntou meus dois punhos e fez um nó rápido e firme, amarrando em uma haste de metal da caminhonete.
- Estou te dando um lugar privilegiado para assistir o seu namorado apanhar. Seja grata. – E se levantou, limpando as mãos no uniforme da Valhalla.
- Me pergunto onde ele está. Parece que você não é assim tão importante. – Provocou, me olhando por cima dos óculos e enfim se afastando.
Senti meu rosto molhar com as lágrimas de ódio que escorriam contra a minha vontade. Cada parte do meu corpo desejava atacar Kisaki violentamente, mas eu sabia que não tinha chances contra ele.
Kisaki andou tranquilamente até o contêiner vermelho onde os membros da Toman estavam confinados, parando próximo a ele. O garoto ficou ali por alguns segundos e então desferiu três fortes socos na lateral do contêiner.
- Acorda Toman! Prontos para morrer? – Gritou insano.
Ouvi gritos indistinguíveis, alguns palavrões vindos de dentro da caixa de metal, alguns bateram no contêiner em resposta.
Nesse momento Hanma retornou com alguns integrantes da Valhalla. Um deles rapidamente subiu no maquinário que estava acoplado ao contêiner, ligando-o. Hanma deu a ordem em um gesto exagerado e o garoto começou a suspender o contêiner lentamente, que balançou alguns centímetros no ar. Os sons de socos e chutes vindo de dentro se intensificaram, bem como os gritos e xingamentos, aumentando meu desespero.
O contêiner continuava subindo lentamente, já a quase dois metros do chão. Hanma estava agitado, andava de um lado para o outro e parecia não suportar a espera. Kisaki mantinha-se calmo, com as mãos nos bolsos, deliciando-se com a cena. A máquina então parou de subir em um movimento brusco, fazendo o contêiner balançar no ar e começou a andar lentamente em direção à baía. Levantei do chão inconscientemente, dando alguns passos desesperados para frente, mas fui puxada pelos punhos para trás, quase me desequilibrando.
A máquina parou a alguns metros do cais, deixando o contêiner suspenso alguns metros sobre a água escura. Era isso, não havia mais o que fazer. Eu respirava rápido e ainda assim tinha a sensação de que me faltava ar. Meu coração estava divido entre a vontade de que Keisuke aparecesse logo e o medo do que poderia acontecer com ele.
- Pode soltar. – Kisaki falou friamente.
- Chefe! – Alguém gritou das sombras.
Apertei meus olhos úmidos para enxergar melhor. Das sombras vi três vultos saindo. Dois garotos pareciam segurar uma terceira pessoa pelos braços.
- Pegamos ele! – Outro garoto falou.
Sob a luz eu pude ver aquilo que eu passara os últimos minutos desejando que não acontecesse. Keisuke vinha andando preso pelos braços pelos outros dois integrantes da Valhalla. Sua sobrancelha tinha um pequeno corte, que sangrava sobre o rosto.
Kisaki abriu um meio sorriso e rapidamente levantou a mão, interrompendo a ordem anterior. A máquina silenciou. Hanma deu um chute no ar, frustrado. Kisaki andou até Baji com as mãos no bolso. Enquanto andava, rapidamente olhou para mim, fazendo contato visual por alguns instantes e pude ver a crueldade em seus olhos.
Ele parou alguns centímetros diante de Baji, curvando levemente o corpo para encará-lo de frente. Kisaki apanhou algumas mechas do cabelo de Keisuke, puxando-as para cima, forçando-o a encará-lo.
- Vamos divertir a sua namorada? – Perguntou arqueando as sobrancelhas.
- Eu vou matar você. – Respondeu Keisuke, entre os dentes.
Kisaki deu alguns passos atrás, mantendo o sorriso cínico no rosto. O líder da Valhalla olhou ao redor, encarando os membros da gangue. Sem dizer uma palavra, eles foram se aproximando.
- Valhalla! Hoje nos vingaremos! Temos aqui o capitão da Primeira Divisão da Toman, responsável pelo fracasso da nossa aliança com a Osaka Gyaru e a nossa derrota no Hibiya. – Ele olhava firme para os outros membros, tentando controlar a raiva na sua voz.
- Só peço uma coisa para vocês: Deixem um pouco pra mim. – E se virou saindo do centro do círculo, recolocando as mãos nos bolsos.
Com isso, os outros membros começaram a gritar. Os garotos que seguravam Baji o lançaram com força para o centro do círculo e ele caiu de joelhos, se levantando rapidamente. Sem demora, um dos membros correu até Keisuke, lhe acertando um chute no rosto que o fez dar alguns passos para trás. Keisuke avançou, dando um soco tão forte no garoto que o fez cair desmaiado ali mesmo. Demorou alguns segundo para alguém criar coragem para avançar sobre Keisuke, que parecia uma fera.
Meu corpo todo tremia. Eu sabia que mesmo que Keisuke fosse forte, seria impossível que ele desse conta de todos aqueles caras. E ainda havia Hanma e Kisaki, que eram dois monstros. Eu fazia tanta força contra aquela corda que meus punhos já estavam machucados e eu sentia que a qualquer momento iria sair arrastando aquela caminhonete.
Keisuke seguia espancando os membros da Valhalla um a um, mas também estava cada vez mais machucado. Seu nariz sangrava e seu olho esquerdo estava inchado. Os poucos integrantes da Valhalla que sobraram pareciam estar criando coragem para enfrenta-lo.
- Minha vez. – Era a voz de Hanma. Ele caminhou por entre os outros membros, com uma mão cobrindo parte do rosto, exibindo uma tatuagem escrito "tsumi" (pecado).
Hanma entrou na roda lentamente, demonstrando desprezo. Baji estava de pé, mas sua respiração era ofegante e uma de suas pernas estava seriamente machucada. Hanma atacou primeiro, acertando um chute nas costelas de Baji, o fazendo cuspir sangue. Eu soltei um grito nessa hora e Hanma olhou para mim abrindo um largo sorriso. Baji agarrou Hanma pela cintura, derrubando-o no chão e conseguiu acertar alguns socos, mas Hanma parecia não se importar, continuava sorrindo como o diabo enquanto apanhava.
Em um movimento rápido Hanma inverteu e subiu sobre Baji, começando a socá-lo em sequência. Baji parecia semiconsciente enquanto tentava defender os socos com os braços. Eu não estava mais aguentando ver aquilo, meus olhos ardiam de tanto chorar, meu peito e minha cabeça doíam. De repente senti um puxão na corda que prendia meus punhos. Olhei para trás imaginando ser Kisaki, mas vi Smiley escondido nas sombras atrás da caminhonete.
Discretamente andei até ele, me abaixando para não ser vista. Pela primeira vez desde que o conheci, ele não estava sorrindo.
- Vou te soltar, não faça nenhuma maluquice. – Falou.
- Os outros? – Perguntei.
- Chegando, todos. – Respondeu sussurrando.
Smiley tirou um canivete do bolso e cortou a corda sobre os meus punhos. Eles estavam mesmo machucados e sangrando em alguns pontos. Enrolei um outro pedaço de corda, fingindo uma amarração e voltei para onde estava.
- Agora o gran finale! – Hanma gritou para os outros integrantes.
Meu coração parou por alguns segundos. Hanma colocou as duas mãos sobre o pescoço de Baji, que estava desacordado, e começou a enforcá-lo. Os integrantes da Valhalla restantes foram a loucura, gritando e incentivando. Senti meu corpo ser tomado por um impulso incontrolável, que me percorreu como um choque. Eu não podia mais, não aguentava mais.
Sem pensar, saí correndo em direção aos dois, invadindo a roda. Pulei o mais alto que consegui, jogando os dois pés para frente e aterrissando sobre as costelas de Hanma.
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Cabelos Negros - Keisuke Baji x Reader
Fiksi PenggemarApós sucessivas tentativas de te afastar das "más companhias", sua mãe decide que vocês vão se mudar para Tóquio. Você deixa seus amigos e sua vida nada tranquila em Osaka para trás, com a promessa de recomeçar do zero na nova cidade e tentar se com...