Cama de solteiro

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Andamos até a "minha" moto que estava parada na entrada do porto. Baji tentava segurar os gemidos de dor, mas um ou outro lhe escapavam, me fazendo querer chegar logo mesmo naquele passo lento.

Chegamos na moto e eu subi primeiro, ajudando-o a subir em seguida. Baji apoiou o corpo inteiro sobre mim, abraçando minha cintura firmemente. Conseguia sentir seu peito contra as minhas costas, respirando lentamente, seu rosto estava próximo do meu pescoço.

- Vamos, minha motoqueira. – Ele sussurrou no meu ouvido.

Eu dei partida na moto sem demora e acelerei um pouco, me certificando que Baji conseguiria se segurar naquela velocidade. Ele agarrava minha cintura forte e pressionava suas pernas contra meus quadris. Senti-lo vivo tão perto de mim me fez me sentir muito aliviada.

Dirigir a moto já não era tão desafiador, mas eu ainda tinha que me concentrar, embora fosse difícil com ele colado no meu corpo daquele jeito. Estávamos a caminho da sede, mas subitamente eu tive uma ideia diferente, fazendo uma curva acentuada à esquerda.

- Ay? – Baji perguntou confuso.

Eu não respondi, acelerando um pouco mais a moto. As ruas estavam vazias e eu furei alguns sinais vermelhos, chegando rápido ao nosso destino. Paramos em frente ao meu prédio, estacionando na calçada.

- Então é pra cá que mudaram o hospital? – Perguntou brincando.

- Vamos, engraçadinho. – Estiquei a mão, lhe oferecendo apoio.

Subimos as escadas devagar. A todo instante eu me perguntava qual seria a reação da minha mãe quando visse Baji naquele estado. Torcia para que ela pelo menos esperasse até amanhã para me confrontar.

Entramos no apartamento silenciosamente. As luzes da sala estavam apagadas e a TV desligada. Me perguntei se minha mãe já estaria dormindo. Andamos até o meu quarto e eu ajudei Baji a deitar na cama. Ele estava pálido, seus olhos percorriam meu quarto com curiosidade até que se detiveram em mim.

- Já te disse que você fica linda com essa blusa? – Ele abriu um sorriso, mas seus olhos ainda expressavam dor.

- Shh! – Coloquei um dedo sobre seus lábios. – Precisamos cuidar desses ferimentos.

De repente batidas fortes na porta. Sem tempo para reagir ou pensar em algo para dizer, andei até a porta e a abri.

- Ayane, até que enfim! O que houve? O que...?! – Ela olhou para o interior do quarto avistando Baji na cama e arregalou os olhos.

- Mãe, eu posso, eu vou explicar, mas não agora. Keisuke precisa de cuidados. – Respondi com firmeza.

Ela ficou estática por alguns instantes, alternando o olhar entre mim e Baji, boquiaberta. Por fim, olhou para mim com uma expressão fechada e saiu andando. Nesse momento me senti mal por mais uma vez estar deixando-a preocupada e por decepcioná-la.

Antes que eu pudesse me sentar na cama novamente minha mãe apareceu na porta. Ela trazia a caixa de primeiros socorros, algumas cartelas de remédios e uma garrafa de água. Senti meus olhos encherem de lágrimas e corri para abraçá-la.

- Amanhã eu quero saber o que houve, Ay. – Falou enquanto olhava para Baji.

Assenti com a cabeça e ela saiu em direção ao seu quarto. Sentei na cama, deixando os materiais na cômoda ao lado. Olhei para Baji e ele estava muito machucado, seu olho começava a desinchar, mas com certeza um gelo faria bem.

- Você está muito machucado. – Comecei.

- Já estive pior. – Ele não se rendia.

- Acho que precisa de um banho. – Propus.

Ele abriu um sorriso, exibindo seus caninos. Seus olhos brilharam.

- Não me olha assim, olha o seu estado. – Respondi fechando a cara e ele fez uma cara triste.

Ajudei Keisuke a se levantar e o levei até o banheiro. Peguei uma toalha limpa após separar umas roupas minhas mais largas e comecei a tirar seu uniforme, com delicadeza para não o machucar. Seu corpo tinha vários hematomas e eu passei a mão suavemente pelo seu tronco, acariciando o local que havia sido tão maltratado. Beijei suas costas e seu pescoço levemente, enquanto segurava sua mão. Tirei minhas roupas rapidamente.

Coloquei ele debaixo da água morna e ele soltou um gemido de dor. Ele se apoiava na parede e a água que descia do seu corpo assumiu um tom rosado, por conta dos sangramentos. Peguei o sabonete e comecei a passar suavemente pelo seu corpo, sentindo cada centímetro do corpo de Keisuke sob minhas mãos.

Não podia negar que estava excitada, mesmo com toda aquela situação. E ele também não conseguia esconder, sua ereção estava aparente. Sabia que não devia, por diversos motivos. Disfarcei e peguei o shampoo, pedindo para Keisuke fechar os olhos. Enquanto ele estava de olhos fechados, apreciei por alguns instantes o quão gostoso ele era. Apliquei o shampoo nos seus cabelos longos, massageando com cuidado e enxaguei. Me limpei rapidamente em seguida e pude ver o olhar lascivo de Keisuke enquanto eu me ensaboava.

Desliguei o chuveiro e peguei a toalha, secando primeiro os seus cabelos. O ajudei a vestir as roupas, que ficaram bem engraçadas, mas era o que tinha. Ele pareceu não se incomodar.

- Seu cheiro... – Ele ajeitou a blusa preta que ficara um pouco curta.

- Vamos pro quarto. – Apoiei seu braço.

Deitei Baji na cama novamente e fui até a cozinha buscar gelo. Enquanto ele segurava o gelo no olho inchado eu fui fazendo os curativos nas mãos, na testa e no ombro. Separei um anti-inflamatório para ele e ele tomou de cara feia.

- Prontinho. Agora vamos descansar. – Falei guardando os materiais na maleta.

- Acho que não tenho outra escolha. – Ele fez uma careta contrariado.

Apaguei a luz, deixando apenas a iluminação da rua iluminar o ambiente. Minha luminária tinha sido destruída na cabeça de Koji, mas eu não lamentava isso. Me encaixei no canto da cama de solteiro, tentando não empurrar Keisuke para fora da cama, mas nós dois coubemos perfeitamente. Nos viramos um de frente para o outro e ficamos nos olhando por alguns minutos sem dizer absolutamente nada.

- Eu não sei o que eu faria se perdesse você. – Keisuke interrompeu o silêncio.

- Eu estava pensando a mesma coisa. – Senti meu rosto esquentar.

- Ay...eu...você quer saber o que estava escrito naquela mensagem? 

Cabelos Negros - Keisuke Baji x ReaderOnde histórias criam vida. Descubra agora