Troca

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- O que? – Falei assustada.

- Shh! – Ele colocou o dedo nos lábios. – Sim, esse é plano, mas vou impedir.

- Como? Onde estão os outros caras da Valhalla? – Perguntei olhando ao redor.

- Alguns estão de guarda perto do contêiner e outros se espalharam pelo porto, mas a maioria saiu pra me procurar. E te procurar. Kisaki pensa que se tiver você vai conseguir me atrair mais rápido. – Nunca havia o visto tão irritado como agora.

- E os outros membros da Toman? – Eu não conseguia ver como conseguiríamos resolver isso só nós dois.

- Não quis avisar todo mundo pra não chamar atenção. Mitsuya, Smiley e Angry estão a caminho. – Ao que tudo indicava, Baji pensava em um ataque surpresa.

Mas eu tinha um plano diferente. E sabia que ele não iria concordar.

Num movimento único, me soltei dor braços de Keisuke e andei rápido para a direção de onde havia vindo, deixando o garoto sem reação.

Caminhei até a luz, cobrindo meus olhos. Respirei fundo e reuni minha coragem.

- Keisuke! – Gritei para o nada e continuei andando em frente.

Em segundos ouvi passos apressados na minha direção. Hanma apareceu detrás de uma empilhadeira com um enorme sorriso no rosto.

Fingi surpresa, dando alguns passos atrás e cobrindo minha boca com a mão. Tinha que demonstrar fragilidade.

- Você acaba de facilitar muito as coisas, garota. – Ele estalou os dedos de uma mão, exibindo uma tatuagem escrito "batsu" (punição).

- Onde ele está? – Perguntei chorosa.

- Vamos descobrir agora. – E avançou na minha direção.

Hanma era quase o dobro do meu tamanho. Sua sombra se projetava sobre mim como uma escuridão densa e ameaçadora. Encolhi meu corpo e esperei o pior.

Senti meu corpo deixar o chão, sendo elevado pelo que pareceram vários metros. Hanma me apoiou sobre seu ombro pela barriga, passando seu braço ao redor do meu tronco com força.

Sem dizer mais nada, o garoto começou em direção ao local onde havíamos visto Kisaki há instantes atrás. Me perguntei nesse momento se Baji poderia nos ver naquele momento e se teria sangue frio para não estragar meu plano.

Seguimos até que chegamos ao local. Kisaki estava sentado na caçamba de uma pequena caminhonete, com as mãos cruzadas sob o queixo. O garoto usava óculos, mas eu podia ver em seus olhos uma frieza e uma indiferença assustadoras.

Ao nos ver, não demonstrou qualquer emoção. Passou as mãos pelos cabelos loiros e curtos e desceu da caminhonete em um pulo. Hanma me colocou no chão grosseiramente, quase me derrubando e me segurou pelos braços de forma que eu ficasse de frente para Kisaki.

Kisaki me examinou por alguns segundos, me olhando com desprezo.

- Ótimo. – Falou finalmente. – Agora aguardamos mais um pouco.

Hanma soltou um longo suspiro no ar. Ele estava claramente impaciente.

- Não adianta reclamar Shuji. Essa aliança é importante para a Valhalla – Falou Kisaki, se virando.

- Não sei porque dá tanto valor a isso! Eles nos deixaram na mão uma vez. – As mãos de Hanma tremeram.

- Não vou discutir. Nós queremos a Gyaru. E eles querem o Baji. É uma troca simples. – Respondeu tranquilamente.

Minha cabeça deu voltas. Não podia, não queria acreditar naquilo. Gyaru?! Então era disso que se tratava toda essa loucura? Mas por que queriam o Baji? Não...

Koji.

Senti meu corpo ser tomado por uma onda de ódio intensa. Já não podia mais suportar a mínima interferência dele na minha vida, um simples pensamento já era o suficiente para me fazer perder o controle.

- Tudo seria mais fácil se não fosse essa vadiazinha. – Kisaki falou por cima dos ombros.

Uma onda de ódio me consumiu, movendo meu corpo involuntariamente. Tentei me soltar de Hanma, mas o garoto me segurou ainda mais forte, aproximando seu rosto dos meus ouvidos. Pude ouvir sua respiração descompassada.

- Calma aí gatinha, o show tá só começando. – E riu.

Kisaki começou a andar em direção à caminhonete lentamente e de repente parou. Se virou lentamente, fixando os olhos em mim. Arqueou uma de suas sobrancelhas e abriu um sorriso maléfico.

- Se bem que... acho que encontramos mais interessante que o Baji aqui. – E puxou o celular do bolso.

Andou até mim, mantendo aquele sorriso perverso no rosto. Tudo nele exalava maldade naquele momento. Ergueu o celular na minha direção e tirou uma foto, me deixando completamente sem reação e confusa.

Kisaki ficou alguns instantes olhando para o celular e digitando, parecia conversar com alguém. Nesse meio tempo olhei ao redor localizando o contêiner onde os outros membros da Toman estavam trancados. Meu plano de soltá-los não ia bem, mas ainda dava pra consertar...

- Shuji, reúna os outros. Vamos jogar o contêiner agora. – Kisaki falou fechando o celular.

- Finalmente! – Hanma soltou uma risada diabólica.

Kisaki deu alguns passos em minha direção, aproximando seu rosto do meu o suficiente para o seu nariz ficar a milímetros do meu. Segurou meu rosto com uma de suas mãos, seus dedos longos e frios encontraram minha pele incandescente e eu desejei que eu pudesse queimá-lo naquele toque.

- Evocê...vai voltar para Osaka hoje. 

Cabelos Negros - Keisuke Baji x ReaderOnde histórias criam vida. Descubra agora