Blackout

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Fitava o teto enquanto repassava os detalhes do meu plano. Já eram quase duas horas da manhã. Não era um grande plano, mas era o melhor que eu tinha bolado até então. Se eu quisesse continuar saindo com Keisuke Baji, eu não poderia simplesmente ser um peso morto. Ao que parecia, meus sete anos de karatê não tinham me ajudado muito naquela noite então eu precisava de algo mais. Eu estava decidida, eu iria pedir para aprender a lutar com a Toman.

Fechei os olhos e senti a empolgação tomar conta de mim, mesmo parecendo absurdo, eu mal conseguia esperar para contar meu "plano" para ele.

Acordei na manhã seguinte sentindo dores pelo corpo todo. Meu olho havia desinchado bastante, mas havia um hematoma grande na parte de baixo, impossível de disfarçar com maquiagem. Olhei no espelho e suspirei, incapaz de pensar rapidamente em uma boa desculpa para dar para minha mãe. Ouvi seus passos se aproximando.

- Ay, já acordou? – Perguntou.

- Já, mãe. – Respondi, virando de costas.

- Ótimo, o café já está pronto. – Disse, saindo em direção à sala.

Meu celular vibrou, era uma mensagem da Yasu.

- Bom dia gatinha! Não esquece a apresentação de História hoje!

Aquilo me deu uma ideia.

- Mãe! Se importa se hoje eu for de carona com o pai da Yasu? – Falei da porta do meu quarto.

- Por que isso, filha?

- Temos apresentação de História, eu queria conversar com ela sobre o trabalho antes. – Menti parcialmente.

- Acho que não tem problema, mas não vá dar trabalho para os outros. – Minha mãe respondeu.

Andei depressa para o banheiro, tomando cuidado para não ser notada. Liguei o chuveiro decidida a passar ali o tempo necessário até minha mãe sair para o trabalho.

- Ay, não vai tomar café?

- Não mãe, tô com o estômago embrulhado.

- Tá bom então, eu já vou indo filha. Bom dia e boa apresentação. – Disse.

Me senti a pior filha do mundo. Estava cada vez mais afundada nas minhas mentiras e sentia que não podia mais voltar atrás, já havia quebrado as minhas promessas. Tudo que podia fazer agora era tentar evitar me meter em mais problemas. Mas como?

Me arrumei rapidamente. Teria que pegar o ônibus para a escola e para isso teria que sair logo, senão me atrasaria. Peguei um muffin na bancada e um pacote e jujubas de cerejas e saí. A hora de revê-lo se aproximava e eu estava animada.

Entrei no ônibus e senti que todo mundo me encarava. Certamente era por causa do olho roxo. Abaixei a cabeça deixando meus cabelos cobrirem meu rosto e procurei o primeiro lugar vazio. Uma senhora ao meu lado ficou um tempo me olhando.

- Moça, você precisa de ajuda? Eu posso chamar a polícia... – Disse preocupada.

- Eu estou bem, obrigada. – Respondi, ainda olhando para baixo.

Naquele momento senti raiva. Não queria estar passando por aquilo. Se não fossem aqueles idiotas covardes da Valhalla nada disso estaria acontecendo. Pude sentir a revolta que vi estampada no rosto de Baji na noite anterior e então senti uma pontada de desejo de vingança. Eu precisava por em prática o meu plano.

Cheguei na escola e a ansiedade tomou conta de mim. Andei depressa para a primeira aula e ao entrar na sala, rapidamente localizei Keisuke sentado do outro lado da sala, distraído fazendo anotações no caderno. Sentei em uma carteira próxima a ele.

Cabelos Negros - Keisuke Baji x ReaderOnde histórias criam vida. Descubra agora